Marisa na corrida contra Marcelo. Veja as diferenças entre os dois, segundo a candidata do BE
Após o terceiro lugar em 2016, prepara-se para combater novamente Marcelo Rebelo de Sousa. No discurso de lançamento da candidatura, Marisa Matias vincou as diferenças face ao adversário.
Marisa Matias oficializou esta quarta-feira a candidatura à Presidência da República, cujas eleições deverão ocorrer no final de janeiro. Após ter ficado em terceiro lugar em 2016, a bloquista foi clara sobre quem é o seu adversário: Marcelo Rebelo de Sousa, o atual Presidente da República e presumível candidato às eleições presidenciais de 2021. Num curto discurso, a eurodeputada expôs as diferenças entre si e Marcelo.
Em janeiro, num artigo da Lusa, a bloquista admitia que o atual Presidente da República tinha contribuído para o clima de paz social, elogiando particularmente a influência que teve no combate à pobreza e à situação dos sem-abrigo, o que repetiu no discurso de hoje. Apesar do elogio, já aí aproveitava para criticar Marcelo, principalmente nas relações internacionais, “pela naturalização de Bolsonaro, ou de Trump ou de Netanyahu”.
No lançamento da candidatura, Marisa Matias foi mais longe nas críticas — assumindo claramente quem é o seu adversário ao dizer que é “candidata frente a frente com Marcelo Rebelo de Sousa”, expondo as diferenças estruturais que a distinguem do atual Presidente: “Sou socialista, laica e republicana e vou à luta pelas minhas ideias, ao lado de quem não desiste de Portugal“, começou por dizer a candidata do BE.
Desde logo, apresentou-se como “socialista”, em contraste com a social-democracia, e “laica”, em contraste com o católico Marcelo que, apesar de defender a liberdade religiosa e ter ido a eventos de várias religiões presentes em Portugal, tem dado uma atenção particular à Igreja Católica, seja na visita do Papa Francisco seja nas Jornadas Mundiais da Juventude.
Mais: “Marcelo quer um regime político assente em mais do mesmo, eu quero um regime que responda à pandemia social e que acabe com os privilégios“, disse Matias, colando o atual Presidente da República ao status quo, nomeadamente aos “mandatários das fortunas”, e colocando-se ao lado dos “jovens trabalhadores que não aceitam empobrecer nesta segunda grande crise das suas vidas”. “Não aceito a desigualdade e enfrento-a”, assegurou.
Sou candidata frente a frente com Marcelo Rebelo de Sousa.
Em concreto, essas diferenças são ainda mais visíveis nas opiniões sobre o setor financeiro e a saúde. Marisa Matias acusa Marcelo de ter aceitado as privatizações no setor financeiro, ao contrário de si que quer uma “banca pública de confiança”. Na saúde, “ele quer um sistema de saúde concedido em parte a hospitais privados, eu quero um SNS de qualidade para todos porque sei que quando o comércio entra na saúde são os que menos têm que ficam a perder”, argumenta.
No final do discurso, a eurodeputada do BE aproveitou ainda para dizer que não é candidata “por jogos partidários, por ajuste de contas, por necessidade de palco”, o que pode ser interpretado como uma crítica a Marcelo, cuja presença constante tem sido criticada ao longo do mandato. Já em janeiro, ao mesmo tempo que elogiava o Presidente por ter voltado a ligar “o Palácio de Belém ao país, que estava bastante afastado”, Matias criticou-o por “em alguns casos, provavelmente, o ter feito até de forma excessiva”.
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