Páscoa está mais doce. Da Arcádia à Vieira, estão a sair mais amêndoas

A campanha de Páscoa deste ano está a superar as vendas de 2020. Na Arcádia, Imperial e Vieira as vendas "estão claramente a correr muito melhor" e existe a previsão que sejam superiores a 2019.

Mesmo com o país confinado, a proibição de circular entre concelhos e o dever de recolhimento obrigatório, a tradição de comprar amêndoas na Páscoa ainda se mantém e os portugueses estão a aderir em massa. Arcádia, Vieira de Castro e Imperial estão confiantes com as vendas nesta campanha de Páscoa e adiantam ao ECO que será “claramente melhor que o ano passado”.

A Páscoa é uma tradição milenar e as amêndoas, os ovos de chocolates e os coelhos não podem faltar nesta época festiva. O ano passado, a nível nacional, as vendas sofreram quebras muito significativas, tendo em conta que o país estava confinado, mas este ano, embora confinados pela segunda vez, as expectativas são muito superiores e as fábricas estão a trabalhar a todo gás na produção de amêndoas e chocolates para a Páscoa.

No caso da Vieira, marca 100% nacional com 78 anos de experiência, o balanço das vendas nesta campanha de Páscoa são muito positivas. A administradora revelou ao ECO que estão “bastante otimistas com esta campanha de Páscoa” e prevêem que seja “um verdadeiro sucesso”. “O ano passado foi extremamente difícil, mas este ano diria que vai igualar 2019, que foi a melhor Páscoa da Vieira nos últimos dez anos”, adianta Ana Raquel Vieira de Castro.

Na Arcádia, que vive esta tradição desde 1933, o cenário é semelhante. O administrador que pertence à quarta geração, conta ao ECO que este ano, a campanha de Páscoa “está claramente a correr muito melhor que o ano passado”. “Não há qualquer tipo de dúvidas. A venda de chocolates e amêndoas já estão bem acima do dobro das vendas da campanha de Páscoa de 2020″. Tal como na Vieira, Francisco Bastos destaca que estão “confiantes” que as vendas vão ficar acima do ano de 2019″, antes da pandemia.

Na Imperial, a maior produtora de chocolates a nível nacional, esta campanha de Páscoa está “claramente a superar o ano passadoe as amêndoas continuam a ser “o produto estrela nesta altura“. A CEO, Manuela Tavares de Sousa destaca que “houve uma procura muito positiva e muito superior à do ano passado”. “Este ano as vendas estão a superar muito as de 2020. Estamos a ter um melhor desempenho e nota-se que existe uma regularidade nas compras. A tradição mantém-se, mas ainda não atingimos os níveis de pré pandemia, ou seja a Páscoa de 2019″, refere.

Os gestores da Arcádia e da Viera de Castro reconhecem que as vendas da Páscoa de 2020 correram mal e as quebras foram “bastante significativas” por vários motivos. “Os consumidores estavam assustados, fechados em casa e com medo de sair”, corrobora a administradora da Vieira. “A Páscoa caiu no epicentro da pandemia e houve muitas falhas na operação logística – os retalhistas não tinham os espaços de venda habituais de Páscoa e a própria cadeia logística não funcionou em pleno. Tivemos muito produto que nem chegou a sair dos armazéns para o ponto de venda e não chegou ao consumidor”, detalha Ana Raquel Viera de Castro.

“As pessoas não estavam preparadas para uma realidade desta e a reação inicial foi de proteção. O facto de ter atacado de surpresa desvirtuou o período da Páscoa, mas com o passar do tempo aprendemos a viver nesta realidade e a manter algumas tradições apesar do momento que vivemos e do confinamento”, acrescenta Francisco Bastos. Por isso, neste momento, as empresas já estão “numa curva de ascensão e com resultados muito positivos em relação à atual campanha”, destaca Manuela Tavares de Sousa que dedicou todo o ser percurso profissional à Imperial.

O ano passado foi extremamente difícil, mas este ano diria que vai igualar 2019 que foi a melhor Páscoa da Vieira nos últimos dez anos.

