Gestão do Novo Banco tem bónus de 3,9 milhões à espera em 2022

Os bónus são diferidos, mas a polémica não. Novo Banco voltou a dar prémios à administração depois de prejuízos. Decisão não caiu bem no Governo e Fundo de Resolução vai descontar no cheque.

O Novo Banco levou um puxão de orelhas do Governo e do Banco de Portugal no ano passado por ter atribuído prémios à gestão no valor de dois milhões de euros. Apesar da polémica, o banco liderado por António Ramalho resolveu distribuir novamente bónus no valor de 1,86 milhões e voltou a ser alvo de críticas da parte dos mesmos intervenientes. Ainda que as decisões tenham merecido reparos até do Presidente da República, a administração do banco tem já à sua espera um cheque 3,9 milhões no próximo ano.

Por conta dos compromissos com Bruxelas, o Novo Banco está temporariamente impedido de pagar prémios à administração. Pode, ainda assim, atribuí-los e fazer o pagamento depois de concluído o período de reestruturação, que acontece já no final deste ano. Ou seja, os bónus têm a via livre já em 2022.

Há um ano, o banco liderado por António Ramalho anunciou um bónus diferido de 1,997 milhões de euros. Valor ao qual se irá somar os 1,86 milhões de prémios anunciados esta semana e que têm colocado o Novo Banco na mira do Ministério das Finanças, Banco de Portugal, Presidente da República e partidos.

E nem com as salvaguardas que deixou a instituição tem conseguido baixar o tom das críticas. No relatório e contas de 2020, que publicou na terça-feira à noite, o Novo Banco deixou várias observações quanto a este tema: em primeiro lugar, lembrou que ainda nenhum pagamento foi efetuado; depois, os montantes atribuídos estão sujeitos a “ajustes futuros”, podendo o valor ser inferior ao que foi anunciado ou mesmo zero.

Ainda assim, enquanto o Banco de Portugal diz ser uma “má ideia” pagar prémios tendo em conta a situação de pandemia, os partidos políticos atacaram aquilo que consideram ser “inaceitável”, “imoral” e “obsceno” num banco que tem apresentado prejuízos milionários e tem sobrevivido à custa dos apoios do Fundo de Resolução.

Para atribuir estes prémios, o Novo Banco teve de criar provisões no mesmo valor tendo em conta a responsabilidade futura assumida com o conselho de administração. Uma vez que daqui decorreram impactos nas contas do banco e no capital do banco, o Fundo de Resolução subtraiu e vai subtrair novamente o valor dos bónus das injeções para a instituição ao abrigo do mecanismo de capital contingente, tendo transmitido essa decisão na assembleia geral do banco a 6 de abril.

O Novo Banco registou prejuízos de 1.329 milhões de euros em 2020, e anunciou que vai pedir ao Fundo de Resolução quase 600 milhões de euros. Contudo, o Fundo de Resolução só deverá transferir 430 milhões de euros pois há um montante de 166 milhões, relacionado com provisões relativas à descontinuação da operação em Espanha, que não deve ser pago.

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