Lucro da Galp cai 13% para 26 milhões no primeiro trimestre
Apesar dos resultados estarem em terreno positivo, representam uma quebra de 13% face ao primeiro trimestre de 2020. A Galp anunciou também que a refinaria de Matosinhos fecha até ao final do mês.
A Galp Energia registou um lucro de 26 milhões de euros no primeiro trimestre deste ano, o que representa uma quebra de 13% face ao período homólogo, de acordo com a informação enviada esta segunda-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Os investidores começaram por penalizar os títulos da petrolífera no arranque da sessão, mas rapidamente houve uma inversão de tendência.
“Estes resultados trimestrais, alcançados em condições macro ainda muito desafiantes, denotam uma saudável melhoria, mesmo se comparados com os do mesmo trimestre de 2020, quando apenas tínhamos sentido o impacto inicial dos extraordinários acontecimentos desse ano”, diz o presidente executivo, Andy Brown, em comunicado enviado às redações.
Neste período, os lucros antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) subiram 6% para 499 milhões de euros, em termos homólogos e 21,7% relativamente ao último trimestre de 2020. Este valor é “suportado por um desempenho robusto do upstream, apesar de restrições na produção, o que mais do que compensou a menor contribuição dos segmentos de downstream“, explica a empresa.
“A posição financeira da Galp melhorou e as medidas que tomámos para ajustar o nosso portfolio e para incutir disciplina nos custos tornaram-nos mais fortes para os desafios que ainda temos pela frente”, diz ainda o CEO, no mesmo comunicado.
De acordo com os resultados, a Galp aumentou o investimento 23% nos três primeiros meses do ano, num total de 178 milhões de euros (mais 33 milhões do que no ano anterior) e a dívida líquida aumentou 4% ascendendo agora a 1,55 mil milhões de euros.
A atividade de refinação continua a ter um impacto negativo nos resultados (em seis milhões de euros) tendo em conta a quebra nas margens de refinação, as restrições relacionadas com o aprovisionamento de gás natural, e aos efeitos negativos relacionados com o desfasamento das fórmulas de pricing de produtos petrolíferos, e do acréscimo de custos de regaseificação em Portugal.
A nível comercial a empresa registou uma quebra de 25% nas vendas a clientes de produtos petrolíferos, “refletindo a redução da procura no mercado Ibérico, nomeadamente nos segmentos de aviação, marinha e retalho, como consequência das medidas de confinamento e do ambiente económico menos favorável”. As vendas de gás natural também caíram 26%, “devido aos menores volumes vendidos ao segmento B2B na Ibéria”. Já a venda de eletricidade registou uma subida de 6%, “devido a uma contribuição robusta dos segmentos B2B e B2C, com um aumento do número de clientes”, justifica a empresa.
Refinaria de Matosinhos pára totalmente no final do mês
A refinaria de Matosinhos deverá parar totalmente no final de abril, arrancando então as operações de desmantelamento e mantendo-se as previsões iniciais de uma poupança anual de 90 milhões de euros com o encerramento, anunciou também a Galp.
“A unidade deverá parar totalmente no final deste mês e vamos começar a fase de descomissionamento. A descontaminação será mais tarde e, portanto, do ponto de vista de geração de cashflow, este é um processo que vai demorar muito, muito tempo, mas sem diferenças face aos números previstos”, afirmou o diretor financeiro (CFO) da Galp, Filipe Crisóstomo, durante um webcast para apresentação dos resultados do primeiro trimestre da petrolífera.
Descrevendo como um “número histórico” o valor avançado no ano passado aquando do anúncio do encerramento da refinaria de Matosinhos — uma poupança de custos na ordem dos 90 a 100 milhões de euros anuais –, o CFO disse que “não há, nesta fase, indicações de que os números serão diferentes”.
Segundo precisou, esse valor inclui cerca de 60 milhões de euros de poupanças em despesas operacionais e 30 milhões de euros em despesas de capital recorrentes.
A Galp anunciou no final do ano passado a concentração das suas operações de refinação no complexo de Sines e a descontinuação das operações na refinaria de Matosinhos a partir de 2021.
Num comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a Galp justificou a decisão com as “alterações estruturais dos padrões de consumo de produtos petrolíferos motivados pelo contexto regulatório e pelo contexto Covid-19”, que “originaram um impacto significativo nas atividades industriais de downstreaming”, assegurando que “o aprovisionamento e a distribuição de combustíveis no país não serão impactados por esta decisão”.
(Notícia atualizada às 13h36 com informação sobre refinaria de Matosinhos)
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