Assembleia de credores aprova hoje recuperação da Groundforce

Assembleia vai rejeitar a liquidação da empresa, tal como proposto pelos administradores de insolvência. Trabalhadores e fornecedores querem entrar para a comissão de credores.

Os credores da Groundforce reúnem-se esta quarta-feira em assembleia geral, pelas 14h00, no Tribunal de Monsanto, para deliberar sobre a manutenção da atividade da empresa de handling. Ao que o ECO apurou, vai ser aprovada a proposta dos administradores de insolvência, que defendem a apresentação de um plano de recuperação que viabilize a companhia.

Os administradores de insolvência, Bruno Costa Pereira e Pedro Pidwell, vão propor “a manutenção da atividade do estabelecimento, com a consequente suspensão da liquidação e da partilha da massa Insolvente”, conforme indicam no relatório entregue aos credores. “A posição que melhor acautelará o interesse dos credores” passa “por se deliberar no sentido da manutenção do estabelecimento em atividade, com a consequente suspensão da liquidação e partilha do ativo, e a concessão de prazo para que se possa ver apresentado um plano de recuperação”, defendem.

A posição foi explicada nas reuniões preparatórias com os credores e merece a concordância destes, apurou o ECO junto de fonte ligada ao processo. A proposta terá de ser também homologada pelo juiz, que terá ainda de definir o número de votos a que cada credor terá direito, em função do tipo de crédito que reclama.

Os principais credores não divulgaram qual será o seu sentido de voto. Mas, ao que o ECO conseguiu apurar, a TAP será um dos que votará favoravelmente. Na semana passada, a CEO apontou nesse sentido durante a audição no Parlamento: “A Groundforce é estratégica para a TAP, porque faz o handling do nosso hub. Queremos que seja uma empresa forte e eficiente”, afirmou Christine Ourmières-Widener aos deputados, garantindo que a companhia aérea será “um forte apoiante de todos os cenários que confirmem um futuro brilhante” para empresa.

Administradores de insolvência querem elaborar plano de recuperação

Os detentores da dívida da Groundforce vão ainda ser chamados a deliberar sobre a atribuição da responsabilidade pela elaboração do plano de recuperação aos administradores de insolvência. Caso seja aprovada, estes terão 120 dias para apresentar o plano e receberão 25 mil euros pelo trabalho.

A lista oficial de credores dá conta de uma dívida de 154 milhões de euros detida por 2.791 titulares. Daquele montante, 47,4 milhões são dívidas a título efetivo e 89,7 milhões são dívidas sob condição.

A TAP surge como credora de 19,6 milhões, dos quais 15,6 milhões relativos à prestação de serviços e ao contrato de aluguer operacional do equipamento da Groundforce, após a venda deste à companhia aérea para pagar salários em março. No relatório, os administradores de insolvência reconhecem a bondade da medida, mas escrevem que “pode dificultar a viabilização de soluções em prol da pretendida recuperação”. Prometem, no entanto, tomar uma posição sobre o negócio. Os restantes quatro milhões são relativos a créditos laborais por sub-rogação.

A gestora aeroportuária ANA surge com uma dívida reclamada de 12,7 milhões de euros e a seguradora Fidelidade de 2,09 milhões. O BCP é identificado como o maior banco credor, com créditos de 2,03 milhões.

Trabalhadores e fornecedores querem lugar na comissão de credores

A comissão de credores é composta por Fidelidade, TAP e a ANA, sendo liderada por esta última, mas o número de membros poderá crescer. Ao que o ECO apurou, será apresentada uma proposta para a inclusão de um membro representante dos trabalhadores e uma outra para a entrada de um representante dos pequenos fornecedores.

A Groundforce emprega cerca de 2.400 trabalhadores, que, juntos, são o maior grupo credor da empresa. O Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (SITAVA) já veio comunicar que os seus associados reclamam dívidas efetivas e condicionais de 57 milhões, tendo já reunido cerca de 1.100 procurações para a assembleia de credores.

A Groundforce foi declarada insolvente pelo Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa a 4 de agosto, na sequência de um requerimento da TAP.

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