Malparado da banca europeia pode disparar 40% com a pandemia
Crédito em incumprimento deverá subir para 700 mil milhões de euros nos balanços dos bancos europeus até final do ano, por causa da crise pandémica.
O crédito malparado deverá disparar 40% nos bancos da União Europeia por causa da pandemia, devendo superar os 700 mil milhões de euros no final deste ano, segundo as estimativas da Banca Ifis.
O nível de empréstimos em incumprimento (NPL, non performing loans) tem vindo a decrescer nos últimos anos, tendo recuado para 526 mil milhões (rácio de 3% do total do crédito) em junho do ano passado, cerca de metade do pico registado em junho de 2015 (rácio de 6%).
Porém, por conta da pandemia e dos confinamentos generalizados, os bancos deverão inverter essa marcha daqui para a frente e assistirão a um agravamento da qualidade dos ativos assim que famílias e empresas em dificuldades começarem a falhar os pagamentos das prestações do crédito. Em Portugal, bem como noutros países europeus, estão em vigor moratórias de crédito, mas estas vão desaparecer no final de setembro.
No pior cenário, as estimativas apontam para 1,4 biliões de NPL (um número já avançado pelo Banco Central Europeu). A Banca Ifis aponta para metade desse valor no final do quarto trimestre de 2021, ainda assim, aquém dos 1,1 biliões de NPL que os bancos europeus tinham em 2015.
Não há dados específicos para Portugal. Os bancos nacionais chegaram a setembro de 2020 com um rácio de NPL na ordem dos 5,3%, o que correspondia a mais de 15 mil milhões de euros em empréstimos não produtivos nos balanços no final do terceiro trimestre (cerca de 6,8 mil milhões de euros líquidos de imparidades). Era o terceiro mais elevado da Zona Euro.
Como o ECO avançou, bancos como o Novo Banco, BCP e BPI aceleraram a venda de carteiras destes ativos problemáticos no final do ano passado, tendo colocado no mercado cerca de dois mil milhões de euros, depois de a pandemia ter paralisado muitos processos. Mais carteiras de NPL são esperadas para este ano num esforço de limpeza antes do impacto da pandemia começar a fazer-se sentir.
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