Futebol está de volta. Com público nos estádios e menos milhões em transferências

Sporting defende o título com Porto e Braga à espreita e Benfica em novo ciclo. Público está de regresso aos estádios numa temporada com menos milhões em transferências. Arranca a Liga Bwin.

Arranca neste fim de semana a edição 2021/22 da liga de futebol. O campeão Sporting defende o título conquistado na época passada e dá o pontapé de saída frente ao recém promovido Vizela no estádio de Alvalade, esta sexta-feira, já com público nas bancadas. Depois de cerca de um ano e meio a ver futebol pela televisão devido às restrições impostas pela pandemia, os adeptos vão poder voltar aos estádios, ainda que de forma controlada.

Miguel A. Lopes/LUSA
Adeptos do Sporting festejaram o título de campeão nacional 19 anos depois da última conquista.EPA/MIGUEL A. LOPES

Numa primeira fase, já em vigor, os recintos desportivos estão autorizados pela Direção Geral de Saúde a preencher 33% da sua lotação e todos os adeptos que se deslocarem aos estádios vão ter de apresentar prova de vacinação completa ou um teste negativo ao Covid-19. Mas, de acordo com as resoluções do Governo no conselho de ministros de 29 de julho, os limites de lotação poderão terminar quando a taxa de vacinação completa da população atingir os 85%. Se as estimativas se confirmarem, estádios cheios, só a partir de outubro.

Com o público de regresso às bancadas, este ano é também marcado pela mudança de designação da principal liga de futebol em Portugal. A Liga NOS vai passar a chamar-se Liga Bwin, depois de a plataforma de apostas online adquirir os direitos de naming sponsor da competição para as próximas cinco temporadas. Apesar de não ter havido uma comunicação oficial dos valores da parceria, de acordo com O Jogo, o contrato poderá rondar um valor total de 35 milhões de euros.

O que já não é propriamente novidade é a luta pelo título entre os “três grandes” do futebol português. Nesta época 2021/22, SL Benfica e FC Porto vão atrás do prejuízo, na tentativa de recuperar o título de campeão nacional ganho pelo Sporting na temporada passada depois de um “jejum” de 19 anos.

Mas, favoritismos à parte, existem duas incógnitas. Será o Benfica capaz de ultrapassar o “terramoto” causado pela detenção de Luís Filipe Vieira na operação “Cartão Vermelho” e garantir a estabilidade necessária para o clube atingir os seus objetivos? E será desta que o SC Braga se afirma em definitivo na luta entre os grandes pelo título de campeão nacional? Já alguém dizia no alto da sua sabedoria futebolística: “Prognósticos? Só no final do jogo”.

Novo ciclo no Benfica?

Facto incontornável: o Benfica entra para a nova época a viver um dos momentos mais conturbados da sua história depois de Luís Filipe Vieira ter sido detido sob suspeitas de burla, abuso de confiança e branqueamento de capitais, levando Rui Costa a assumir a presidência do clube.

O cenário de crise diretiva ficou temporariamente afastado apesar de a liderança de Rui Costa não reunir consenso. O próprio afirmou, em entrevista à TVI, que “jamais aceitaria ser príncipe herdeiro” de Luís Filipe Vieira, deixando a garantia que o Benfica terá eleições até ao final do ano.

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Rui Costa assume presidência da Administração da SAD do Benfica durante uma declaração à comunicação social no Estádio da Luz.MIGUEL A. LOPES/LUSA

Ao mesmo tempo, temia-se que o repentino clima de instabilidade pudesse pôr em causa o empréstimo obrigacionista de 35 milhões de euros anunciado pelo clube em julho mas, apesar disso, a operação teve sucesso junto dos investidores depois de a SAD “encarnada” arrecadar o valor pretendido.

Os tempos conturbados que se vivem lá para os lados da Luz contrastam assim com o clima de estabilidade dos eternos rivais Sporting e FC Porto e uma eventual falha no acesso à Liga dos Campeões (seria o segundo ano consecutivo) poderia fazer mergulhar o Benfica numa crise desportiva e financeira mais profunda. A primeira mão da terceira pré-eliminatória correu bem aos encarnados.

Depois de gastos recorde, “águias” ajustam-se à realidade do futebol nacional

Com as duas últimas temporadas a serem fortemente impactadas pela pandemia de Covid-19, na presente edição do campeonato, o FC Porto e especialmente o SL Benfica foram comedidos nas suas contratações e focaram-se especialmente na venda de ativos, casos como Danilo Pereira nos “dragões” ou Pedrinho nas “águias”. O Sporting foi o único emblema dos “três grandes” que gastou mais do que aquilo que recebeu em vendas.

Começando pelo Benfica, as “águias” têm-se mostrado mais conservadoras durante a presente janela de transferências em relação ao ano passado, altura que ficou marcada pelos mais de 100 milhões de euros gastos em contratações. Até ao momento, o emblema orientado por Jorge Jesus desembolsou um total de 24 milhões de euros em passes de jogadores: Roman Yaremchuk (Gent) custou 17 milhões de euros, Soualiho Meïté (Torino) 6 milhões de euros e, por fim, o português Gil Dias (Mónaco) 1,5 milhões de euros.

A custo zero chegaram ainda à Luz duas caras bem conhecidas do futebol português: o ex-sportinguista João Mário e Rodrigo Pinho, do Marítimo. Feitas as contas, chegaram ao Benfica cinco novos jogadores.

