BCE alerta para vaga de insolvências e pede prudência nas medidas
"A retirada de medidas tem que ser prudente, não pode ser prematura para que não ponha em causa a recuperação que está a decorrer", sublinhou Luís de Guindos.
O vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Luís de Guindos, alertou este sábado, em Lisboa, para a possibilidade de ocorrência de uma vaga de insolvências, advertindo para a necessidade de prudência no alivio das medidas de apoio ao setor privado.
“A retirada de medidas tem que ser prudente, não pode ser prematura para que não ponha em causa a recuperação que está a decorrer”, afirmou Luís de Guindos, em conferência de imprensa, no encerramento de dois dias de reuniões informais dos ministros das Finanças da Zona Euro (Eurogrupo) e da União Europeia (Ecofin).
O responsável do BCE alertou para a possibilidade de ocorrência de uma vaga de insolvências no setor privado, notando ser necessário, numa fase posterior, circunscrever as medidas de apoio “para evitar efeitos negativos e lançar o setor privado na Europa”.
Já ao nível da tributação, que ressalvou não ser da competência do BCE, Luís de Guindos lembrou que o clima vai ter um impacto na inflação e na solvência dos bancos, vincando ser assim necessário tomar uma posição. “Uma análise recente do BCE indicou que a pandemia pode levar a uma perda de quase 3% no crescimento do PIB [Produto Interno Bruto] até 2023, por isso, é importante fazer uma boa utilização dos fundos, nomeadamente do ‘Next Generation’”, acrescentou.
Em resposta aos jornalistas, o vice-presidente do BCE referiu, por outro lado, que, antes da pandemia de Covid-19, os bancos estavam “bem capitalizados, embora com uma baixa possibilidade de lucro”, sendo agora necessário ter “cautela” face ao PIB e ao crédito malparado, “que se encontram desfasados”.
De Guindos reiterou também que a retirada das medidas de apoio deve ser “muito gradual e em função da evolução da economia” para que não interrompa a trajetória positiva verificada.
BCE quer condições monetárias e orçamentais “favoráveis” à recuperação
O vice-presidente do Banco Central Europeu considerou este sábado que apesar de a recuperação económica “estar a avançar”, é importante ter “condições monetárias e orçamentais” favoráveis.
“Há uma recuperação que está a avançar, vamos ver quais são as provisões e como vão evoluir. O que posso dizer é que a perspetiva é bastante mais positiva do que a que tínhamos há três ou seis meses atrás”, apontou Luís de Guindos. O vice-presidente do BCE ressalvou ser necessário ter “condições monetárias e orçamentais favoráveis” para que a recuperação económica possa continuar.
Na sexta-feira, a presidente do BCE e antiga líder do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, defendeu que os níveis “de um ponto de vista de política monetária estão longe do objetivo” do BCE. A líder do banco central observou também que recentemente os juros das dívidas soberanas têm estado a crescer, algo que Frankfurt está a “monitorizar de perto”. “Em junho, teremos novas projeções, aquando da nossa reunião do Conselho de Governadores, e nessa altura faremos uma avaliação conjunta atualizada da favorabilidade das condições de financiamento, no contexto das novas previsões de inflação”, referiu.
BCE aconselha retirada “gradual” e “prudente” das moratórias
O vice-presidente do Banco Central Europeu recomendou este sábado que a retirada de medidas de apoio económico implementadas para enfrentar a pandemia, como as moratórias bancárias, seja feita de forma “gradual” e “prudente”. “As moratórias são umas das medidas de apoio que foram implementadas e sobre as quais estamos a recomendar e a predicar que a sua retirada seja muito gradual e muito prudente”, disse Luis de Guindos.
O objetivo, para o BCE, é evitar “uma retirada prematura das medidas de apoio”. “Temos visto, a nível europeu, relativamente às moratórias, que nos empréstimos que saíram dos esquemas de moratórias, o nível de crédito malparado é bastante limitado“, salientou.
Luis de Guindos lembrou ainda que “os primeiros empréstimos a sair dos sistemas [de moratórias] são os melhores”, e os que continuam sob moratória “são os que são mais complicados e de menor qualidade”. O responsável do BCE advogou por uma “abordagem equilibrada” à questão, com “cuidado” relativamente a todas as medidas de apoio. “Isto aplica-se completamente às moratórias”, concluiu.
A adesão às moratórias públicas por parte de empresas e particulares terminou em 31 de março, permitindo que, no máximo, os encargos com o crédito (capital e/ou juros) possam ser diferidos por mais nove meses. Regra geral, contudo, a moratória pública termina em 30 de setembro.
(Notícia atualizada às 16h00)
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