9 perguntas e respostas sobre como vai funcionar a vacina contra a Covid-19
A vacina contra a Covid está cada vez mais perto, mas ainda persistem dúvidas de como tudo vai funcionar depois de esta ser administrada. Há efeitos? Quanto tempo seremos imunes? Saiba as respostas.
Com a vacina contra o coronavírus cada vez mais perto de ser uma realidade, são muitas as dúvidas que ainda persistem sobre o seu funcionamento, depois de ser administrada. Há efeitos adversos? Quanto tempo durará a imunidade? A eficácia será a mesma para todos? No dia em que se ficará a conhecer o plano nacional de vacinação, João Gonçalves, da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, esteve presente na reunião do Infarmed, esta quinta-feira, onde esclareceu as principais dúvidas técnicas que possam existir.
O que é a imunidade e como vai atuar a vacina?
A imunidade, como explicou o especialista, é o “desenvolvimento de anticorpos, antivirais, fortes o suficiente para impedir a entrada do vírus nas células”. Depois de administrada a vacina, vai ser possível “orientar e controlar o sistema imunitário para apenas uma proteína do vírus”.
Depois de tomada a vacina, quanto tempo dura a imunidade?
“No melhor dos cenários, vários anos”, mas “talvez não seja o cenário que se vai ter” neste caso, alertou João Gonçalves “Isso só vai acontecer se a memória [dos anticorpos] existir. Com essa memória vamos ser capazes de, quando nos vacinarmos e voltarmos a ter contacto com o vírus, termos uma resposta mais forte”. Aqui, o especialista nota que um dos problemas pode ser que consigamos proteger da doença, mas não da transmissão.
Como varia a imunidade em cada pessoa?
A imunidade varia de pessoa para pessoa, mas quem tiver estado infetado e com sintomas ganhará vantagem. “Os doentes que estiveram infetados e tiveram mais sintomas são os que tiveram mais proteção, enquanto os doentes que estiveram assintomáticos não desenvolvem muitos anticorpos”, referiu o especialista.
A vacina vai ser igualmente eficaz para todos?
“As pessoas ao longo do tempo diminuem a quantidade de anticorpos”, refere João Gonçalves, notando que, no que diz respeito à eficácia da vacina, “vai haver muita variação de pessoa para pessoa”.
A imunidade é a mesma em todas as idades?
João Gonçalves responde a esta pergunta, afirmando: “A nossa lição das últimas vacinas é que as pessoas com mais idade têm menos capacidade de responder a essas vacinas”. O especialista diz que “é preciso que as vacinas tragam a capacidade de os idosos terem uma produção de anticorpos que seja possível de evitar a doença. É fundamental que elas [vacinas] estimulem nesta faixa etária produção de anticorpos”.
Qual a imunidade desejável para a vacina ser eficaz?
“Se tivermos uma vacina capaz de prevenir a doença e, ao mesmo tempo, impedir a sua transmissão, certamente temos uma imunidade própria”, afirmou João Gonçales, sublinhando que “a vacina não vai criar uma imunidade igual para todos” e que esse é o “cenário que temos de colocar como partida”. “Nem sabemos quando vai ser criada a imunidade de grupo”, notou.
A vacina terá reações adversas? Quais?
“Todas as vacinas apresentam reações adversas que dependem de vários fatores”, tais como o tipo de vacina, o tipo de administração ou o tipo de pessoas, explicou o especialista. Contudo, sublinhou que “há efeitos adversos que são bons — como dores de cabeça, inchaços e alguma febre — e isso é algo muito bom nesta vacina. Significa que o sistema imunitário está a lutar e a reconhecer a vacina como estranha”. “Não tenham medo”, concluiu.
Imunidade vai criar efeitos secundários?
“A imunidade não vai criar efeitos secundários completamente estranhos na vossa vida”, sublinhou João Gonçalves.
A imunidade tem de continuar a ser avaliada depois de administrada a vacina?
Sim. “É necessário que isso continue, tal como acontece com outras vacinas”, nota o especialista, referindo que “monitorizar esta imunidade e a resistência que vamos ter vai ser muito importante”. João Gonçalves rematou, afirmando que “os benefícios da imunidade claramente sobrepõem-se aos riscos da não vacinação. Seria muito mau para a ciência e para a humanidade se depois de oito meses não conseguíssemos ter toda esta imunidade bem instalada e capaz de nos proteger”.
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