Exportações de bens crescem face a 2019 graças a Espanha, França e EUA
As exportações de bens de Portugal já estão a crescer face a 2019, beneficiando da maior procura do mercado espanhol, francês e norte-americano. No ano passado houve ganhos de quota de mercado.
O desempenho das exportações de bens no arranque de 2021 está a ser a surpresa do ano. Durante o segundo confinamento, as empresas portuguesas conseguiram não só exportar mais bens do que no primeiro confinamento como mais do que em 2019, antes da pandemia. Este aumento é explicado principalmente pela procura externa vinda de Espanha, França e Estados Unidos.
Os economistas já esperavam “uma pequena surpresa positiva” nas exportações de bens no primeiro trimestre, como disse João Borges de Assunção, da Católica, ao ECO, e como antecipava o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, quando disse que o aumento das exportações de bens no início deste ano face a 2019 era um resultado que em maio de 2020 “não seria previsto por nenhum dos analistas”.
Os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que as exportações de bens deram um salto no primeiro trimestre de 2021 face ao mesmo período de 2020, apesar do segundo confinamento. Mas o mais surpreendente é que as vendas de bens ao exterior já estão a registar subidas face a 2019, o ano anterior à pandemia. Nessa ótica, as exportações de bens apresentam um crescimento de 3%.
Essa subida representa cerca de 500 milhões de euros em bens exportados a mais durante o primeiro trimestre de 2021, num total de 15,4 mil milhões de euros, face ao primeiro trimestre de 2019 (14,9 mil milhões de euros). Em 2020, por causa da pandemia, as exportações de bens tinham descido cerca de mil milhões de euros durante o mesmo período, face a 2019.
Focando apenas em março de 2021, a exportação de mais bens portugueses teve origem em muitos países, mas há três que se destacam: Espanha, que importou mais 137 milhões de euros em bens portugueses (+10,6%), França, que importou mais 88,5 milhões (+12,6%), e os Estados Unidos, que importaram mais 71 milhões de euros, segundo os cálculos do ECO com base nos dados do gabinete de estatísticas.
Na desagregação entre o comércio intra-União Europeia e extra-UE, o desempenho foi mais forte para os países fora da UE. Contudo, há um problema de comparação: o Reino Unido em 2019 e 2020 estava registado como sendo comércio intra-UE, mas deixou de o ser no início de 2021.
Entre as principais categorias de bens exportados, em março, o maior crescimento face a 2019 foi dos fornecimentos industriais (+13,3%), principalmente para Espanha, seguindo-se o material de transporte com uma subida de 4,1%.
A expectativa das empresas portuguesas é que as exportações de bens cresçam 4,9% em 2021, mas o desempenho atual fica acima.
Bens portugueses ganharam quota de mercado em 2020
Não haverá apenas uma explicação para este desempenho das exportações de bens. Desde logo, há problemas na comparação: março de 2019 teve menos 3 dias úteis que março de 2021, tal como relembra o INE. Além disso, os stocks das empresas oscilam consoante a existência de mais ou menos restrições para controlar a pandemia, o que tem impacto no fluxo “normal” das exportações.
Ainda assim, é de notar alguns efeitos que ajudam a explicar este desempenho. Ao contrário de Portugal que enfrentou uma vaga logo em janeiro e fevereiro, em alguns países europeus esse aumento de infeções só chegou em março e abril, afetando menos a procura externa por bens portugueses durante o primeiro trimestre.
Além disso, durante o primeiro ano da pandemia as empresas portuguesas conseguiram reforçar a sua quota de mercado em 1% nos mercados externos, principalmente no comércio com Espanha e França. Em termos de categorias, o ganho de quota resultou dos contributos dos produtos alimentares, dos minérios e metais comuns e das máquinas e aparelhos elétricos, de acordo com uma análise do Banco de Portugal divulgada no boletim económico de maio.
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