TVI24 vai desaparecer para dar lugar à CNN Portugal
O canal de informação TVI24 vai deixar de existir para dar lugar à nova CNN Portugal, que continuará a ser operada pela Media Capital, confirmou ao ECO fonte oficial da empresa.
O canal de informação TVI24 vai desaparecer, “evoluindo” para dar lugar à nova CNN Portugal, disse ao ECO fonte oficial da Media Capital, sem indicar quando é que a mudança vai produzir efeito.
Esta informação surge no dia em que a empresa anunciou à CMVM ter assinado com a estação televisiva norte-americana “um memorando de entendimento para um acordo de licenciamento que prevê a criação da CNN Portugal”.
“O canal será programado e operado pela Media Capital sob licença da CNN, a qual também fornecerá formação, consultoria e acesso a conteúdo de todo o portefólio da CNN”, informou o grupo, num comunicado que não fazia qualquer referência ao futuro da TVI24.
Mas o ECO sabe que a decisão está tomada. Mário Ferreira, principal acionista da Media Capital e presidente do conselho de administração da empresa, vai mesmo ser entrevistado esta segunda-feira à noite no “J8” — o jornal da TVI — para apresentar a novidade ao público. (Mário Ferreira também é acionista do ECO.)
A estratégia é ambiciosa: a CNN, uma marca de informação de peso a nível internacional, substituirá a TVI24, o atual canal de informação da Media Capital. A alteração da marca vai mudar a grelha de TV paga em Portugal, que passará a contar com RTP3, SIC Notícias e CNN Portugal como os principais canais portugueses especializados em notícias.
“O grupo Media Capital está a apresentar um novo modelo de media e uma nova opção de jornalismo. Em setembro, tomou posse a nova direção de informação cujo objetivo foi posicionar o jornalismo da TVI. Trabalhámos recentemente na reestruturação programática da TVI24. Todas estas operações permitiram chegar onde estamos agora: a um acordo de licenciamento com a marca mais prestigiante do jornalismo internacional”, indica fonte oficial da empresa.
Na nota enviada aos mercados, a Media Capital refere ainda que partilha os valores da CNN de rigor, liberdade e independência e que considera que esta é uma parceria relevante para “o futuro do audiovisual português”. Ao ECO, fonte oficial acrescenta também que “a possibilidade de o grupo Media Capital trabalhar e lançar a marca mais importante do jornalismo mundial é um enorme desafio e um marco histórico para a indústria dos media em Portugal”.
A CNN chegou ao primeiro país de língua portuguesa no ano passado, com a primeira emissão da CNN Brasil em março de 2020. Um ano depois chega a Portugal, pelas mãos da Media Capital.
“O jornalismo televisivo português é vibrante e tem uma longa tradição, mas a vasta experiência internacional da CNN, o seu conhecimento profundo da realidade de vários países e mercados, vai desde já promover uma competição saudável pela atenção do público, que estamos certos que se traduzirá em fazer mais e melhor informação”, considera fonte oficial da empresa.
Media Capital assume nova estratégia
Há cerca de ano e meio, as perspetivas para a Media Capital, e para a TVI em concreto, eram radicalmente diferentes. O grupo esteve perto de ser comprado pela Cofina, dona do Correio da Manhã e da CMTV. Na altura, a Cofina recusou que pretendesse fundir os dois canais, mas suscitou preocupações de algumas entidades. Foi o caso do Sindicato dos Jornalistas, que se assumiu “preocupado com o impacto” da operação na concentração dos media em Portugal.
O negócio da Cofina e da Prisa, então acionista principal da Media Capital, caiu por terra em 2020, com a chegada da pandemia, e Mário Ferreira acabou por adquirir uma posição maioritária. A Prisa, por sua vez, vendeu as restantes ações que ainda detinha em parcelas minoritárias a uma série de outros investidores, sendo a atual estrutura acionista da Media Capital muito diferente daquela que existia por esta altura no ano passado.
Há dias, o ECO noticiou que a TVI se financiou em oito milhões de euros numa emissão de obrigações colocadas numa oferta particular. Não se sabe quem foram os subscritores destes títulos nem qual o objetivo deste financiamento.
Segundo a Media Capital, “a CNN Portugal vai compartilhar a mesma marca da rede nos Estados Unidos, pioneira na transmissão de notícias 24 horas por dia, mas funcionará com licença própria e operacionalizada em Portugal”. “Com a CNN Portugal, o grupo Media Capital vai capitalizar o seu passado recente e reafirmar-se como um competidor-chave no mercado português de notícias”, acrescenta.
De recordar que, além da TVI e da nova CNN Portugal (em breve ex-TVI24), o portefólio da Media Capital é ainda composto por rádios como a Comercial e pela produtora de conteúdos Plural, bem como por uma série de plataformas de conteúdos na internet.
Dona da CNN em momento de viragem
A expansão da marca CNN para Portugal acontece ainda num momento de viragem para a própria cadeia norte-americana: a sua principal acionista, a operadora de telecomunicações AT&T, decidiu desistir do negócio de media.
A AT&T comprou a antiga Time Warner (atualmente chamada WarnerMedia, dona da HBO e da CNN) em 2016, por um montante de 110 mil milhões de dólares. Um ano antes, tinha investido 67 mil milhões de dólares para comprar a DirectTV, uma operadora de televisão por cabo nos EUA.
Em fevereiro, a AT&T fez o spin-off da DirectTV num negócio avaliado em “apenas” 16 mil milhões (o que implica a desvalorização acentuada do ativo). E, na semana passada, AT&T voltou a surpreender o mercado ao anunciar a fusão da WarnerMedia com a Discovery.
A fusão vai dar origem a uma nova gigante dos conteúdos que ainda não tem nome e será liderada por David Zaslav, atual líder da Discovery. Quanto à AT&T, deixará formalmente de ter uma operação no setor de media.
(Notícia atualizada pela última vez às 14h09)
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