Aqui o fim de semana começa mais cedo. Estas empresas dão a sexta-feira
Há organizações que oferecem a tarde de sexta-feira aos colaboradores e outras que decidem mesmo implementar um horário de verão muito mais reduzido, que abrange todos os dias da semana.
Chega o verão e algumas empresas avançam com novas políticas, mais flexíveis, que permitem aos colaboradores aproveitar melhor os dias de sol. São encaradas como um incentivo ao bem-estar e ao equilíbrio entre a vida pessoal e profissional e as pessoas agradecem, especialmente depois de 18 meses tão desafiantes e incertos.
Entre as empresas que decidem “relaxar” as suas políticas, o mais comum é encurtar o horário de trabalho. Algumas organizações optam por oferecer a tarde de sexta-feira aos colaboradores, para que o fim de semana comece mais cedo, outras decidem mesmo implementar um horário de verão muito mais reduzido e que abrange todos os dias da semana.
É o caso da Atrevia. “No mês de agosto contamos com um horário de verão, diferente do que praticamos ao longo do ano, e trabalhamos de segunda a sexta-feira, das 8h00 às 15h00”, conta Ana Margarida Ximenes, presidente da Atrevia Portugal.
E, para além desta medida, durante todo o ano, às sextas-feiras, o horário é mais flexível: das 9h às 15h, uma política que já vai mais ao encontro da famosa semana de quatro dias de trabalho, que tem sido alvo de discussão e reflexão por parte de patrões e governos. “Para podermos usufruir deste benefício, o nosso horário de almoço de segunda a quinta-feira passou de uma hora e meia para uma hora.”
“Estes horários têm sido possíveis de aplicar garantindo sempre resposta às necessidades dos nossos clientes, o que requer organização e confiança nas equipas. Todos estamos contactáveis e disponíveis para qualquer situação que requeira a atuação imediata”, refere Ana Margarida Ximenes, salientando que estas medidas de flexibilidade de horário são muito valorizadas pelos colaboradores.
O objetivo é proporcionar um maior equilíbrio entre a vida profissional e a vida pessoal e, ao mesmo tempo, fomentar uma cultura de flexibilidade. “É uma medida que já existia na nossa casa mãe, em Espanha, e que também procurámos integrar na realidade dos escritórios de Portugal desde há alguns anos”, conta a presidente da consultora de comunicação.
A Bayer também tem políticas semelhantes, ainda que não abranjam nem a semana toda nem todo o dia. Centram-se, como aliás é mais comum entre as organizações que mudam um pouco as suas políticas no verão, nas tardes de sexta-feira. Quando chega a época estival, a empresa do setor farmacêutico decide que “ninguém trabalha na tarde de sexta-feira”. “O objetivo é que os colaboradores tenham para tempo para eles mesmos”, conta Maria João Lourenço, diretora de recursos humanas da empresa, à Pessoas.
Além disso, nesta altura do ano, o escritório da Bayer “migra” do edifício, em Carnaxide, para o jardim da empresa. “A Bayer tem, felizmente, um jardim onde podemos trabalhar”, diz, acrescentando que muitas reuniões já estão a ser feitas ao ar livre. “Eventualmente até podemos ter mais inspiração [trabalhando no jardim], porque todos estamos fartíssimos de estar fechados dentro de edifícios.”
Na Everis NTT Data, o horário de verão é implementado todos os verões desde 2018. A medida, que abrange os meses de junho a agosto, pretende “promover a flexibilidade e a conciliação das várias dimensões da vida e, mediante algumas condições, permite-nos não trabalhar às sextas-feiras à tarde”, explica Margarida Calado, head of people da Everis NTT Data Portugal à Pessoas.
“Procuramos ter benefícios que estejam alinhados com aquilo que acreditamos e defendemos, porque vemos os benefícios como uma forma de se viver a nossa cultura e os nossos valores”, acrescenta a líder de pessoas da tecnológica que já conta com mais de 1.300 pessoas.
À semelhança da Everis NTT Data, a By já implementou o seu horário de verão e, este ano, até o antecipou para que os colaboradores pudessem desfrutar de mais tempo livre. Desde junho e até agosto, as pessoas da agência iniciam também os seus fins de semana logo às 15h00 de sexta-feira, sendo-lhes dada o resto da tarde.
“O horário de verão está enraizado na cultura da By e é um momento do ano muito valorizado e esperado por todos. Este ano trouxe-nos crescimento, mas exigiu muito de nós e desafiou ainda mais a nossa criatividade, capacidade de adaptação e inovação, soft skills e espírito de resiliência. E o sucesso que temos tido nesta altura tão desafiante devemo-lo a todos os nossos byanos”, afirma Rita Baltazar, partner da empresa, citada em nota de imprensa.
“Sabemos que é essencial fazer uma pausa, para se ganhar ainda mais energia. E se for a aproveitar o sol lá fora, ainda melhor”, acrescenta, salientando que, ao todo, são 22 tardes de sexta-feira para o dolce far niente e 66 horas adicionais para aproveitar o bom tempo. Este ano, a medida tem um significado especial: “é uma forma de reconhecimento pelo empenho dos colaboradores durante a pandemia da Covid-19“.
Nas “big four”, a PwC anunciou, logo em abril, que ia dar as tardes de sexta-feira aos seus 1.600 trabalhadores em Portugal, independentemente da função, do cargo, do tempo de casa, e sem redução do salário. A notícia surgiu depois da congénere inglesa ter divulgado que, no Reino Unido, todos os funcionários, incluindo trabalhadores em part-time (nesses casos, terão direito a um desconto proporcional ao horário de trabalho), passariam a ter um dia por semana de horário reduzido durante, pelo menos, os meses de verão.
Na prática, em Portugal, entre 1 de maio e 30 de setembro, cada trabalhador pode escolher oito tardes para gozar livremente.
Semana de quatro dias ganha força em Portugal
Estas medidas podem ser encaradas como uma espécie de aproximação à semana de quatro dias de trabalho. A verdade é que, embora a ideia não seja nova, tem adquirido maior importância depois da pandemia. E já há casos nacionais a semear a mudança no horário laboral.
Depois de Espanha, Japão e Islândia terem dado passos importantes no sentido de reduzir a semana de trabalho para 32 horas de trabalho, a Feedzai, unicórnio português com sede em Coimbra e escritórios nos Estados Unidos, anunciou que vai testar, durante o mês de agosto, uma dinâmica de trabalho de quatro dias semanais, dando a possibilidade aos colaboradores de poderem desfrutar de três dias inteiros de tempo para dedicarem às suas vidas pessoais.
A experiência, que acontece em agosto de forma a minimizar riscos (já que muitas pessoas estão de férias), servirá de “teste sobre como funciona para determinarmos qual será o próximo passo”, explicou Dalia Turner, VP of people da tecnológica, em entrevista à Pessoas, dando como exemplo o “bom feedback da Islândia e de outros países”.
“Penso que será desafiante avançarmos sozinhos como empresa, mas estamos intrigados com a ideia”, disse.
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