De Sintra a Camões, os 15 elogios de Ursula Von der Leyen a Portugal
Na primeira visita a Portugal, a presidente da Comissão Europeia falou da hospitalidade, citou Camões, elogiou Lisboa, enalteceu os portugueses e louvou os avanços digitais e climáticos.
“Portugal mostrou o melhor de si e o melhor da Europa.” Esta é uma das muitas frases da presidente da Comissão Europeia, num discurso em que elogiou o país que escolheu para uma das suas primeiras viagens desde que a pandemia chegou à Europa, uma viagem que lhe permitiu experienciar a “famosa hospitalidade portuguesa”. Da transição climática à digital, da humildade ao exemplo de renovação e recuperação, Ursula Von der Leyen deixou pelo menos 15 elogios a Portugal, e até arriscou dizer algumas palavras em português.
Ao lado do primeiro-ministro português, António Costa, a líder da Comissão marcou presença esta terça-feira na Fundação Champalimaud, onde foi apresentado o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Apesar de o esboço do documento só ser entregue a Bruxelas a 15 de outubro, Von der Leyen antecipou já que as prioridades e ambições do plano “espelham” as do Próxima Geração UE, o nome dado ao Fundo de Recuperação europeu, tanto nas reformas como no investimento. Este é um sinal de que o PRR não deverá ter dificuldades em passar no crivo dos técnicos europeus.
Mas os elogios não se ficaram só plano. No seu discurso, Ursula Von der Leyen elencou outros aspetos positivos de Portugal, deixando de lado qualquer crítica que a Comissão Europeia possa ter. Num tom de otimismo, a presidente reconheceu “como os portugueses responderam com humildade, responsabilidade e a solidariedade quando a pandemia atingiu a Europa” e realçou a “tremenda responsabilidade e resistência” que demonstraram na luta contra o vírus.
Aproveitou também para elogiar o Governo de António Costa pela “decisão histórica” de dar cidadania temporária aos migrantes e aos refugiados, para que tivessem acesso à Segurança Social e ao Serviço Nacional de Saúde.
Portugal é um país de grandes exploradores, de pioneiros que nunca temeram aventurar-se no desconhecido. Um país que sempre navegou em águas desconhecidas.
“Durante séculos, os portugueses influenciaram a Europa de muitas formas: intelectualmente, culturalmente e politicamente“, afirmou Von der Leyen, assinalando depois a forma como a paisagem de Sintra influenciou a obra do poeta Lord Byron ou do compositor Richard Strauss. Mais um mergulho na história para eleger Lisboa “exemplo vivo de renovação e recuperação”, depois do terramoto de 1755, cuja prova é a Praça do Comércio (Terreiro do Paço). “Podemos aprender com Lisboa como reconstruir melhor”, disse Von der Leyen.
No presente, Portugal tem a “perfeita mistura entre tradição e modernidade”, dando o exemplo dos “heróis desportivos, do jovem talento tecnológico, a energia limpa”. E está na “vanguarda” tanto na transição digital — a presidente referiu o exemplo da Web Summit, que transformou Lisboa na “capital espiritual do panorama tecnológico”, e da “internet rápida” — como na transição climática onde destacou o trabalho realizado desde 2005, o que contribuiu para que metade da eletricidade seja atualmente de origem renovável.
No final do discurso, voltou ao passado para dar o mote para o futuro. “Portugal é um país de grandes exploradores, de pioneiros que nunca temeram aventurar-se no desconhecido. Um país que sempre navegou em águas desconhecidas”, disse, citando o famoso verso de Camões em português: “Por mares nunca antes navegados“.
Para Ursula Von der Leyen “não há um país melhor para nos guiar na tempestade e para embarcar no nosso futuro”. E acabou de novo em português. “Obrigada. Viva a Europa”.
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