Ana Raquel Vieira de Castro

Administradora da Vieira

Empresas apostam na inovação para conquistar consumidores

Amêndoas, ovos de Páscoa e fantasias e chocolates são alguns dos produtos mais vendidos na Viera durante a Páscoa. Dentro das amêndoas, a perdição dos consumidores são as cláudias e as napolitanas. “São as amêndoas mais vendidas em Portugal”, destaca Ana Raquel Vieira de Castro. Apesar de serem as mais procuradas, a administradora destaca que os “produtos novos, com sabores mais distintos e inovadores, são os que mais crescem e são campeões de vendas nesta Páscoa. Os hábitos têm mudado e está relacionado com as mudanças de gerações”.

Todos os anos, na campanha da Páscoa, a marca lança um novo produto. Este ano o mote é “Leva Amor”: amêndoas premium de chocolate com caramelo gold salgado. “Somos o motor de inovação a nível da campanha de amêndoas de Páscoa. Amêndoas de framboesa, limão, maracujá, laranja, café e chocolate rubi são algumas das apostas ao longo dos anos”, enumera Ana Raquel Vieira de Castro.

A Arcádia também apostou em três novos sabores para adoçar ainda mais esta época festiva: as amêndoas de café, creme de avelã e coco. Paralelamente, aproveitou para fazer renascer uma tradição com 80 anos – o “famoso Pão de Ló da Arcádia”.

Na marca, os produtos mais vendidos na campanha de Páscoa são as amêndoas, os ovos de Páscoa de chocolate e ovos décor recheados com amêndoas. Nas amêndoas, o top de vendas são as clássicas cobertas de chocolate de leite e chocolate negro, as drageias de licor e as amêndoas caramelizadas. À semelhança da Vieira, a Arcádia também introduziu, desde o ano passado, as amêndoas de caramelo salgado.

Estamos a ter um melhor desempenho que em 2020 e nota-se que existe uma regularidade nas compras. A tradição mantém-se.

Manuela Tavares de Sousa

CEO da Imperial

A Imperial, que emprega 225 colaboradores, também continua a manter a sua política de inovação e tem vindo a apresentar uma oferta diferenciadora que se traduz em produtos que alinhados com as grandes tendências do mercado. A CEO explica que existe uma maior procura de produtos ligados à saúde e bem-estar e que as marcas Regina, Jubileu e Pantagruel têm vindo a apostar em produtos dentro de um conceito saudável com gamas de chocolates que vão desde 99% a 100% de cacau, chocolates sem açúcar, sem glúten, veganos.

Fábrica de chocolates Imperial - 18NOV20
Produção de amêndoas na ImperialRicardo Castelo

Nesta Páscoa lançaram umas novas amêndoas da Regina, com chocolate preto com 70% de cacau, vegan e sem glúten. Manuel Tavares Sousa explica que “pegaram num produto ícone como são as amêndoas para dar resposta a estas novas tendências de consumo e ao novo perfil do consumidor e está a ter uma grande recetividade no mercado”. “Sentimos uma procura muito forte em amêndoas com alto teor em cacau”, refere.

A CEO da Imperial constata que, apesar do contexto pandémico, “felizmente, o chocolate continuou a fazer parte do cabaz dos consumidores, embora com um padrão de consumo diferente”. Manuela Tavares de Sousa explica que devido ao confinamento e a todas as restrições “houve uma redução dos produtos de oferta, mas em contrapartida aumentou muito o consumo de tabletes de chocolates e produtos de linha corrente e sobretudo produtos de culinária, onde a marca Pantagruel tem a liderança e teve um crescimento muito expressivo de 25% desde a pandemia até agora. Houve uma grande transferência do consumo da restauração para casa. Os portugueses redescobriram o prazer da culinária e confecionar sobremesas em casa”, constata.

Vendas no online estão a superar as expectativas

Com a pandemia, os hábitos dos consumidores alteraram-se e o e-commerce ganhou destaque. Para o administrador da Arcádia, “2021 é um ano com mais compradores digitais”. “Este setor foi ganhando cada vez mais clientes fruto do atual período que vivemos”, diz Francisco Bastos, que está convicto que “uma grande percentagem destes clientes veio para ficar”.

“Com a pandemia, os consumidores perceberam que podem comprar online, que as coisas correm muito bem e com segurança, porque os produtos chegam à sua casa de uma forma rápida e eficiente. A pandemia acelerou a penetração do e-commerce em Portugal, principalmente nas gerações mais crescidas”, destaca o responsável.

