Lucro do Crédito Agrícola cai 34%. Ganhos com a dívida travam impacto das provisões para a Covid-19

Grupo liderado por Licínio Pina compensou perdas por imparidade e provisões de 72,4 milhões com resultados de 90 milhões em operações financeiras, travando queda ainda mais acentuada do lucro.

O lucro do Crédito Agrícola caiu 34,2% para 86,5 milhões de euros em 2020, face aos 131 milhões de resultados obtidos em 2019, com o grupo a compensar as perdas por imparidade e provisões para a Covid de cerca de 72,4 milhões de euros com a venda de dívida pública europeia.

A margem financeira da instituição liderada por Licínio Pina — inclui o banco e o negócio segurador — caiu 3,7% para 318,5 milhões de euros, embora o produto bancário tenha crescido 5,2% para 569,4 milhões de euros graças aos resultados de operações financeiras, incluindo venda de títulos de dívida.

Os resultados desta rubrica dispararam 70% para 92,4 milhões de euros (tinha realizado cerca de 54 milhões em 2019), compensaram as perdas por imparidade e provisões de 72,4 milhões de euros no banco, travando desta forma uma queda ainda mais acentuada dos lucros do grupo.

“Parte relevante dos resultados de operações financeiras resulta de operações de venda de títulos de dívida pública europeia na Caixa Central e carteira institucional de empresa do Grupo, designadamente seguradora do ramo vida”, explica Licínio Pina ao ECO.

O negócio bancário — a principal atividade do Crédito Agrícola — apurou um lucro de 68,5 milhões de euros, abaixo dos 115,5 milhões registados em 2018, sendo que os resultados financeiros contribuíram com 59,1 milhões.

Os depósitos de clientes aumentaram de 15,3 mil milhões de euros para 17,2 mil milhões de euros (+12,2% face a 2019), “evidenciando a confiança depositada no Crédito Agrícola, com um aumento da quota de mercado para 8,0%”.

Um quarto do crédito sob moratória

A carteira de crédito do banco subiu 6,1% para 11,26 mil milhões de euros. O banco diz que superou a evolução do mercado (crescimento de 4,8%) e reforçou de quota de mercado em 0,1 pontos percentuais, que se fixou em 5,8%. O segmento do crédito a empresas e administrações públicos cresceu 8,6% para 7,03 mil milhões de euros. O banco adianta que o crédito contratado no âmbito das linhas Covid ascendeu a 264,4 milhões de euros, que apoiaram 3.758 empresas.

E frisa ainda que 24% da carteira de crédito estava sob moratória no final do ano passado, totalizando os 2,65 mil milhões de euros. Cerca de 2,4% expira já no final de março, o equivalente a 73,6 milhões de euros e a 1.110 contratos de crédito, adianta o banco ao ECO.

No que diz respeito à qualidade da carteira, o banco apresenta um rácio de NPL de 8,1%, tendo cerca de 881 milhões de euros em ativos NPL. O rácio de cobertura de NPL por imparidades de crédito e colaterais foi reforçado em 5,5 pontos percentuais para 136,5%.

Já o negócio da seguradora CA Vida apresentou um resultado líquido de 6,1 milhões, enquanto a CA Seguros (ramo não vida) obteve lucros de 4,1 milhões. No seu conjunto, as seguradoras deram 10,2 milhões aos lucros do grupo.

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