Novos casos por Covid-19 estão a aumentar há quatro semanas. Hospitalizações começaram agora
Com o desconfinamento, a média semanal de infeções está a subir há quatro semanas consecutivas. No entanto, números estão muito longe do pico da 3ª vaga. Maio foi o mês com menor registo de óbitos.
Se durante a terceira vaga da pandemia, mais concretamente em janeiro, o país esteve nas “bocas do mundo” pelas piores razões ao bater consecutivos recordes, com a vacinação contra a Covid-19 a aumentar a bom ritmo, a situação epidemiológica do país está bem mais controlada. No entanto, o desconfinamento provocou, naturalmente, uma maior mobilidade e, consequentemente, o índice de transmissibilidade (Rt) e a incidência do vírus estão a aumentar.
Desde que arrancou o desconfinamento, a 15 de março e até esta segunda-feira, Portugal contabilizou 34.580 novas infeções, em termos acumulados, num total de mais de 849 mil casos identificados desde o início da pandemia. Se compararmos com os valores registados no “pico” da terceira vaga a diferença é muito significativa. Só no mês de janeiro foram identificados 306.838 casos por Covid-19, ou seja, quase nove vezes mais do que o número registado nas últimas 11 semanas (dois meses e três semanas).
Mas se a situação epidemiológica em Portugal está atualmente bem longe da situação vivida no “pico” da terceira vaga, também é verdade que se está a registar um aumento do número de infeções. Desde que arrancou o desconfinamento, o número de infeções acumuladas a nível semanal está a subir há quatro semanas consecutivas.
Só nos últimos sete dias (entre 24 de maio e 30 de maio), Portugal registou 3.434 novos casos por Covid-19, o que dá, em média, aproximadamente 491 casos por dia. Se olharmos para a semana anterior (de 17 a 23 de maio), tinham sido registadas 3.042 novas infeções nessa semana (cerca de 435 casos por dia). Ou seja, na última semana houve, em média, mais 56 casos por dia.
Já na semana de 10 a 16 de maio, foram registados 2.600 novos casos acumulados (uma média de 371 por dia), enquanto que na semana de 3 de maio a 9 de maio houve 3.205 novos casos (em média 329 por dia).
Não obstante, foi na semana de 5 a 11 de abril, altura em que arrancou a fase do plano de desconfinamento, que se alcançou o registo mais elevado a nível semanal desde que arrancou o desenconfinamento. Nesse período, foram identificados 4.159 novos casos por Covid-19, o que perfaz cerca de 594 casos por dia.
Esta situação reflete-se também nos casos ativos em Portugal, isto é, nas pessoas que estão atualmente a lutar contra a doença. Os dados referentes até esta segunda-feira apontam que há neste momento 22.933 casos ativos no país, dos quais 111 nas últimas 24 horas, valor que contrasta com o recorde de 7.935 casos ativos atingido a 20 de janeiro. Não obstante, também este indicador tem vindo a aumentar nos últimos dias, estando a subir há seis dias consecutivos.
Na sequência do desconfinamento, e dado que Portugal é atualmente um dos países da Europa onde os índices de mobilidade estão mais elevados, o Rt – que mostra quantas pessoas cada infetado contagia, em média — revela que este indicador está a subir em todo o território nacional desde meados deste mês, tendo-se fixado nos 1,07 esta segunda-feira, o que o coloca Portugal na zona amarela da matriz de risco do Governo.
Também a incidência, um dos outros indicadores que mede a bússola do desconfinamento, voltou a subir, estando agora nos 63,3 casos por 100 mil habitantes a nível nacional e em 60,4 casos por 100 mil habitantes no continente (na última atualização estes valores eram 59,9 e 56 respetivamente). “Se mantivermos esta taxa de crescimento durante várias semanas, o valor dos 120 casos por 100 mil habitantes será atingida dentro de um a dois meses”, avisou o investigador Baltazar Nunes, na última reunião do Infarmed, na passada sexta-feira.
Apesar deste aumento da incidência e do Rt, é na taxa de mortalidade e nos internamentos que se sentem as maiores diferenças face aos meses anteriores. Entre 15 de março e até esta segunda-feira, morreram 331 pessoas em Portugal vítimas da Covid-19. Se compararmos com os 5.576 óbitos declarados em todo o mês de janeiro, trata-se de uma diminuição de 5.245 mortes registadas. No total, desde o início da pandemia já morram mais de 17 mil pessoas.
E mais. Nos últimos sete dias, Portugal registou o menor número de óbitos acumulados, desde que foi registado o primeiro óbito pela Covid-19 em Portugal, a 16 de março de 2020. Entre 24 de maio e esta segunda-feira, foram declarados apenas oito óbitos associados ao novo coronavírus, o registo mais baixo de sempre numa semana.
Só no mês de maio, Portugal contabilizou 51 óbitos por Covid-19, ou seja, o menor número de óbitos registado num mês desde o início da pandemia, já que o anterior recorde era em agosto, período em que faleceram 87 pessoas vítimas da doença.
De notar que o crescente aumento do ritmo de vacinação em Portugal, bem como o facto da população com mais de 65 anos estar praticamente toda vacinada (92% das pessoas entre os 65 e os 79 anos já têm pelo menos uma dose da vacina) tem uma grande influência na situação epidemiológica do país, já que 96% dos óbitos declarados em Portugal e associados à Covid foram registados nas faixas etárias acima dos 60 anos. Além isso, segundo o último relatório de vacinação divulgado pela DGS, há já mais de 3,5 milhões de portugueses vacinados com uma dose da vacina (o que representa 34% da população), dos quais mais de 1,6 milhões de cidadãos já completaram o processo de vacinação (16% da população).
Também o número de hospitalizações e pessoas internadas em cuidados intensivos estão longe dos números alcançados no “pico” da terceira vaga. Não obstante está já a refletir-se com a subida de novos casos. Esta segunda-feira, estavam 283 pessoas internadas em enfermaria geral, das quais 52 em unidades de cuidados intensivos. Estes números contrastam com os sucessivos recordes batidos no início deste ano: a 1 de fevereiro chegaram a estar 6.869 pessoas internadas por complicações associadas à Covid-19, um máximo de sempre, e quatro dias depois era batido novo recorde, com 904 internadas em UCI.
Assim, nos últimos dias têm-se verificado um ligeiro aumento do número de pessoas hospitalizadas, já que, por exemplo, a 21 de maio estavam apenas 207 pacientes em enfermaria geral (um mínimo desde, pelo menos, novembro de 2020). Já o número de pessoas em UCI tem estabilizado, sendo que no passado sábado estavam apenas 49 doentes internados nestas unidades a nível nacional.
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