UGT suspeita de cartelização na banca para despedimentos no setor
A UGT manifestou numa carta ao primeiro-ministro, a suspeita de que existe cartelização entre os grandes bancos para uma redução inédita de postos de trabalho no setor.
A UGT manifestou esta quinta-feira, numa carta ao primeiro-ministro, a suspeita de que existe cartelização entre os grandes bancos para uma redução inédita de postos de trabalho no setor, alegando os efeitos da pandemia da Covid-19.
“A situação na banca é tão dramática que a UGT e os seus sindicatos do setor (Mais Sindicato, SBN e SBC) se atrevem a suspeitar que existe cartelização entre os grandes bancos para uma redução histórica e inédita de postos de trabalho no setor à custa da pandemia e dos seus efeitos”, alertou a central sindical numa carta a António Costa.
A UGT questiona na missiva a possibilidade de, “em nome de um eventual fator concorrencial”, todos os bancos terem “decidido em simultâneo extinguir milhares de postos de trabalho”.
Uma centena de sindicalistas da UGT manifestaram-se esta quinta-feira junto à residência oficial do primeiro-ministro, em Lisboa, onde entregaram uma carta reivindicativa a reclamar urgência na resolução dos problemas dos trabalhadores portugueses.
Na carta dirigida a António Costa, a central sindical expõe “um conjunto de preocupações, que afetam centenas de milhares de trabalhadores”, no contexto da pandemia da Covid-19, “aproveitado por muitos para promover a desregulação laboral, impondo restruturações agressivas e intoleráveis pela pressão e assédio”.
Lembrando a disponibilidade de sempre da UGT e dos seus sindicatos para o diálogo social, a central criticou alguns membros do Governo por não compreenderem as virtudes da negociação coletiva, nomeadamente os ministros da Educação, da Saúde, da Justiça e da Administração Pública.
“O exemplo vem sempre de quem está no topo da governação do Estado. E o setor privado copia sempre o que de pior o Estado exemplifica”, diz o documento.
A carta salienta “a destruição de milhares de postos de trabalho”, em empresas como a TAP, a Altice e na banca, “situações a que urge pôr cobro”.
A carta, com oito páginas, fala ainda do bloqueio da negociação coletiva e da secundarização da concertação social.
Defende que sejam retomados os valores das indemnizações por despedimento que vigoravam antes da intervenção da ‘troika’ e a imposição ao setor privado de limites nos despedimentos e rescisões.
A carta da UGT, aprovada por unanimidade em secretariado nacional, termina com a central a disponibilizar-se para “transmitir de viva voz as preocupações que grassam na sociedade portuguesa e que carecem de uma resposta social e política urgente”.
A entrega da carta foi antecedida por discursos de protesto de dirigentes das principais estruturas sindicais da UGT.
Foi o caso de José Abraão, secretário-geral da Federação de Sindicatos da Administração Pública, que reclamou a retoma das negociações no setor, com vista à melhoria dos salários e das carreiras, sob pena de serem desencadeados protestos nacionais ou setoriais, nomeadamente greves.
Antes da concentração de protesto, durante a manhã, realizou-se a reunião mensal do secretariado nacional da UGT que aprovou uma moção em defesa dos trabalhadores bancários, vítimas de despedimentos, e a reivindicar a intervenção do Governo para que acabe com “o clima de chantagem e medo que se vive na banca”.
Grandes bancos portugueses preveem cortar milhares de postos de trabalho, sendo BCP e Santander Totta os que têm processos mais ‘agressivos’.
O Santander Totta tem um plano de reestruturação que prevê a saída de mais 685 pessoas através de reformas antecipadas e rescisões por mútuo acordo (sem acesso a subsídio de desemprego), depois de centenas já terem saído desde setembro de 2020. A comissão de trabalhadores estima que as saídas ascendam a 1400 funcionários entre setembro de 2020 e o mesmo mês deste ano.
Já o BCP quer que saiam 1.000 empregados através de reformas antecipadas ou rescisões por mútuo acordo (sem acesso a subsídio de desemprego).
A UGT aprovou ainda uma moção a reclamar o cumprimento do Acordo coletivo das Águas de Portugal e o Acordo de Empresa da EPAL, nomeadamente a atualização dos salários.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
UGT suspeita de cartelização na banca para despedimentos no setor
{{ noCommentsLabel }}