“Não há capacidade de recolocar trabalhadores da Dielmar noutras empresas”, alerta sindicato

Sindicato Têxtil da Beira Baixa destaca que não existe capacidade para recolocar trabalhadores da Dielmar noutras empresas como sugeriu o presidente da autarquia de Castelo Branco.

O presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco, José Augusto Alves, revelou que estava em cima da mesa a hipótese de recolocar os 300 colaboradores da Dielmar em empresas da região. O Sindicato Têxtil da Beira Baixa considera que “não existe essa capacidade” e lembra que só na região existem mais de duas mil pessoas desempregadas.

“Não há capacidade de outras empresas da região absorverem os trabalhadores da Dielmar. É impensável”, destaca ao ECO, a dirigente do Sindicato Têxtil da Beira Baixa, Marisa Tavares. O ECO voltou a contactar José Augusto Alves para saber em que ponto está o processo, tendo em conta que tinha anunciado que iria ter reuniões no final da semana para tentar encontrar soluções, mas o edil de Castelo Branco disse não ter mais nada a acrescentar por agora.

Para o sindicato, a “única solução é o Governo meter os pés a caminho para arranjar uma solução para Dilemar”.

Face ao futuro incerto dos 300 colaboradores da Dielmar, a dirigente do Sindicato Têxtil da Beira Baixa destaca que os mesmos têm, neste momento, “uma espada sobre a cabeça” e que têm de ser tomadas “medidas com urgência” para que dia 18 de agosto, após o período de férias, a empresa volte a laborar e os trabalhadores tenham o seu posto de trabalho disponível. Mas também que o processo de insolvência seja “correto, coerente, controlado e fiscalizado” e que sejam encontradas “soluções ideais”.

O sindicato da Beira Baixa concorda com as declarações do ministro da Economia que disse que o “dinheiro público não serve para salvar empresários”, mas destaca que o “dinheiro deve ser usado para salvar empresas e postos de trabalho”. Siza Vieira afirmou que o Governo “vai encontrar uma solução que salvaguarde aquilo que tem solução na empresa, que são os trabalhadores, e que assegure que estes possam estar ao serviço da economia”.

O Governo já veio dizer que está empenhado em encontrar “novas entidades” que sejam capazes de dar um “destino útil” à Dielmar, mas alertou que “não vale a pena meter agora dinheiro bom em cima de uma empresa que não tem salvação”, realçando que a empresa está a ser acompanhada pelos governos “há mais de uma década”, acumulando mais de oito milhões de euros em dinheiros públicos investidos na empresa.

A Dielmar culpou a pandemia da Covid-19 pela falência, mas o ministro da Economia disse que a situação vivida pela empresa “é anterior à crise provocada pela pandemia, tendo-se prolongado pelos últimos dez anos”. Pedro Siza Vieira acusa ainda a empresa de má gestão.

Empresas não foram contactadas pela autarquia albicastrense

O ECO contactou o grupo Goucam, especializado na confeção de vestuário que está presente em várias cidades, inclusive em Castelo Branco; a Fitecom, produtora de tecidos laneiros; e a Benoli Confeções, ambas localizadas em Tortosendo. Todas confirmaram ao ECO que não foram contactadas pela autarquia.

“O presidente da Câmara de Castelo Branco nunca entrou em contacto com o grupo Goucam nem para esta situação nem para nenhuma. Não houve nenhum contacto da autarquia para saber se estaríamos interessados em recolocar seja quem for. É fácil dizer coisas, fazer é que não vejo nada”, esclareceu ao ECO, José Carlos Castanheira, CEO da Goucam, que emprega 390 colaboradores, em Viseu, Castelo Branco e Arganil.

Também o CEO da Fitecom, que empresa 200 colaboradores, relata que “ninguém entrou em contacto com a empresa“. João Carvalho, que lidera esta empresa da Covilhã, explica ao ECO que a empresa “não é uma solução viável”, essencialmente devido à distância (50km) que separa a Dielmar da Fitecom e porque operam em “áreas distintas”. A empresa de Tortosendo fabrica tecidos e a Dielmar dedicava-se à confeção. No entanto, o presidente da autarquia disse que essa transição de colabpradores até podia passar por empresas de outras áreas de negócio.

A 200 metros da Fitecom está a Benoli Confeções com 150 colaboradores. Apesar de não ter recebido nenhum contacto da autarquia, o gestor Pedro Duarte, conta ao ECO que estariam dispostos a aceitar esta solução se a autarquia ajudar com o transporte, por exemplo. “Existe falta de mão de obra especializada a nível de confeção no interior e precisamos de boas costureiras”, reconhece Pedro Duarte.

“Na zona onde está situada a Benoli existem, no mínimo, cinco grandes empresas de confeção. Se o presidente da autarquia de Castelo Branco colaborar, por exemplo, com um transporte que faça a deslocação entre Alcains e a Covilhã, parece-me uma solução viável. Estas fábricas, no seu conjunto, empregam cerca de mil colaboradores”, destaca o gestor.

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