10 maiores emissores de CO2 em Portugal poluíram menos 28% em 2020

  • Capital Verde
  • 12 Abril 2021

De acordo com a Zero, o ranking das instalações/empresas mais poluentes de Portugal em 2020 no que respeito às emissões de CO2 passou a ser liderado pela refinaria da Galp em Sines.

A lista dos 10 maiores poluidores em Portugal mudou significativamente no espaço de apenas um ano e a responsabilidade é, sobretudo, da pandemia de Covid-19, conclui a associação ambientalista Zero com base nos dados mais recentes do registo de emissões associado ao Comércio Europeu de Licenças de Emissão (CELE).

O ranking das instalações/empresas mais poluentes de Portugal em 2020 no que respeita às emissões de dióxido de carbono (CO2) — principal gás de efeito de estufa causador das alterações climáticas — passou a ser liderado pela refinaria da Galp em Sines (que destronou pela primeira vez a vizinha central a carvão da EDP, entretanto encerrada em 2021) e a TAP registou a maior quebra nas emissões (-76%), descendo nove posições na lista e deixando mesmo de integrar o top 10.

Somou-se ainda uma forte redução no uso de carvão para a produção de eletricidade, que foi substituído pelo gás natural e pelas centrais termoelétricas, que passaram assim a produzir mais e também a poluir mais. Além de mudar a ordem de quem mais polui, as emissões totais das 10 unidades com maiores emissões também caíram 28% entre 2019 e 2020: de 14,6 milhões de toneladas para 10,6 milhões e toneladas, segundo os dados do Comércio Europeu de Licenças de Emissão que integra as principais unidades de setores fortemente emissores de emissões de carbono, nomeadamente centrais térmicas, refinação, cimento, pasta de papel, vidro, entre outras.

“Entre 2019 e 2020, a seriação entre os maiores emissores nacionais sofreu uma das maiores mudanças de sempre por dois motivos: o fim do uso do carvão na produção de eletricidade em 2021, com uma redução já muito significativa em 2020 e a redução da atividade económica em 2020 associada ao impacte da pandemia”, disse a Zero em comunicado, sublinhando que a Central Térmica de Sines, que encerrou a 15 de janeiro de 2021 e que recorria à queima de carvão para a produção de eletricidade, foi sempre a instalação que ocupou o primeiro lugar nas emissões até 2019 inclusive, tendo em 2020 sido agora substituída pela refinaria de Sines.

Em 2020, o top 10 dos maiores poluidores em Portugal foi assim dominado pelo setor da refinação, produção eletricidade a partir da queima de gás natural, produção de eletricidade em Sines recorrendo a carvão e o setor cimenteiro. Nas dez maiores unidades estão agora presentes três cimenteiras (CIMPOR – Alhandra, CIMPOR – Souselas e SECIL – Outão), o que mostra a relevância deste setor em termos de emissões.

De acordo com os números recolhidos pela Zero, a maior subida no ranking entre 2019 e 2020 foi da Central Térmica de ciclo combinado do Pego (a gás natural), que subiu cinco posições e entrou diretamente para o top 10.

Já as maiores descidas foram as da Central Térmica a carvão do Pego (-68%) e também da TAP (-76%, apenas contabilizadas as emissões de voos intraeuropeus), que caíram oito e nove lugares, respetivamente, e saíram da lista das dez mais poluidoras em 2020.

“Se considerarmos o total das empresas nos dez primeiros lugares em 2020, verifica-se um decréscimo de 28% das suas emissões em relação ao ano anterior, o que é uma consequência direta do efeito da pandemia. Várias unidades industriais sobem no ranking mas têm menores emissões em 2020 comparando com 2019”, conclui a Zero.

Na visão dos ambientalistas, “serão as centrais de ciclo combinado a gás natural, a refinaria de Sines, o setor cimenteiro e eventualmente o setor petroquímico que dominarão a seriação das unidades empresariais maiores emissoras de dióxido de carbono”.

O Comércio Europeu de Licenças de Emissão integra as principais unidades de setores fortemente emissores de emissões de carbono, nomeadamente centrais térmicas, refinação, cimento, pasta de papel, vidro, entre outras. Em Portugal há 225 unidades que estão integradas no CELE.

No caso das centrais térmicas utilizando combustíveis fósseis, todas as licenças de emissão têm de ser adquiridas, enquanto noutros setores, parte das licenças é oferecida gratuitamente e parte tem de ser adquirida. O custo da tonelada de dióxido de carbono atingiu um recente máximo absoluto de 44,14 Euros no passado dia 6 de abril de 2021, informou a Zero.

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