Caixa com 9% do crédito em moratória em maior risco mas sem “pessimismo”
Caixa chegou ao final de março com quase seis mil milhões de euros de crédito em moratória, dos quais 532 milhões estão em risco mais elevado de incumprimento.
A Caixa Geral de Depósitos (CGD) chegou a março com 5,99 mil milhões de euros de crédito em moratória, o que representa uma descida 1,1 mil milhões de euros em relação ao pico registado em setembro. Quase 9% do crédito em moratória encontra-se em stage 3, isto é, em situação de maior risco de incumprimento. Ainda assim, não há razões para “pessimismo”, disse o presidente do banco, Paulo Macedo.
“No stage 3 temos um conjunto de crédito com imparidade, mas dois terços está coberto por imparidade. O stage 3 não coberto é muito baixo”, sublinhou Paulo Macedo na conferência apresentação dos resultados da Caixa.
Por outro lado, Paulo Macedo lembrou que o banco teve “sinais pouco significativos em termos de acréscimo de imparidades”, quando acabou a moratória de março. “Tivemos um acréscimo de crédito vencido muito pouco significativo”, disse o gestor.
Os dados da CGD revelam ainda que 40% do crédito em moratória tem hipoteca de propriedade residencial e 16% tem hipoteca de propriedade comercial.
O banco reforçou as imparidades para crédito em 60 milhões de euros no primeiro trimestre. Desde o início da pandemia, a Caixa já registou no seu balanço cerca de 370 milhões de euros em imparidades para fazer face a eventuais incumprimentos nos empréstimos.
Paulo Macedo disse não estar “pessimista” se estas duas condições se concretizarem: por um lado, “o aumento da taxa de vacinação, o aumento da mobilidade e o encerramento do lockdown total; e, por outro lado, se materializarem os apoios que estão a ser equacionados, e já foram falados, para apoiar as empresas no final de setembro”.
“Quanto às imparidades, não haverá se as empresas estiverem bem. Só há se as empresas não conseguirem cumprir. E isso vai depender da pandemia, da mobilidade, da retoma da atividade, acabar com o lockdown de certas atividades”, declarou o CEO da Caixa.
Comissões bancárias sem mais subidas este ano
Depois da subida das comissões no início deste mês, Paulo Macedo descartou mais aumentos nos preços dos produtos bancários, relembrando que a Caixa pratica o preçário mais baixo da banca portuguesa.
“Não temos qualquer intenção de haver qualquer aumento de preçário até final do ano. Relembro que, de qualquer maneira, o que tivemos foi uma redução de preçário em janeiro e depois algum ajustamento em maio”, referiu o CEO do banco público. Desde 1 de maio que o banco acabou com as isenções nas comissões de manutenção na generalidade dos produtos e promoveu alterações os critérios de bonificação nas contas pacote.
Paulo Macedo espera que as receitas com comissões aumentem em produtos fora do balanço do banco, isto é, com fundos de investimento e com seguros. “A nossa perspetiva relativamente às comissões é que, à semelhança dos outros anos, haja um crescimento da atividade sobretudo nos produtos fora de balanço, nos produtos que não propriamente do core de atividade bancária”.
Sobre o relançamento da venda do banco no Brasil, Paulo Macedo disse que “a esperança é que agora apareçam interessados com propostas interessantes”, depois de uma primeira tentativa falhada. “Temos alguns indícios disso, que haja ofertas que sejam positivas para a Caixa e que permitam a alienação de um banco que é relevante mas que tem poucos clientes portugueses”.
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