Portugal obtém juro mais baixo de sempre por dívida a curto prazo

A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública - IGCP foi ao mercado para um leilão duplo de bilhetes do Tesouro a seis e 12 meses. Apesar da procura menos robusta, as taxas foram mais baixas.

Portugal conseguiu juros mais negativos para emitir dívida a seis e 12 meses, tendo mesmo atingido as taxas mais baixas de sempre nestas maturidades. A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP colocou um total de 1.750 milhões em bilhetes do Tesouro (BT), num leilão duplo realizado na manhã desta quarta-feira, tendo atingido o montante máximo indicativo.

No que diz respeito à maturidade mais longa, o país financiou-se em 1.250 milhões de euros em BT que atingem a maturidade em setembro de 2021, com um juro de -0,497%. O último leilão de títulos com este prazo aconteceu a 15 de julho e, na altura, Portugal tinha conseguido um juro de -0,452%.

Já nos BT com prazo em março de 2021, a emissão desta quarta-feira foi de 500 milhões de euros e a taxa situou-se em -0,52%. Também esta caiu em relação aos -0,467% registados no último leilão comparável.

Volta a ser um leilão com sucesso, com as taxas nestes leilões de curto prazo a atingiram os valores mais baixos do ano“, diz Filipe Silva, diretor de investimentos do Banco Carregosa. “As taxas obtidas, acabam por refletir a conjuntura global que vivemos, que vai no sentido de beneficiar os emitentes de dívida em detrimento dos investidores. No entanto, sempre com o sentido de que a prazo, a economia irá recuperar”.

A quebra nos juros aconteceu apesar do recuo no apetite dos investidores. Nas BT a 12 meses, a procura foi 1,86 vezes superior à oferta (tinha sido 2,05 vezes no último leilão comparável) e, nos títulos mais curtos, a procura excedeu a oferta em 2,36 vezes (contra 3,64 na emissão realizada em julho).

Portugal continua a melhorar as condições de financiamento, com a ajuda das sucessivas medidas monetárias e orçamentais anunciadas por bancos centrais, governos e entidades internacionais. Neste contexto, o país tem emitido dívida de curto prazo com yields persistentemente negativas e a baixos custos nos títulos de longo prazo (ainda esta semana emitiu dívida a 25 anos com uma taxa próxima de 1%).

“Os discursos dos vários banqueiros centrais têm sido claros, as taxas irão manter-se baixas ou negativas por um período longo de tempo. Urge-se em estimular a economia e conseguir que a inflação volte aos targets definidos. Missão que não estava fácil antes da Covid-19 e que ainda veio a piorar com o abrandamento económico que sofremos este ano“, acrescenta Filipe Silva.

(Notícia atualizada às 11h00)

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