“Teletrabalho foi improviso” na maior parte das empresas, diz CIP. “Não foi exemplo do que pode ser” o regime

Um terço das empresas reportaram estar a recorrer ao teletrabalho, no inquérito da CIP. Redução de custos foi sentida na energia, mas houve também aumento de gastos com equipamentos informáticos.

A Confederação Empresarial de Portugal (CIP) defende que as empresas e os trabalhadores “não estavam preparados” para o teletrabalho, pelo que o que se verificou durante a pandemia foi “improviso”. Desta forma, não foi ainda um exemplo do que este regime pode ser, notam. Os patrões apelam à necessidade de um pacto para a recuperação económica, que chegue a todas as empresas.

“O teletrabalho foi improviso na maior parte dos casos, uma medida para travar o contágio”, defendeu Armindo Monteiro, na apresentação do inquérito feito às empresas em Portugal, em conjunto com o Marketing FutureCast Lab do ISCTE. “As empresas e os trabalhadores não estavam preparados, o esforço de todos foi notável a adaptar à medida”, admitiu.

Assim, a experiência durante a pandemia “não foi nem de perto nem de longe exemplo do que pode ser o teletrabalho”. Para o vice-presidente da CIP, “alguma da discussão que está a acontecer hoje está enviesada porque está a avaliar-se pelo que foi e não pelo que pode representar”.

Os patrões defendem que é “necessário equilíbrio entre as partes” nesta matéria, pelo que “não se deve legislar apenas no contexto da pandemia, mas de forma a que o teletrabalho seja um instrumento útil e adequado para o futuro”.

No inquérito, que recebeu mais respostas dos setores da indústria e da energia, um terço das empresas estavam a recorrer ao teletrabalho. As que tiveram aumento de custos (33%) indicam que foi para aquisição de equipamentos informáticos, sendo que algumas também notaram despesas com cibersegurança e armazenamento de dados.

Por outro lado, algumas empresas (21%) indicam diminuição de custos na energia, e 10% viram uma redução dos custos das instalações e limpezas. A maioria (68%) classificou como “nada significativo” o impacto da redução de custos do teletrabalho. No entanto, Pedro Esteves, do ISCTE, sinaliza que estes dados ainda terão de ser aprofundados noutros inquéritos para tirar conclusões.

Recuperação está a ser desigual para empresas, diz CIP

Ao tirar o pulso às empresas, foi possível perceber que já existe alguma recuperação nas empresas, com mais em pleno funcionamento, melhores perspetivas de investimento e de perspetivas de regresso a níveis pré-pandemia. No entanto, a CIP nota que esta recuperação está a ser feita de forma desigual, apelando a que sejam dadas ferramentas específicas.

Há uma “diferença entre médias e grandes empresas, para as micro e pequenas: o nosso tecido empresarial não é homogéneo e por isso a resposta à crise também não é”, aponta Armindo Monteiro. O responsável reitera que “a resposta a esta crise tem sido assimétrica”, sendo que “ empresas e setores que necessitam de determinadas ferramentas”. “Não pode haver resposta universal para todas as dificuldades”, acrescenta.

Esta divergência verifica-se, por exemplo, nas expectativas de vendas das empresas para o segundo trimestre de 2021, onde a perspetiva negativa é sobretudo nas microempresas, com 43% a esperar um comportamento negativo. Já nas grandes empresas a expectativa de crescimento é verificada em 54% das respondentes.

A CIP aponta como um indicador preocupante o facto de que, entre as empresas que não se candidataram a apoios públicos, 43% não o fizeram porque não preenchem as condições necessárias de elegibilidade. Isto mostra que “medidas não estão dimensionadas para empresas que neste momento mais necessitariam de recorrer a apoios”, sinalizou Monteiro.

Para além disso, a maioria das empresas que respondeu ao inquérito (85%) continua a considerar que os programas de apoio estão aquém (ou muito aquém) do que necessitam.

Tendo em conta o cenário traçado no inquérito, a CIP acredita numa recuperação económica em K: “Há empresas e setores que vão recuperar muito rapidamente e outros que não”. Os dados mostram também que alguns estão mais otimistas em relação à recuperação no setor do que na região onde operam, o que mostra que a “recuperação não é homogénea”.

Quanto à recuperação do setor para níveis pré-pandemia, 24% das empresas consideram que a recuperação se dará até ao final de 2021, o que representa uma melhoria face aos 10% das respostas do mês anterior. Por outro lado, apenas 15% considera uma recuperação da região até ao final do ano.

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