Quanto às vendas, o Benfica destacou-se até ao momento como o clube nacional que maior receita gerou com a saída de jogadores neste mercado de transferências, somando um total de 35 milhões de euros. As “águias” realizaram a maior venda deste defeso, com a saída de Pedrinho para o Shakhtar Donetsk por 18 milhões de euros.

O emblema agora liderado por Rui Costa despediu-se ainda de Nuno Tavares, que saiu para os ingleses do Arsenal a troco de oito milhões de euros, e de Franco Cervi, com o argentino a ser vendido ao Celta de Vigo por quatro milhões de euros. Também Caio Lucas (dois milhões de euros), Krovinovic (1,5 milhões de euros) e Alfa Semedo (1,5 milhões de euros) abandonaram o Benfica nesta janela de transferências e contribuíram em cinco milhões de euros para a receita final das “águias”.

Analisando agora a política de contratações do FC Porto, esta temporada os “dragões” recorreram ao mercado de transferências na tentativa de enriquecer o atual plantel. A equipa de Sérgio Conceição gastou até à data cerca de 20,7 milhões de euros em transferências de jogadores, sendo que a contratação mais cara foi a do médio Pepê, vindo do Grêmio. No total, foram gastos 15 milhões de euros no atleta brasileiro.

Além de Pepê, o emblema azul e branco fez mais duas transferências, ao adquirir os direitos desportivos de Bruno Costa (Portimonense), por 2,5 milhões de euros, e Fábio Cardoso (Santa Clara), por 2,2 milhões de euros. Por fim, o FC Porto pagou um milhão de euros ao Liverpool pelo empréstimo de Marko Grujic.

Em termos de vendas, o FC Porto teve uma receita de 21 milhões de euros com a saída de dois jogadores. O internacional português Danilo Pereira mudou-se a título definitivo para o Paris Saint-Germain, em troca de 16 milhões de euros, e Chidozie Awaziem foi vendido ao Boavista por cinco milhões de euros. Referência ainda para Marega, que trocou o FC Porto pelo Al Hilal, na Arábia Saudita, a custo zero.

Por fim, o Sporting CP foi o mais controlado nas contratações ao gastar apenas 5,5 milhões de euros, valor que foi desembolsado na totalidade no passe do lateral Ricardo Esgaio (Sp. Braga). Chegou ainda a Alvalade, o português Rúben Vinagre por empréstimo de um ano.

Na questão das receitas, os “leões” foram ainda mais comedidos nas operações e encaixaram algum dinheiro apenas com a saída de Josip Misic para o Dinamo Zagreb por um montante a rondar os dois milhões de euros. Lumor e Antunes abandonaram o clube verde e branco a custo zero, não rendendo qualquer montante ao Sporting.

Campeão nacional com o terceiro plantel mais valioso da Liga

Mesmo sendo o atual detentor do campeonato nacional, da Taça da Liga e da Supertaça, o Sporting continua a ser o clube com menor valor de mercado total dos “três grandes”. Segundo os dados disponibilizados pelo Transfermarkt, a equipa “leonina” está avaliada em 236,8 milhões de euros, um valor inferior ao dos plantéis do FC Porto (284,5 milhões de euros) e Benfica (323,3 milhões de euros).

Todavia, quando comparado aos valores do ano passado, a equipa liderada por Rúben Amorim valorizou cerca de 125,4 milhões de euros, a maior subida registada na Liga portuguesa. Já os ‘dragões’ valorizaram cerca de 54,6 milhões de euros desde setembro do ano passado e as ‘águias’ 17 milhões.

Clubes com melhor avaliação do campeonato.Lídia Leão/ECO

De destacar também os clubes posicionados do outro lado do espetro. Arouca, Vizela e Estoril-Praia, que subiram este ano ao principal escalão, são os emblemas com os planteis menos valiosos do campeonato nacional.

De acordo com o Transfermarket, o clube da Vila de Arouca é neste momento o emblema com menor valor de mercado da Liga Bwin, com uma avaliação de 6,7 milhões de euros, ou seja, 48 vezes mais baixa que a do Benfica. Logo a seguir temos os ‘estorilistas’ com um plantel avaliado em 8,3 milhões de euros e o Vizela em 10,9 milhões de euros.

Nuno Mendes no topo dos jogadores mais valiosos

As várias conquistas desportivas e o papel nuclear no plantel do Sporting na época passada colocam, sem supresa, Nuno Mendes no topo dos jogadores a jogar em Portugal com a melhor avaliação do mercado à entrada da edição 2021/22 do campeonato nacional. O lateral de 19 anos passou de um valor de mercado de sete milhões de euros, em agosto do ano passado, para 40 milhões de euros, atualmente.

Em segundo lugar da lista surge Jesús Corona, jogador do FC Porto, com uma avaliação de 30 milhões de euros. Ao contrário de Nuno Mendes, o médio mexicano viu o seu valor de mercado estagnar desde o início da temporada transata. A fechar o pódio, encontra-se o colombiano Luís Díaz, também ele atleta dos ‘dragões’, com uma avaliação a rondar os 25 milhões de euros, o que representa um crescimento de sete milhões em comparação com o mesmo período do ano passado.

Jogadores mais valiosos da Liga Bwin.Lídia Leão/ECO

 

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