“É inevitável haver uma correção em baixa” dos preços das casas

Os profissionais do setor imobiliário descartam a ideia de uma descida dos preços das casas. Falam, sim, numa "correção em baixa", sobretudo nas habitações usadas.

Um ano de pandemia não foi suficiente para fazer baixar os preços das casas, mas será que os próximos meses serão capazes disso? Sim e não. Os profissionais do setor imobiliário acreditam que não haverá uma queda nos preços, mas sim uma “correção em baixa”, como defende Patrícia Barão. E essa será uma tendência observada, sobretudo, no mercado de casas usadas. Mas, apesar dessa expectativa, o setor continua a apelar para a importância de o Estado intervir no reforço da oferta privada, que é fundamental para ajustar os preços aos custos dos portugueses.

“2021 será um ano de grandes desafios e o maior desafio de todos será o amanhã”, disse Hugo Santos Ferreira, vice-presidente da Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários (APPII), durante um debate online sobre o futuro do mercado imobiliário. “2021 vai trazer-nos um mundo novo, com novas tendências e é isso a que o setor imobiliário tem de estar atento e saber acompanhar”, completou.

Patrícia Barão, vice-presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), partilha da mesma opinião, afirmando que 2020 foi a “prova da resiliência do mercado imobiliário, nomeadamente a nível de habitação”. Num ano abalado pela pandemia, o número de transações imobiliárias caiu 8% face a 2019, notou a também responsável da área de residencial da JLL.

“Mas, mesmo assim, os números foram muito positivos, com a procura interna a manter uma grande dinâmica“, acrescentou a especialista, afirmando não ter dúvidas de que, “apesar deste novo confinamento ter abalado a confiança”, Portugal terá “belíssimas condições para que 2021 possa oferecer projetos com qualidade” como tem acontecido até aqui.

No que toca a preços, Patrícia Barão desmistifica a ideia de uma descida. “Não tem havido uma queda de preços, como algumas vozes têm dito. O que vai acontecer, é inevitável, é haver uma correção dos preços em baixa”, sobretudo ao nível das casas usadas.

E, para isso, há fatores que podem ajudar. Hugo Santos Ferreira destaca, desde logo, o papel do Estado. Citado o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), o vice-presidente da APPII afirma que o documento não tem “uma única medida destinada à colocação de oferta privada para habitação”. “O investimento público tem sempre servido de indutor ao privado. A habitação é um problema que vamos ter de começar a resolver a partir de 2021″.

Presente no mesmo debate, Patrícia Clímaco acredita que o mercado imobiliário vai recuperar desta crise provocada pela pandemia. “É uma situação transitória e não julgamos que vá ter muito impacto” no setor, defendeu. Contudo, também a cofundadora e partner da Castelhana deixa alertas: “É extremamente necessário dar transparência” de forma a “estimular o investimento” internacional, referindo-se à alteração ao regime dos vistos gold.

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