Economia deverá crescer 6% em 2021 mas recuperação total só em 2022

  • Lusa
  • 3 Novembro 2020

A COSEC prevê um aumento de 15% das insolvências em Portugal este ano e de mais 15% em 2021. Números que, salienta, “representam uma subida de 33%” face a 2019.

A economia portuguesa deverá contrair-se 8% este ano, em linha com a média da zona euro, e crescer 6% em 2021, acima da média de 4,8% da zona euro, estima Cosec – Companhia de Seguro de Créditos. Contudo, de acordo com as previsões divulgadas esta terça-feira pela Euler Hermes, acionista da Cosec, “Portugal não recuperará totalmente das perdas causadas pela pandemia antes de 2022”.

Em consequência deste contexto, a seguradora de créditos prevê um aumento de 15% das insolvências em Portugal este ano e de mais 15% em 2021. Números que, salienta, “representam uma subida de 33%” face a 2019.

De acordo com os analistas da Euler Hermes, “apesar de alguns resultados positivos fruto do esforço de contenção da propagação do vírus e de uma melhor gestão da crise sanitária, quando comparado com outros países da zona euro Portugal foi fortemente atingido pela recessão causada pelo confinamento”, registando uma contração de 13,8% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre de 2020.

Portugal foi, a seguir à Grécia, o país da zona euro em que o consumo foi mais afetado pela pandemia, nomeadamente devido ao peso que têm no consumo interno as atividades relacionadas com hotelaria e restauração, transportes, vestuário e calçado, entretenimento e cultura, mobiliário e artigos para a casa (cerca de 27% do PIB)”, refere.

“A favor da recuperação”, a Eurler Hermes diz que “Portugal beneficiará da retoma internacional do comércio de bens, cujas exportações representam 27% do PIB nacional”.

Pelo contrário, acrescenta, “a contribuir para moderar a velocidade da retoma estão, por um lado, a recuperação muito comedida do turismo – que apenas deverá atingir o nível pré-crise em 2023 – e, por outro, a previsível manutenção, até ao final de 2021, de medidas de contenção em Portugal e nos países vizinhos (Espanha, França, Reino Unido)”.

O estudo “Living on with a Covid-19 hum”, recentemente publicado pela Euler Hermes, avança que os dados do segundo trimestre do ano confirmaram uma contração “sem precedentes” do PIB mundial (-6,1% em relação ao trimestre anterior) após o choque da crise sanitária, cerca de quatro vezes pior do que a contração de 2009 e o dobro da contração no primeiro trimestre deste ano.

Os analistas da Eurler Hermes estimam, assim, que o PIB mundial recue 4,7% em 2020, para depois evoluir 4,6% em 2021. “A par de Portugal, outros países devem registar este ano quebras no PIB superiores às da média global”, referem, apontando os casos de França (-9,8%), Itália (-10,1%), Reino Unido (-11,8%) e Espanha (-11,8%), que foram “muito mais afetados pelo impacto da crise sanitária do que, por exemplo, os Estados Unidos (-5,3%) e a Alemanha (-6%)”.

O efeito, explicam os economistas, “variou em função da intensidade das medidas de confinamento e da estrutura das economias”.

Neste contexto, e também em consequência da eliminação gradual das medidas temporárias destinadas a apoiar as empresas, prevê-se que as insolvências aumentem 31% até ao final de 2021.

De acordo com o estudo, estima-se que “a partir do início de 2022 as vacinas deverão estar disponíveis em grande escala para os países com economias mais desenvolvidas”, como a Rússia, China, Reino Unido e Estados Unidos, sendo posteriormente distribuídas pelos restantes países até ao final de 2022, de acordo com a avaliação da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Nessa altura, prevê a Euler Hermes, 80% do PIB mundial voltará aos níveis anteriores à crise, mas “existe o risco de uma rutura temporária no setor dos transportes durante a campanha global de vacinação”, já que se estima que, “durante vários meses, a distribuição de vacinas mobilizará metade da capacidade global do setor”.

Relativamente ao comércio global, “sofreu um duro golpe” no segundo trimestre de 2020, recuando 15% em volume e 21% em valor face a 2019, sendo que, no primeiro semestre de 2020, o comércio de mercadorias foi 9% inferior ao do primeiro semestre de 2019 em volume e 13% abaixo em termos de valor.

“Também neste campo os números são piores do que os verificados na crise de 2009”, refere a Euler Hermes, prevendo uma quebra de 13% este ano, face aos -11% registados em 2009, em termos de volume, o que corresponderá a perdas comerciais de aproximadamente 3,4 mil milhões de euros.

Segundo os economistas responsáveis pelo estudo, “embora 2021 deva ser um ano de retoma, com uma recuperação de 7%, o regresso aos níveis de trocas comerciais pré-crise deverá acontecer apenas em 2022”.

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