Nunca os portugueses colocaram tão pouco dinheiro nos depósitos
Em 2016, os portugueses aplicaram 68 mil milhões de euros em novos depósitos a prazo. Trata-se do valor mais baixo do histórico do Banco de Portugal que remonta a 2003. A culpa é dos juros baixos.
“A tradição já não é o que era”. A expressão encaixa na perfeição naquilo que está a acontecer com o produto de poupança preferido pelos portugueses. No ano passado, as aplicações em depósitos a prazo recuaram para o patamar mais baixo de sempre, tendo em conta o histórico disponibilizado pelo banco de Portugal que remonta ao início de 2003.
Dados divulgados esta terça-feira pelo Banco de Portugal, indicam que nos 12 meses do ano passado, os aforradores aplicaram um total de 68,1 mi milhões de euros em depósitos a prazo. Este montante representa um decréscimo de 6%, ou de cerca de 4,4 mil milhões de euros, face aos 72,4 mil milhões de euros que tinham sido depositados neste produto de poupança no ano anterior.
Novos depósitos em queda
O ano passado tratou-se do quinto consecutivo em que os portugueses encolheram os valores a aplicar em depósitos a prazo, perante um contexto em que o retorno deste produto é cada vez menos atrativo. A taxa de juro dos depósitos estabilizou em dezembro último no mínimo histórico médio de 0,34% fixado em outubro. Essas taxas contrastam com a remuneração máxima de 4,53% que era oferecida, em média, pelos bancos em outubro de 2011.
A descida dos indexantes que se encontram em mínimos históricos, mesmo com valores negativos, e o facto de os próprios bancos não terem necessidade de captar depósitos com vista a melhorar os seus rácios de capital, justifica essa quebra das remunerações e a diminuição da captação de quantias para os depósitos.
Por outro lado, os portugueses também estão a preferir canalizar as suas poupanças para outros produtos mais rentáveis, nomeadamente os disponibilizados pelo Estado. É o caso dos Certificados do Tesouro Poupança Mais que rendem, em média, 2,25% em termos brutos, ao fim de cinco anos de aplicação. Mas também as recentes emissões de Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável que roubaram dinheiro aos depósitos, apesar do perfil de risco ser um pouco diferente. No ano passado, o Estado captou 3.484 milhões de euros em financiamento através de certificados.
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