População empregada atinge máximo em mais de duas décadas

Havia 4.842,7 mil pessoas empregadas, em Portugal, em julho, valor que não só representa uma subida em cadeia e e em termos homólogos, como corresponde a um marco histórico.

À medida que o país desconfina e a pandemia perde força, o mercado laboral dá sinais de retoma. Em julho, a população empregada voltou a aumentar, passando a corresponder a 4.842,7 mil pessoas. Tal número é, segundo os dados disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística, o mais alto desde, pelo menos, 1998.

De acordo com a nota estatística divulgada esta terça-feira, no sétimo mês de 2021, a população empregada cresceu 0,8% face ao mês anterior e 5,3% face ao período homólogo de 2020. Dito de outro modo, há agora mais 39,5 mil pessoas com trabalho em Portugal do que em junho e mais 238,2 mil do que em julho de 2020.

Tal reflete o efeito do processo de desconfinamento progressivo do país na economia, com a generalidade dos empregadores (exceto aqueles aos quais se continuam a aplicar restrições mais severas, como as discotecas) a aproximarem-se, passo a passo, da “normalidade”.

Esse número é, além disso, sinónimo de um marco histórico já que é o mais alto desde, pelo menos, 1998. Em mais de 20 anos de dados, nunca a população empregada tinha atingido um nível tão elevado. Aliás, o segundo valor mais expressivo nesse histórico foi registado também este ano (em junho de 2021) e o terceiro também (em maio de 2021). É, depois, preciso recuar a setembro de 2019 para encontrar o próximo valor nessa tabela.

População empregada está em níveis históricos

Fonte: INE

É importante salientar que, no início de agosto, aquando da publicação dos dados trimestrais do emprego, o Ministério do Trabalho destacou, precisamente, a evolução recordista da população empregada. Isto já que, entre abril e junho de 2021, Portugal atingiu um total de 4,81 milhões pessoas empregadas, valor mais alto desde, pelo menos, 2011.

No caso dos dados trimestrais, é esse o ano mais antigo para o qual há dados disponíveis (2011). Já quanto aos dados mensais, o INE vai mais longe e mostra a evolução desde 1998, daí que seja agora possível indicar que a população empregada está em máximos de mais de duas décadas.

Para os anos mais longínquos, o gabinete de estatística português disponibiliza, por outro lado, os dados da população empregada por anos e também em comparação com esses valores julho de 2021 brilha. Por exemplo, em 1992 (ano mais remoto para o qual há dados disponíveis), havia 4.340,7 mil pessoas empregadas em Portugal, menos meio milhão do que agora.

De notar, por outro lado, que a crise pandémica fez a população empregada emagrecer, mas apenas nos períodos de confinamento mais intensivo, isto é, só se verificaram quebras em cadeia em março, abril e maio de 2020, dezembro desse ano e janeiro de 2021. Nos demais meses, à boleia do alívio das restrições, a população empregada conseguiu ir recuperando, o que contribuiu para o recorde agora verificado.

Além de na população empregada, os sinais positivos também se fazem sentir no desemprego e na subutilização do trabalho.

Em julho, a taxa de desemprego situou-se em 6,6%, tendo caído em cadeia pelo segundo mês consecutivo. Apesar da retoma sinalizada, há ainda mais 6,8 mil pessoas desempregadas do que em fevereiro de 2020, último mês que o país viveu sem o impacto da pandemia.

Também na subutilização do trabalho — que agrupa desempregados, subemprego, inativos à procura de trabalho, mas não disponíveis e inativos disponíveis, mas que não procuram trabalho — julho foi sinónimo de um recuo, tanto em cadeia (menos 0,3 pontos percentuais) como em termos homólogos (menos 3,2 pontos percentuais). No início da pandemia, a passagem de empregados diretamente a inativos (à boleia do impacto das restrições à mobilidade na procura por emprego) levou a que o desemprego ficasse “escondido”, pelo que a melhoria também deste indicador é agora importante para a recuperação do mercado laboral.

Desde o início da pandemia que o Governo tem disponibilizado uma série de medidas extraordinárias para evitar um disparo do desemprego. Esses apoios, tem insistido o Executivo, foram e continuam a ser fundamentais para o cenário positivo que as estatísticas pintam agora do mercado de trabalho português.

Em entrevista, o primeiro-ministro, António Costa, garantiu recentemente que essa “rede de segurança” se irá manter em 2022, mas esses apoios têm conquistado contornos diferentes, nos últimos meses, tornando-se mais difícil, por exemplo, o acesso a eles.

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