Só 8,6% da economia é circular. CIP diz que vão ser as empresas a descarbonizar o PIB

Ao Governo, António Saraiva, presidente da CIP, aponta o dedo e diz que "já passaram mais de dois anos e os resultados do Plano de Ação para a Economia Circular não são devidamente conhecidos".

A CIP – Confederação Empresarial de Portugal lançou esta quinta-feira o projeto E+C – Economia mais Circular, com o objetivo de colocar as empresas portuguesas no centro de “um dos desafios que a Europa enfrenta”: a escassez de recursos e a criação de produtos e de serviços que exijam menos desses recursos.

Ao Governo, António Saraiva, presidente da CIP, aponta o dedo e diz que “já passaram mais de dois anos e os resultados do Plano de Ação para a Economia Circular não são devidamente conhecidos”.

Para o responsável “falta claramente uma monitorização objetiva da situação nacional nestas matérias. Requerem-se métricas eficazes que demonstrem a evolução global e setorial da circularidade da economia e permitam a identificação de constrangimentos e de oportunidades”, disse na abertura da conferência virtual “Por uma Europa Verde – O Contributo das Empresas Portuguesas”.

Com a presença do ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, e da secretária de Estado do Ambiente, Inês Costa, o evento debateu os desafios da Economia Circular no contexto empresarial nacional, identificando oportunidades e barreiras ao desenvolvimento de uma economia sustentável em Portugal.

Siza Vieira, garantiu que “as empresas já estão a levar a cabo os seus planos de transformação” para uma Economia Circular e podem contar com o financiamento europeu para essa adaptação: em particular do Plano de Recuperação e Resiliência para a descarbonização da indústria, no valor de 715 milhões de euros.

Por seu lado, a secretária de Estado do Ambiente, Inês Costa, reconheceu a falta de circularidade da economia: “Só somos 8,6% circulares, com tendência a piorar. A economia circular é sobretudo sobre as mudanças organizacionais e sociais fundamentais para reduzir o consumo de matérias-primas e de energia, a produção de resíduos e poluição”.

Na visão da CIP já existe hoje uma Estratégia Europeia para a Economia Circular e o Plano de Ação para a Economia Circular “foi a resposta nacional ao desafio europeu”, no qual a Confederação Empresarial de Portugal diz ter colaborado desde a primeira hora. No entanto, e perante a falta de resultados do mesmo, a CIP avança agora com o projeto Economia Mais Circular, que diz ser “o maior e mais completo estudo sobre Economia Circular em Portugal, uma parceria com a EY – Parthenon”.

O estudo terá quatro fases, a duração de um ano, e será apoiado no terreno por uma ferramenta que aplica a metodologia Circulytics da Fundação Ellen MacArthur, e que realiza a medição de fluxos de materiais, dá informações sobre todas as operações circulares, identifica áreas para melhorias imediatas e destaca oportunidades para a inovação estratégica.

“Pretendemos a entrada numa nova etapa que permita passar das intenções e das denúncias de insucessos à adoção de medidas concretas”, disse António Saraiva, pedindo ao Governo “um quadro legislativo e programático estimulante para a inovação, para as simbioses entre empresas”.

Para começar, o projeto Economia Mais Circular vai realizar um diagnóstico sobre as barreiras ao aprofundamento da Economia Circular nas empresas em Portugal e depois aplicar a ferramenta Circulytics a um grupo restrito de empresas interessadas em participar.

Na opinião da secretária de secretária de Estado do Ambiente, Inês Costa, “não é uma versão simplificada de Economia Circular que precisamos: não se trata de gestão de resíduos e reciclagem, isso é apenas a ponta do iceberg. O desafio é enorme. Precisamos de um plano, objetivos e metas. O Novo Plano de Ação Europeu para a Economia Circular, apresentado vai fazer um ano, traz mudanças importantes relativamente ao seu antecessor. Sinaliza áreas prioritárias: têxtil, construção, plásticos, fluxos específicos de resíduos. E introduz abordagens inovadoras: a integração total de critérios de conceção, materiais, consumo, recolha, reciclagem, numa só peça legislativa”, disse a governante.

Às empresas portuguesas deixou um recado: as leis europeias vão introduzir pela primeira vez metas de redução de resíduos para determinados fluxos e metas de prevenção – com o Parlamento Europeu a exigir ainda mais ambição nessa matéria – por isso a responsabilidade caberá cada vez mais às empresas e “não bastará dizer que o cidadão ou o consumidor deve reduzir, reutilizar ou reciclar – as empresas vão ter, efetivamente, de o fazer”.

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