Na Vieira, que emprega cerca de 220 colaboradores, a aposta nas vendas online já fazia parte da estratégia digital da empresa, mas com a pandemia surgiu a necessidade de acelerar o processo. Como tal definiram que, em março, seria a altura de apostar numa loja online e conseguiram alcançar o objetivo. Nesta Páscoa, a Vieira lançou um loja online que permite aos consumidores comprar os produtos à distância de um click. A administradora conta que após o lançamento, a “afluência tem sido muito grande”. “Bem maior do que estávamos à espera, o que nos deixa bastante otimistas”, acrescenta. Para Ana Raquel Vieira de Castro esta aposta nasce com o propósito de terem “mais contacto com os consumidores e perceber melhor aquilo que querem e gostam”.

Na Arcádia, as vendas da campanha de Páscoa começaram mais focadas no online em forma de antecipação. Contas feitas, as vendas através do canal online, em março já foram “três vezes superiores à campanha de Páscoa do ano passado”, sendo que, em “2020, já tinha vendido dez vezes mais que 2019“. Francisco Bastos confessa que não podiam estar mais satisfeitos com estes resultados “frutos da estratégia e da aposta no digital”. “Era uma aposta que já vinha antes da pandemia e é para continuar e para crescer de forma sustentada no futuro”, refere o administrador.

Apesar de começarem mais focados no canal online devido ao período de confinamento, o administrador da Arcádia destaca que com o aproximar da Pascoa decidiram alargar o número de lojas que tinham em regime de takeaway e delivery. “No início do confinamento tínhamos começado apenas com uma loja no Porto e outra em Lisboa a somar aos franquiados, mas decidamos alargar para oito com o aproximar da Pascoa e tem corrido muito bem”, refere.

A campanha da Páscoa está claramente a correr muito melhor que o ano passado, não há qualquer tipo de dúvidas (…) Estamos confiantes que as vendas de 2021 vão ser superiores às de 2019.

Francisco Bastos

Administrador da Arcádia

Para a Arcádia, que emprega 235 colaboradores, neste momento as vendas estão focadas em ambos os canais, apesar de o administrador realçar que estão a assistir “a um forte crescimento no nosso canal online” e estão “encaminhados para que, no final desta Pascoa, a loja online tenha já faturado o total que faturou durante o ano inteiro de 2020”, destaca Francisco Bastos com orgulho.

a Imperial, que está quase a completar nove décadas de história, tem uma estratégica diferente no que respeita aos canais digitais. A maior produtora de chocolate a a nível nacional apostou na presença em marketplaces como a Dott, Amazon, Uber Eats, Glovo e nas lojas online de insígnias como o Continente, Pingo Doce, El Corte Inglês, Auchan, Froiz, entre outros. “Estamos disponíveis em mais de duas dezenas de plataformas de e-commerce que são reconhecidas no mercado e apresentam uma oferta diversificada”, explica Manuela Tavares de Sousa. “É um modo de conseguirmos chegar de uma forma segura aos consumidores dando resposta a estes novos hábitos de consumo e compra que se tem verificado por parte dos consumidores. Apostamos nesta estratégica e julgamos ser a melhor”, afirma a CEO da Imperial.

“É uma forma mais cómoda e mais fácil para os nossos consumidores, tendo em conta que têm uma oferta muito variada, podem comprar os nossos produtos e outros produtos que também queiram comprar”, destaca Manuela Tavares de Sousa. Acrescenta ainda que o custo do porte tem “alguma expressão” e que acaba por ficar “completamente diluído quando um consumidor consegue chegar a um valor que o porte é oferecido.

A Imperial, que está a crescer 5% este ano, sentiu um aumento da procura nos canais digitais. “Estamos a assistir a um aumento na procura dos canais digitais, o crescimento é muito expressivo. A Imperial foi muito ágil e conseguiu ajustar-se muito rapidamente ao crescimento que está a verificar-se no comércio online. Neste último ano reforçamos muito a nossa presença das marcas Regina, Jubileu, Pintarolas e Pantagruel através de parcerias que estabelecemos com um conjunto alargado de plataformas de comércio digital”, adianta a CEO da Imperial que foi vendida recentemente à empresa espanhola Chocolates Valor.

 

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