Cláudia Azevedo diz que leilão do 5G “não tem pés nem cabeça”
A presidente executiva da Sonae, Cláudia Azevedo, criticou duramente o leilão de frequências do 5G, considerando que o processo em curso, promovido pela Anacom, "não faz sentido nenhum".
Cláudia Azevedo teceu duras críticas ao leilão do 5G que está em curso, considerando que o procedimento “não tem pés nem cabeça”. Para a líder da Sonae, “este leilão não faz sentido nenhum, este leilão não faz sentido nenhum” e que é “inacreditável” a forma como está a decorrer. A Sonae é acionista de referência da Nos.
O leilão do 5G promovido pela Anacom está em curso e vai já no 45.º dia de licitações na fase principal. Em novembro, a gestora tinha avisado que as regras definidas pelo regulador eram um “enorme retrocesso” para o setor de telecomunicações português.
Cerca de quatro meses depois, o leilão está em curso a todo o gás e Cláudia Azevedo não está satisfeita com o que vê. “O que [este leilão] atrai para Portugal são pessoas que não têm compromisso com Portugal, não têm compromisso de investimento e, se não gostarem das rentabilidades, vão-se embora. O 5G é fundamental e o concurso não tem pés nem cabeça”, afirmou a gestora, em resposta a uma pergunta do ECO durante a apresentação dos resultados de 2020.
“Este leilão não faz sentido nenhum, faz reserva de espetro para novos entrantes e impede operadores investidos de ter espetro suficiente para melhorarem muito a cobertura 4G. Não tem nenhuma obrigação de investimento. Podem fazer roaming nas nossas redes”, continuou, atacando, assim, a medida de roaming nacional que tem sido defendida pela Anacom.
Este leilão não faz sentido nenhum, faz reserva de espetro para novos entrantes e impede operadores investidos de ter espetro suficiente para melhorarem muito a cobertura 4G.
Cláudia Azevedo diz que percebe “que quando o regulador fala, a sociedade ache que o que ele diz é verdade”. “É o papel dos reguladores. Bons reguladores fazem setores fortes. Mas, no caso deste regulador, [o que diz] não é verdade”, apontou a gestora.
De seguida, rebateu a ideia de que os preços das comunicações são altos em Portugal, comparativamente com outros países da União Europeia, considerando que a Anacom compara ofertas que as operadoras portuguesas não vendem. “A Anacom diz que os operadores têm margens excessivas. Não é verdade. Gostava, mas não é verdade”, rematou.
O leilão do 5G visa atribuir às operadoras as frequências necessárias para explorarem a próxima geração de rede móvel. O processo contempla duas fases, a primeira exclusiva para empresas fora do setor e a segunda, em curso, aberta a empresas interessadas que tenham apresentado candidatura.
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