“Crescimento azul” tem potencial de financiamento de 50 milhões de euros até 2025
Até ao final de 2021 o objetivo é chegar aos dois milhões de euros investidos na Economia Azul através da plataforma de crowdfunding GoParity. Em quatro ano querem multiplicar este valor 25 vezes.
Em apenas dois anos, os utilizadores da plataforma portuguesa para financiamento colaborativo de projetos de sustentabilidade GoParity já investiram mais de 1,3 milhões de euros em quatro projetos que visam melhorar os ecossistemas do meio marinho. Até ao final de 2021 o objetivo é chegar aos dois milhões de euros investidos na Economia Azul.
Para 2025 a meta é ainda mais ambiciosa e a GoParity quer multiplicar este valor 25 vezes em quatro anos e chegar a meio da década aos 50 milhões de euros de financiamento angariado na plataforma para a exploração sustentável dos recursos no mar.
Segundo a Comissão Europeia, a Economia do Mar emprega 5,4 milhões de pessoas e gera quase 500 mil milhões de euros por anona UE. Por cá, a Economia do Mar representou em 2018 5,1% do PIB e 5% das exportações nacionais. Mas mais do que apenas explorar o potencial marítimo, importa fazê-lo eficientemente e de forma sustentável, defende a GoParity. “Por esse motivo, o crescimento azul (ou blue growth) é a estratégia de longo prazo da Comissão Europeia “para apoiar o crescimento sustentável nos setores marinho e marítimo”, refere a plataforma em comunicado.
Da teoria à prática, a Oceano Fresco foi um do projetos onde os investidores da GoParity apostaram. A empresa construiu um Centro Biomarinho na Nazaré, que produz sementes de amêijoas para serem cultivadas no primeiro viveiro do mundo em mar aberto, em Alvor. Isto permite à Oceano Fresco controlar todo o ciclo de produção e ainda ajuda a regular o clima, uma vez que as amêijoas têm uma função filtrante e capturam CO2. Ao todo, a empresa recebeu um financiamento de quase 750 mil euros pela GoParity, como parte de um projeto de 3,1 milhões de euros.
“Financiar uma startup de aquicultura é desafiador: as empresas de capital de risco pré-lucrativas são escassas, os bancos financiam apenas ativos de baixo risco e não estão familiarizados com a aquicultura; e amigos e fontes de família são limitados. Desta forma, o crowdlending com a GoParity aparece como uma nova alternativa de fonte de financiamento”, disse, em comunicado, Bernardo Carvalho, CEO da Oceano Fresco.
Também a Aqualgae foi outro dos projetos que recebeu investimento, mais concretamente 60 mil euros. Trata-se de uma empresa de engenharia e biotecnologia de microalgas, que tem como missão inovar e aumentar a eficiência da indústria aquícola, de forma a melhorar a sustentabilidade ambiental. Tem sede em A Coruña (Galiza, Espanha), mas o centro de fabricação dos equipamentos situa-se na sucursal que tem em Portugal, em Viana do Castelo.
Pedro Seixas, administrador da Aqualgae, afirmou que, depois de vários anos de estagnação, o investimento em aquacultura tem aumentado nos últimos anos. ”Cada vez mais há uma preocupação por parte dos produtores em implementar boas práticas de sustentabilidade, apostar na excelência e qualidade do produto, em melhorar a imagem e dar garantias de satisfação ao cliente”, reforçou.
Outra iniciativa que ganhou vantagem nos investimentos feitos na GoParity foi a produção sustentável de robalo e dourada da NaturaFish-Alvor, cujo objetivo é diminuir a dependência de Portugal face ao exterior. Para isso, a NaturaFish tem uma área de cerca de 19 hectares e está integrada na Rede Natura 2000, o que a torna uma alternativa sustentável à pesca intensiva. Miguel Theriaga, CEO da NaturaFish-Alvor, acrescentou que este tipo de soluções visam “ter um impacto cada vez mais positivo no meio ambiente e bem-estar animal”. Na GoParity, esta iniciativa arrecadou 227.500 euros.
A Oysterworld foi o quarto e último projeto onde os investidores da GoParity apostaram. Ao todo, o montante global foi de 392,5 mil euros. A empresa dedica-se à produção sustentável de ostras em Setúbal, o que impacta positivamente o ecossistema devido ao caráter purificador da água das ostras. A produção de ostras contribui, ainda, para captar carbono e nitrogénio da atmosfera, reduz a acidificação dos oceanos e acaba por diminuir a pressão que a pesca extrativa exerce sobre os recursos naturais.
Desde 2019, a GoParity financiou estes quatro projetos de economia azul recorrendo à sua comunidade de mais de 10 mil e quinhentos investidores. No total dos projetos estiveram envolvidos 1655 investidores e cinco empresas portuguesas, com um investimento médio de 350 euros. Participaram investidores de 36 nacionalidades, de proveniência portuguesa, espanhola, italiana, alemã, francesa, sueca, holandesa, belga, brasileira.
Todo este investimento feito em mar português é justificado pelo facto de Portugal ter a 3ª maior Zona Económica Exclusiva (ZEE) da União Europeia e a 11ª maior do mundo. O território marítimo português é quase 20 vezes o território terrestre, o que acaba por aumentar o potencial de exploração que, neste caso, quer-se sustentável, com vista a conservar e gerir os recursos naturais existentes.
“Como portugueses, desde pequenos que ouvimos falar no potencial do mar e na sorte que temos por termos uma das maiores Zonas Económicas Exclusivas do Mundo. Durante muito tempo parecia um potencial e promessa eternos, que nunca se converteriam em realidade. Agora está finalmente a acontecer, com muita ciência, tecnologia e investimento. Estamos muito orgulhosos por permitirmos a pessoas e empresas de qualquer área serem também parte deste caminho e investimento”, disse, em comunicado, Nuno Brito Jorge, CEO da GoParity.
A GoParity é ainda parceira de financiamento da BlueBio Alliance (BBA), uma rede nacional que inclui todos os subsetores da cadeia de valor dos biorecursos marinhos em Portugal. Vitor Vasconcelos, diretor executivo da BBA, revela que “um dos objetivos da associação que representa o sector da bioeconomia Azul em Portugal, é promover o empreendedorismo sustentável, levando a mais emprego e criação de valor. Com a GoParity colaboramos não só na identificação de empresas do setor que tenham um modelo de negócio sustentável, mas também na divulgação das suas campanhas de financiamento”.
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