Pedro Nuno Santos quer fibra ótica no interior. Altice Portugal diz que as declarações são de “autoincentivo”
Pedro Nuno Santos disse que o interior precisa de ter cobertura total de fibra ótica. Para a Altice, o ministro só pode estar a falar da "falta de investimento do próprio Estado em fibra ótica"
Foi a partir da Covilhã, na inauguração de um troço ferroviário, que o ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, falou também de fibra ótica.
Depois do comboio, disse, a conectividade digital também vai chegar a outros locais que não os sítios do costume, “encostados ao litoral”. “Todo o território tem de estar ligado com fibra ótica. Se quisermos atrair pessoas, temos de lhes dar condições de mobilidade e de trabalho e o interior não pode ficar para trás”, afirmou, citado pelo Expresso.
As palavras não caíram bem em Picoas. Num comentário enviado ao ECO, fonte oficial da Altice Portugal considera que Pedro Nuno Santos só pode estar a falar da “falta de investimento do próprio Estado em fibra ótica”.
“Só a Altice Portugal, desde 2017, investiu cerca de dois mil milhões de euros nesta tecnologia de rede de nova geração — a fibra ótica — levando-a a todos os concelhos de Portugal continental e a praticamente todos os concelhos das ilhas, conseguindo assim que Portugal figure como líder europeu e mundial na fibra ótica”, afirma porta-voz da empresa que detém a Meo.
A Altice Portugal lembra, por isso, que a sua própria rede de fibra já chega a “seis milhões de casas e empresas”, “fruto do investimento totalmente privado” e “voluntário” e realizado “em permanente contacto com os municípios e seus autarcas”. “Por este motivo, atuais detentores de pastas neste Governo, publicamente, no passado recente, se referiram à Altice como ‘substituindo-se ao Estado, neste investimentos nas regiões do interior e de baixa densidade'”, aponta fonte oficial da Altice Portugal.
As declarações tornadas hoje públicas só fazem sentido se forem referentes à falta de investimento do próprio Estado em fibra ótica.
Para a empresa liderada por Alexandre Fonseca, as palavras de Pedro Nuno Santos só podem ser vistas como de “autoincentivo”. “Evidentemente que o país precisa de ter uma cobertura de fibra ótica a 100%, pelo que estas declarações hoje [terça-feira] tornadas públicas podem ser um autoincentivo para quem as profere e, assim, iniciar, agora, apesar de já ser tarde, um investimento que até ao momento o país desconheceu (não só ao nível da fibra ótica, mas até mesmo no que toca a cobertura de voz 2G), e para o qual temos publicamente alertado”, remata.
A empresa de telecomunicações vai ainda mais longe, destacando que a Covilhã, de onde falou Pedro Nuno Santos, “já tem uma taxa de cobertura de fibra ótica de 98%”, tendo ainda “um dos maiores e mais modernos data centers da Europa”. Os concelhos limítrofes, assegura a Altice Portugal, “dispõem, em média, de mais de 95% de cobertura” de fibra da Altice Portugal há já quatro anos.
A empresa destaca ainda o projeto de implementação de fibra no maciço central da Serra da Estrela, que resultou de um investimento de 15 milhões de euros “que levou fibra ótica a mais de 50 freguesias logo no ano de 2018”. “Icónico também é o projeto da Altice Portugal com todas as 12 aldeias históricas”, que dispõem de velocidades de download e upload “em tudo iguais ao Marquês de Pombal, em Lisboa”, garante a empresa.
“Talvez fosse bem lembrar que o setor das telecomunicações ainda aguarda um agradecimento público por ter sido responsável pelo sucesso do teletrabalho e da escola à distancia essenciais para a sobrevivência do país em tempos de confinamento, em consequência da pandemia que nos assola”, aponta ainda a dona da Meo.
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