100% remoto, 100% presencial… E porque não um modelo entre eles, mais personalizado e flexível?

O segredo está na harmonização entre a dicotomia. Personalizar a 100% e flexibilizar ao máximo são os fatores cruciais,

Personalização e flexibilização são as palavras de ordem, e que criam um outro modelo de trabalho que está no meio de um regime 100% remoto e de um regime 100% presencial, que obriga a uma presença física no local de trabalho. As empresas vão, cada vez e acima de tudo, adaptar-se às necessidades e preferências das suas pessoas, que podem querer trabalhar a partir de casa, de outra cidade ou até de outro país, voltar ao escritório ou adotar um modelo que seja híbrido.

A tb.lx não quis abdicar do escritório precisamente para providenciar esse espaço às pessoas que não têm as melhores condições para trabalhar a partir de casa ou que preferem a rotina no escritório. No entanto, a tecnológica não se opõem, antes pelo contrário, a quem prefira trabalhar à distância.

“Não somos uma empresa fully remote, isso significaria que podíamos contratar de qualquer parte do mundo e que as pessoas estariam lá para sempre. Mas, se o colaborador quiser ir para a Bélgica e trabalhar desde lá durante uns meses, tudo bem”, diz Sara Gorjão, chief people officer da tb.lx by Daimler Trucks & Buses, durante a conferência “Top Tech Career Trends for 2021”, organizada pela Landing.Jobs a propósito do lançamento do estudo que dá nome ao evento.

"O que nós queremos é flexibilizar e dar as melhores condições para as pessoas trabalharem, seja no escritório ou a partir de onde quiserem trabalhar.”

Sara Gorjão

Chief people officer da tb.lx by Daimler Trucks & Buses

“O que nós queremos é flexibilizar e dar as melhores condições para as pessoas trabalharem, seja no escritório ou a partir de onde quiserem trabalhar”, continua. Para Sara Gorjão, já não existem dúvidas que são as empresas que adotarem uma metodologia híbrida ou fully remote que serão as “mais apetecíveis” para o talento.

João Borga, diretor executivo da Startup Portugal e managing director da Rede Nacional de Incubadoras (RNI), e também orador da conferência, está de acordo e considera que as empresas que querem ter os melhores recursos humanos estarão dispostas a dar-lhes o que estes querem. “As melhores empresas querem os melhores quadros e os melhores quadros querem estar remotos, na casa do campo ou junto à praia”, diz.

No fundo, não é preciso ser fully remote para atrair o melhor talento, é preciso responder e corresponder às necessidades do talento, mas sempre com flexibilidade. “Podem ser remote first para atrair o melhor talento”, salienta Pedro Moura, chief marketing officer da Landing.Jobs, acrescentando que a dicotomia entre 100% remoto e 100% office vai acabar por desaparecer ao longo do tempo, harmonizando-se. “Vai haver um galho para cada macaco. Vamos voltar a ter salários em função do valor intrínseco do funcionário para a organização”, refere.

E, com o regime remote first, também os salários saem mais elevados. De acordo com o relatório “Top Tech Career Trends for 2021”, são as pessoas que trabalham em modelos full office que recebem os salários mais baixos.

“Somos bons a criticar-nos e maus a promover aquilo que temos de bom”

Com esta dinamização dos mercados, que possibilita que o talento trabalhe para uma empresa de qualquer parte do mundo e a partir de qualquer parte do planeta, Portugal tem o desafio de continuar a ser um local atrativo, e as empresas a obrigação de continuarem a recomendar o país, projetando-o para o mundo.

Para João Borga, nós, portugueses, “somos muito bons a criticar-nos e muito maus a promover aquilo que temos de bom”. No entanto, o país lusitano tem características que considera privilegiadas, começando nos fatores materiais, como a infraestrutura, saúde e educação gratuitas, e terminando com elementos imateriais, como pode ser a pacificidade e o acolhimento. “Somos o terceiro país mais acolhedor do mundo e muitas vezes somos apontados como o mais acolhedor para estrangeiros. E não é só eu vir para Portugal trabalhar, é também eu ter portugueses na empresa”, afirma.

“Há uns tempos uma pessoa estrangeira que montou uma equipa grande cá dizia-me que uma das principais razões pelas quais veio para cá foi porque é o único sítio onde consegue ter sentados um israelita e um iraniano, e nem um nem o outro se sentem segregados, nem mesmo quando vão para casa, para os seus bairros. Esta cultura não se compra nem se vende, foi gerada pela comunidade e é difícil de replicar”, acrescenta.

"Precisamos de criar programas mais proativos para as pessoas virem cá não só para usufruir do sol, mas para viverem cá.”

Pedro Moura

Chief marketing officer da Landing.Jobs

Para Pedro Moura, além de haver muito bom talento em Portugal e de Portugal ser um país diplomata que une as pessoas, é fundamental continuar a atrair talento tecnológico e, para isso, é preciso criar programas mais proativos para “as pessoas virem cá não só para usufruir do sol, mas para viverem cá”.

Já no que toca ao talento português, o CMO da Landing.Jobs considera que existe uma necessidade enorme de requalificação de talento. “Os programas que já existem não chegam. Precisamos de mais”, diz. “Por todas as razões, temos de trazer ainda mais gente para o setor tech“, remata.

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