Costa classifica partilha de dados de ativistas russos como “processo administrativo”

  • Lusa
  • 14 Junho 2021

"Ninguém me vai pedir seguramente explicações sobre processos administrativos", pois “ninguém tem dúvidas” sobre o papel de Portugal relativamente à Rússia, disse o primeiro-ministro.

O primeiro-ministro, António Costa, disse esta segunda-feira, à chegada à cimeira da NATO, que não espera que ninguém o questione sobre a partilha de dados pessoais com Moscovo, pois “ninguém tem dúvidas” sobre o papel de Portugal relativamente à Rússia.

À chegada ao quartel-general da Aliança Atlântica, em Bruxelas, o chefe de Governo, questionado sobre se estava preparado para dar explicações aos seus Aliados sobre a transmissão de informações sensíveis a Moscovo por parte da Câmara Municipal de Lisboa, disse estar seguro de que tal não sucederá, e invocou mesmo os tempos conturbados do PREC (Processo Revolucionário em Curso), após o 25 de abril de 1974, como argumento.

“Bom, ninguém me vai pedir seguramente explicações sobre processos administrativos, porque ninguém tem dúvidas sobre qual é o papel de Portugal relativamente à Rússia. Já ninguém teve dúvidas quando, durante o PREC, qual foi a posição que Portugal e a maioria dos portugueses tomaram, quando em plena ‘guerra fria’ estava em causa saber de que lado nos colocávamos. Essa é uma dúvida que felizmente não existe”, respondeu.

Os chefes de Estado e de Governo da NATO reúnem-se hoje em Bruxelas para “reforçar o laço transatlântico”, abordar os desafios criados por China e Rússia, e projetar o futuro da Aliança num mundo de “competição global”, naquela que é a primeira cimeira com a participação do novo Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.

Entre os temas que os Aliados abordarão estará o “comportamento agressivo da Rússia”, numa altura em que prossegue a polémica em Portugal em torno da transmissão, pela autarquia lisboeta às autoridades russas, dos dados pessoais – nomes, moradas e contactos – de três ativistas russos que organizaram em janeiro um protesto, em frente à embaixada russa em Lisboa, pela libertação de Alexey Navalny, opositor do governo russo.

O presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, admitiu que foi feita a partilha de dados pessoais dos três ativistas, pediu “desculpas públicas”, assumiu que foi “um erro lamentável que não podia ter acontecido” e anunciou que pediu uma auditoria sobre a realização de manifestações no município nos últimos anos.

O caso originou uma onda de críticas e pedidos de esclarecimento da Amnistia Internacional e de partidos políticos, além de Carlos Moedas, candidato do PSD à Câmara de Lisboa, ter pedido a demissão de Fernando Medina. O embaixador da Rússia em Portugal já assegurou que a embaixada eliminou os dados dos manifestantes do protesto contra o governo de Putin realizado em Lisboa, frisando que as informações não foram transmitidas a Moscovo.

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