CIP pede “confinamento inteligente” com aplicação rápida dos apoios às empresas

Ao ECO, António Saraiva diz que, mais do que confinar, é preciso confinar de modo inteligente. Líder da CIP salienta que apoios têm de ser tão imediatos quanto aplicação de novas restrições.

O presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP) apela a que, nesta nova fase do combate à pandemia, haja um “confinamento inteligente”, até à boleia da aprendizagem feita nos últimos meses. Em declarações ao ECO, António Saraiva sublinha que, perante o agravamento das restrições, as medidas de apoios às empresas mais afetadas “têm de ser imediatas”, não se admitindo atrasos semelhantes aos registados na primavera.

O Governo esteve, esta sexta-feira, reunido com sindicatos e patrões para fazer o ponto da situação da crise sanitária. À saída do encontro, o ministro da Economia explicou aos jornalistas que, perante o agravamento da pandemia, o Governo está a ponderar impor medidas mais restritivas à mobilidade da população, à semelhança do que aconteceu na primavera, com o encerramento do comércio não alimentar e da restauração.

Em reação, o presidente da CIP frisa: “Não chega confinar, confinar, confinar. Há que ter confinamento inteligente“. Em conversa com o ECO, António Saraiva sublinha que, ainda que reconheça que é “muito difícil conciliar o combate” à Covid-19 com o “acautelar da economia”, tem algumas preocupações relativamente às medidas que o Governo está a estudar.

O patrão dos patrões salienta, por exemplo, que “não é nos locais de trabalho que estão os focos de infeção” pelo novo coronavírus, garantindo que as empresas estão a cumprir as normas da Direção-Geral da Saúde, e alerta que a restrição dos horários do comércio está — contrariamente ao desejado — a gerar “longas filas” e a concentração dos portugueses.

Em alternativa, António Saraiva sugere que os estabelecimentos tenham a possibilidade de desfasar os seus horários, de modo a evitar ajuntamentos, e explica que tem dúvidas quanto às novas medidas de combate à Covid-19, face à falta de generalização dos testes rápidos.

Sobre os apoios às empresas, o líder da CIP avisa que as medidas têm de ser tão imediatas quanto a aplicação das restrições e não podem estar envolvidas em longos processos de acesso. “Mais do que encontrar novas medidas, a aplicação das existentes deve ser rápida“, defende o responsável, apelando a celeridade especificamente no que diz respeito aos apoios a fundo perdido às empresas mais afetadas pela pandemia.

Para António Saraiva, seria “inadmissível” repetir os atrasos registados na primavera, nomeadamente na operacionalização do lay-off simplificado. “A aprendizagem já foi feita. Não se compreenderiam atrasos”, diz o responsável.

Aos jornalistas, o ministro da Economia explicou que o Governo está a preparar o reforço dos subsídios a fundo perdido do Apoiar.pt, bem como o regresso dos apoios para os trabalhadores independentes e sócios-gerentes disponibilizados na primavera. Siza Vieira salientou, também, que as empresas que sejam encerradas por imposição legal voltarão a poder aceder ao lay-off simplificado, que prevê um apoio para o pagamento dos salários e a isenção das contribuições sociais.

Também a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) pediu celeridade na aplicação das medidas de apoio às empresas afetadas pelos constrangimentos relativos à pandemia de Covid-19 e defendeu a revisão dos montantes que lhes estão consignados. “Com o agravamento do número de casos de infetados por Covid-19 era expectável que fossem impostas novas medidas restritivas e não nos pronunciamos sobre isso. Mas tememos o seu efeito nas empresas e queremos saber como reduzir os estragos”, disse à Lusa João Vieira Lopes.

O presidente da CCP considerou que as medidas de apoio à retoma económica apresentadas em novembro “aparentemente iriam ajudar a equilibrar a situação”, mas com as novas restrições “os montantes que lhes estavam atribuídos não serão suficientes”. Por isso, o representante empresarial pediu celeridade na aplicação das medidas de apoio e a revisão dos respetivos montantes, de forma a chegarem a todos os que precisam. “É necessário que todas as medidas estejam em execução para que as empresas aguentem o efeito das novas restrições”, defendeu Vieira Lopes.

Já a AHRESP, perante a possibilidade de os estabelecimentos de restauração voltarem a encerrar, mantendo-se a funcionar apenas em take-away, defende, em comunicado, que “é cada vez mais urgente a imediata disponibilização das medidas já anunciadas pelo Governo”, mas também “um novo quadro de apoio às empresas e seus trabalhadores”.

UGT quer Governo a “fazer pedagogia” sobre teletrabalho

Também em reação aos anúncios feitos, esta sexta-feira, pelo ministro da Economia, a UGT sublinha que está “preparada para aceitar endurecimento das medidas que possa permitir a redução da propagação da economia”

Carlos Silva sublinha, ainda assim, que “cabe ao Governo fazer pedagogia junto das empresas” no sentido de fomentar o teletrabalho e alerta que os transportes públicos continuam “à pinha”, pelo que é necessário tomar medidas que reforcem a segurança dos utilizadores.

(Notícia atualizada às 20h57 com as declarações de Vieira Lopes e novamente às 21h40 com a posição da AHRESP)

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