OCDE revê PIB da Zona Euro em alta e prevê crescimento de 5,3% em 2021

Apesar de ter revisto em baixa o crescimento mundial e dos Estados Unidos, a OCDE está mais otimista com a recuperação da economia na Zona Euro.

A Organização para o Comércio e o Desenvolvimento Económico (OCDE) reviu em alta as previsões económicas para a Zona Euro em 2021 e 2022, e reviu ligeiramente em baixa o crescimento mundial e dos Estados Unidos. Para este ano, a revisão é de um ponto percentual, o que significa que o conjunto dos 19 países do euro vai crescer 5,3%. Em 2022, o crescimento do PIB europeu será de 4,6%, avançou a instituição esta terça-feira.

Este maior otimismo da OCDE com a economia europeia acompanha a revisão em alta feita pelo Banco Central Europeu (BCE) há duas semanas e reflete os dados do PIB do segundo trimestre e os indicadores avançados do terceiro trimestre. A recuperação económica na Europa está a ser mais rápida do que o esperado, graças à aceleração do processo de vacinação, que colocou os países europeus no topo do ranking mundial, e ao controlo da pandemia durante o verão, apesar da variante Delta.

Assim, após a contração de 6,5% em 2020, a economia da Zona Euro vai crescer 5,3% este ano e 4,6% em 2022, cimentando a retoma da crise pandémica e recuperando muito mais rapidamente deste impacto do que da crise financeira e da crise das dívidas soberanas, estima a OCDE.

Entre as principais economias europeias, o maior crescimento será protagonizado por Espanha, com um avanço de 6,8% em 2021 e 6,6% em 2022. Contudo, importa recordar que a economia espanhola também tinha sido a mais afetada pela crise pandémica, ao cair 10,8% em 2020. Segue-se França com um crescimento de 6,3% e 4% e Itália com um crescimento de 5,9% e 4,1% em 2021 e 2022, respetivamente.

A Alemanha está em contraciclo, tendo a previsão sido revista ligeiramente em baixa para 2,9% em 2021, menos quatro décimas face à previsão de maio. Já a de 2022 foi revista em alta, para 4,6%. O país vai a eleições daqui a poucos dias, a 26 de setembro, e enfrenta também uma maior taxa de inflação do que os outros países da Zona Euro.

Nesta atualização das previsões económicas da OCDE, Portugal não é abrangido. Em maio, a organização previa um crescimento do PIB português de 3,7% em 2021 e de 4,7% em 2022.

Fonte: Interim Economic Outlook da OCDE.

Sem margem para dúvidas, apesar de rever o PIB mundial — que já ultrapassou o seu nível pré-pandemia — ligeiramente em baixa, a OCDE entende que o crescimento económico acelerou este ano graças ao apoio das políticas orçamentais e monetárias, o programa de vacinação e o levantamento da maioria das restrições. A economia mundial deverá crescer 5,7% (menos uma décima face ao estimado em maio) em 2021 e 4,5% em 2022 (mais uma décima), sendo que a OCDE faz questão de assinalar a “forte retoma na Europa”.

Nos Estados Unidos, o PIB vai crescer 6% este ano (menos nove décimas do que em maio) e 3,9% no próximo ano (mais três décimas), existindo a expectativa por parte da OCDE de que haverá mais apoio orçamental à recuperação norte-americana em 2022. A redução da taxa de poupança por parte dos cidadãos em todo o mundo também deverá dar um empurrão à economia, principalmente nos países avançados.

Inflação subiu “bruscamente”, mas mantém-se “relativamente baixa” na Europa

A OCDE admite que a inflação subiu “bruscamente” em economias como as dos EUA, Canadá, Reino Unido e algumas economias emergentes, mas considera que esta se mantém “relativamente baixa” na Europa, como é o caso da Zona Euro, e na Ásia, como é o caso do Japão, onde haverá deflação este ano (-0,4%). Na Zona Euro, a taxa de inflação deverá atingir 2,1% este ano (2,9% na Alemanha), mas logo em 2022 volta a ficar abaixo da meta do BCE ao atingir os 1,9%. A inflação subjacente (core) será de apenas 1,4% em 2021 e de 1,5% em 2022.

A subida do preço das matérias-primas e dos custos de transporte mundiais explicam uma parte significativa do aumento da inflação nos países do G20, de acordo com os cálculos da OCDE, a qual prevê que os preços continuem em 2022 a crescer mais do que antes da pandemia. Ainda assim, as “pressões” nas cadeias de valor deverão “desaparecer gradualmente”, até porque o crescimento dos salários “mantém-se moderado” e as expectativas quanto à inflação continuam ancoradas aos objetivos e à capacidade de controlo dos bancos centrais.

Para o futuro, ainda há incertezas “consideráveis”. A maior é a velocidade com que o processo de vacinação se vai desenrolar nos países em que ainda não há elevadas taxas de vacinação — o apelo é para que o esforço dos países a nível internacional se foque neste objetivo. Além disso, os economistas não sabem o que esperar do comportamento dos consumidores quanto à utilização das poupanças acumuladas durante o período pandémico. Caso haja um consumo maior e menos desemprego, as pressões inflacionistas poderão ser mais preocupantes no curto prazo.

Apesar destes riscos, a OCDE continua a recomendar a manutenção da política orçamental expansionista enquanto for necessário para que toda a economia recupere totalmente da pandemia, consoante as circunstâncias de cada país, e a manutenção da política monetária acomodatícia. Contudo, neste último caso, a Organização alerta que é preciso uma clarificação sobre os passos futuros e o quão tolerada será a inflação. A expectativa da OCDE é que esta oportunidade seja utilizada para se avançar com a “normalização” da política monetária.

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