Nova estirpe da Covid-19 já “infetou” sete países em todo o mundo
A nova estirpe da Sars-Cov-2, detetada no Reino Unido, fez soar os alarmes, levando vários governos a suspender as ligações com o país britânico. Conheça os países onde já está a circular.
Os alarmes soaram este fim de semana, depois de Boris Johnson ter anunciado que o Reino Unido identificou uma nova variante da Sars-Cov-2, que provoca a doença Covid-19, até 70% mais contagiosa do que a mais comum na Europa. Apesar de ainda não existir muita informação sobre as suas implicações, vários países europeus estão a suspender as ligações com Inglaterra para evitar que a nova estirpe se espalhe nos seus países. Do Reino Unido à Dinamarca, passando por Itália ou África do Sul há sete países e um território onde já anda a circular esta nova variante.
O primeiro-ministro britânico reuniu-se este sábado com os vários ministros para discutir um plano de ação urgente a implementar, após ter sido confirmado que uma nova variante do Sars-CoV-2 pode espalhar-se mais rapidamente e ser responsável por um aumento dos casos. Esta nova estirpe foi identificada em Londres e no sudeste de Inglaterra e apesar de ainda não existir uma ligação direta entre esta nova variante e o aumento de casos nessas regiões, o governo britânico decidiu apertar “o cerco”, impondo um novo confinamento para o período do Natal, com mais de 16 milhões de ingleses a serem obrigados a ficar em casa.
O secretário de Estado da Saúde do Reino Unido, Matt Hancock, alertou que a nova variante do coronavírus está “fora de controlo” e chegou a admitir que algumas regiões de Inglaterra poderão ficar sob elevadas restrições até à vacinação. Horas mais tarde, o ministro da Saúde da África do Sul também viria a confirmar o surgimento da nova estirpe no país. “A variante ‘501.V2’ do vírus Sars-CoV-2 foi identificada por investigadores sul-africanos e comunicada à Organização Mundial da Saúde” revelou Zweli Mkhize, citado em comunicado pela Lusa.
Segundo o governante sul-africano, a equipa de investigação científica sul-africana, liderada pelo Professor Tulio de Oliveira, do Centro de Inovação e Pesquisa da Universidade do KwaZulu-Natal (KRISP, na sigla em inglês), sequenciou centenas de amostras de todo o país desde o início da pandemia em março, notando que “uma determinada variante dominou os resultados dos últimos dois meses”, explicou Mkhize, salientando que notaram também uma mudança no panorama epidemiológico, “principalmente com pacientes mais jovens, que desenvolvem formas graves da doença”.
Neste contexto, ambos os países comunicaram esta informação à Organização Mundial de Saúde (OMS), que já veio alertar os países europeus a “reforçarem os controlos”. Até agora, a instituição liderada por Tedros Adhanom Ghebreyesus reportou um número reduzido de casos provocado por esta estirpe fora do território britânico: nove na Dinamarca, assim como um caso na Holanda e na Austrália, disse Maria VanKerkhove, a técnica da OMS, em entrevista à BBC (acesso livre, conteúdo em inglês).
Também Itália detetou no domingo o primeiro caso de infeção pela nova estirpe do coronavírus numa pessoa que regressou recentemente do Reino Unido, estando ainda a aguardar resultados laboratoriais de cinco outras pessoas, de acordo com o La Reppublica (acesso livre, conteúdo em italiano). As autoridades de saúde italianas estão, deste modo, a sequenciar o vírus para descobrir se existe assim mais casos sobre a chamada variante inglesa.
Bélgica e Gibraltar (território britânico situado no extremo sul de Espanha) são os mais recentes locais onde a variante do novo coronavírus foi identificada. “Esta variante não se limita ao Reino Unido, já foi detetada em outros lugares do mundo, entre os quais nos Países Baixos e na Bélgica”, declarou o porta-voz da equipa técnica belga responsável pelo combate à pandemia, citado pela Lusa. O virologista Yves Van Laethem confirmou a existência de “quatro casos conhecidos na Bélgica” e referiu que a deteção “foi feita há um mês”, acrescentando que “é possível que existam mais casos a circular” no país.
Também esta segunda-feira, o ministro da Saúde francês admitiu que a nova estirpe detetada no Reino Unido pode já estar a circular em França. “É bem possível que esta mutação já circule em França”, sinalizou Olivier Véran, em entrevista rádio Europe 1 (acesso livre, conteúdo em francês), sublinhando que a variante ainda não foi identificada em solo francês. Além disso, o governante referiu ainda que segundo os especialistas britânicos os “sintomas e o número de casos graves da doença” são os mesmos que ocorrem na estirpe mais comum. Tal como mencionou o coordenador do plano de vacinação contra a Covid-19 em Portugal, o ministro francês garantiu que “à primeira vista, não há razão para acreditar que as vacinas serão menos eficazes” no combate a esta variante.
Tal como em França, em Portugal não foi identificado, para já, nenhum caso desta nova estirpe. “O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) tem vindo a desenvolver, desde o passado mês de abril, um estudo de âmbito nacional sobre a variabilidade genética do Sars-CoV-2 em Portugal, através da análise do genoma deste novo coronavírus. De acordo com os resultados obtidos até ao momento, ainda não foi identificada em Portugal a nova variante genética detetada a circular numa região do Reino Unido”, avançou à Lusa fonte do gabinete de imprensa do INSA.
Entretanto, a ministra da Saúde veio esclarecer que esta “será uma variante que não tem mais risco de complicações hospitalares do que as anteriores” e mantém o “risco de letalidade”. No entanto, terá uma “capacidade de se introduzir no organismo e de se multiplicar mais acentuada”, acarretando um “risco de transmissão” maior, apontou Marta Temido.
Na sequência desta nova estirpe do vírus que circula em Inglaterra são vários os países que suspenderam os voos de e para o Reino Unido. É o caso de Alemanha, Bélgica, Croácia, Dinamarca, França, Finlândia, Noruega, Itália, entre outros. Portugal, numa ação conjunta com Espanha, apenas permite a entrada a cidadãos nacionais ou legalmente residentes em Portugal provenientes do Reino Unido, sendo que estes devem apresentar um teste de rastreio negativo ao SARS-Cov-2 ou fazê-lo no aeroporto à chegada.
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