Guerra acionista no BCP custou mais de 700 milhões ao Novo Banco
Auditoria da Deloitte revela que BES emprestou dinheiro para compra de ações do BCP, PT e ESFG "sem racional económico". Perdas para o Novo Banco superam os 700 milhões.
A auditoria da Deloitte encontrou perdas potenciais de quase 750 milhões de euros no Novo Banco relacionadas com empréstimos do tempo do BES para a aquisição de ações de várias cotadas nacionais. Só com financiamentos a três clientes para a compra de títulos do rival BCP, o banco tinha uma exposição bruta de 709 milhões de euros no final de 2018.
O relatório da auditoria foi tornado público esta terça-feira pelo Parlamento, numa versão confidencial. Não são conhecidos os nomes dos grandes devedores.
Ainda assim, a Deloitte revela que o BES emprestou milhões de euros a seis clientes para a aquisição de títulos, nomeadamente do BCP, da Portugal Telecom e da Espírito Santo Financial Group, sendo que o colateral destas operações eram “fundamentalmente as próprias ações adquiridas”. Em alguns casos não existiam “covenants contratuais de cobertura mínima”, acrescenta a Deloitte.
Exposição bruta do NB
“Em resultado do declínio do GES e do Grupo PT, bem como da desvalorização significativa verificada na cotação em bolsa das ações do BCP, parte dos colaterais associados a estes financiamentos concedidos pelo BES viram o seu valor reduzir-se significativamente, originando o registo de perdas significativas“, conta a Deloitte, salientando que para alguns destes clientes, o BES obteve colaterais adicionais, que no entanto não foram suficientes para fazer face à totalidade das dívidas desses devedores.
A Deloitte detetou um grande devedor (cujo nome não é divulgado na versão confidencial que foi agora publicada) que recebeu financiamento do BES para a aquisição de ações sem que estivesse aferido “o racional económico subjacente à proteção de risco”. Só este cliente deu uma perda de 82 milhões ao Novo Banco.
Segundo a Deloitte, as perdas acumuladas com estes financiamentos para compra de títulos cotados na bolsa iam já nos 408 milhões de euros no final de 2018.
Recorde-se que a auditoria da EY à Caixa Geral de Depósitos (CGD) também revelou perdas milionárias com crédito para aquisição de ações do BCP na altura da guerra acionista em 2007, sendo então mencionados os nomes de empresas de Joe Berardo (que também é um dos grandes devedores do Novo Banco) e de Manuel Fino.
(Notícia atualizada às 12h54)
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