O sócio da Rödl & Partner, Filipe Lobo d‘Ávila, faz um balanço “muito positivo” dos três primeiros anos de atividade da firma em Portugal. Referiu que as equipas e a faturação triplicaram desde 2018.
A Rödl & Partner, sociedade de advogados alemã especializada em assessoria jurídica e fiscal, integrou a BHLP em 2018, entrando assim no mercado português. Três anos depois, Filipe Lobo d‘Ávila, sócio da firma, afirma que o balanço é “muito positivo”, sendo anos de uma “enorme exigência”.
“Recuando a fita do tempo é seguro afirmar que demos passos apoiados e realistas. Ao longo desse período procuramos construir os alicerces essenciais para a afirmação da marca Rödl & Partner em Portugal, não descurando a proximidade e o acompanhamento ao nosso maior ativo: os nossos clientes. Sem clientes não se faz advocacia”, começou por explicar o sócio.
Filipe Lobo d’Ávila referiu que foi necessário passar por um processo inicial de adaptação ao novo contexto, uma vez que a nível global a Rödl & Partner representa 106 escritórios próprios, distribuídos por 48 países, contando cerca de 5.130 pessoas.
“Ora, é perfeitamente natural que essa transição ditasse um período de adaptação da nossa própria estrutura. Mais ainda quando, como todos, fomos surpreendidos por uma pandemia que trouxe consigo efeitos absolutamente desconhecidos. Também aí procurámos ajustar a nossa estratégia e, visto aos dias de hoje, penso que com sucesso”, acrescentou.
À Advocatus, o sócio garantiu que globalmente a firma não só atingiu os objetivos traçados como ainda conseguiu superar todas as metas definidas. Já em Portugal, o crescimento tem sido “gradual” e “sucessivo”.
“Primeiro, consolidámos a marca. Segundo, amplificámos o raio de ação. E terceiro, reforçámos as nossas equipas. Quarto, e a mais importante, fomos e somos verdadeiramente parceiros dos nossos clientes. A tudo isto somamos um aumento de faturação. Portanto, cada objetivo delineado foi alcançado com êxito”, notou.
Entre as áreas que mais contribuíram para o crescimento da sociedade estão a de corporate & governance, fiscalidade, bancário e financeiro, laboral, imobiliário, proteção de dados, societário, M&A e energias renováveis.
Consciente que nos dias de hoje o mundo avança de forma mais rápida e que o direito e a advocacia não são exceção, Filipe Lobo d’Ávila sublinhou que nos últimos anos se tem assistido ao nascimento de novos setores de atividade e de novas práticas, como a proteção de dados, as renováveis ou a concessão de residência a não nacionais.
“Essa evolução obriga a uma atualização e acompanhamento permanente dos profissionais deste setor. É também por isso que insistimos e apostamos muito na formação contínua dos nossos colaboradores. É com essa mira que internamente temos apostado e desenvolvido matérias relacionadas com a proteção de dados, a cibersegurança ou a tributação dos serviços digitais”, acrescentou.
Equipas e faturação triplicam desde 2018
Em Portugal, a Rödl & Partner está presente em Lisboa e no Porto e conta com mais de 30 colaboradores, um número que tem vindo a crescer desde 2018, em que eram apenas sete profissionais.
“Desde o início (com uma pandemia pelo meio) triplicamos a equipa e triplicamos a faturação. São bons indicadores que nos deixam profundamente orgulhosos e motivados para enfrentar os desafios naturais do crescimento”, explicou.
Enquanto sociedade internacional, o sócio sublinhou que têm acompanhado a internacionalização de muitas pequenas e médias empresas alemãs no mundo.
“A abordagem internacional, o conceito “one firm” (a mesma sociedade independentemente das jurisdições em que estamos fisicamente presentes), o “caring principle” (um ponto de contacto único com o cliente), a orientação para o cliente, são características que procuramos assumir diariamente. Mais do que nos definirmos a nós próprios, queremos é ser reconhecidos pelos nossos clientes pelo rigor e profissionalismo que colocamos em cada assunto”, notou.
Sendo a Rödl & Partner uma firma de origem alemã, Filipe Lobo d’Ávila referiu que existem diferenças entre o mercado de advocacia alemão e o português, entre elas está a multidisciplinaridade.
“Quer se queira, quer não, os ordenamentos jurídicos que possibilitam serviços multidisciplinares conferem uma grande vantagem competitiva. Podemos concordar ou discordar dessa opção, mas não podemos ser indiferentes a essa realidade que é hoje global. Aliás, essa discussão está também na ordem do dia em Portugal. O próprio Governo deixou a porta aberta à integração de novas profissões através da criação de sociedades multidisciplinares e muito em breve será debatido na Assembleia da República um projeto de lei que visa justamente esta matéria. Em outras jurisdições essa realidade está consolidada”, defende.
Futuro passa por fortalecer a marca
Apesar da pandemia, que teve um impacto em todas as empresas, os resultados na Rödl & Partner foram “animadores”. À Advocatus, o sócio explicou que quando foi declarado o primeiro estado de emergência procederam a um ajuste das expectativas e anteciparam uma quebra nos resultados, “o que não se veio a confirmar”.
“Do ponto de vista do trabalho e da sua organização, assumimos uma maior flexibilidade nas nossas rotinas de trabalho, promovendo o home office e mudando práticas que estavam há muito tempo enraizadas”, referiu.
Filipe Lobo d’Ávila sublinhou que foi preciso encontrar novas respostas e definir uma estratégia que limitasse ao mínimo possível o impacto junto dos clientes. O smart-working e o smart-office são realidades que nenhuma empresa hoje pode ignorar e que vieram para ficar”, defendeu.
Sobre o impacto da pandemia no investimento estrangeiro em Portugal, notou que não sentiu grande impacto e que a valência de ser uma multinacional permitiu-lhes trabalhar em conjunto com várias jurisdições e consequentemente acabaram por receber projetos vindos de outros mercados.
“Comparando o exercício anterior com o período da pandemia, não sentimos que tenha existido um abrandamento do investimento externo. Eventualmente poderá ter sido transferido de umas áreas para outras, mas, no cômputo geral, constatámos que o país continua a ter procura e continua a apresentar oportunidades. Prova disso é o exemplo dos setores da energia ou da fiscalidade onde tivemos incrementos assinaláveis”, acrescentou.
Durante a pandemia atingiram todos os objetivos e aumentaram o volume de trabalho, a faturação e ainda reforçaram a equipa. “Aliás, tendência que seguimos de forma ainda mais acentuada em 2021”, sublinhou.
Para a Rödl & Partner o principal desafio que enfrentam atualmente é crescer e consolidar a sua posição no mercado.
“Tornar o escritório português cada vez mais relevante no universo global da sociedade e tornar a sociedade cada vez mais relevante no mercado português. Ambicionamos manter a tendência de crescimento no que respeita à faturação e ao número de clientes.
Assim, o sócio considera fundamental dotar as equipas de todas as condições que permitam dar uma resposta eficaz em todas as áreas e setores jurídicos, manter e captar talento, manter uma política diferenciada em termos de condições de trabalho das equipas, não permitir que existam períodos de acomodação e nunca perder a mira dos valores que sustentam a sociedade.
A longo prazo, o sócio perspetiva que a Rödl & Partner continue a fortalecer a marca em território nacional e a dar continuidade à estratégia de crescimento que têm vindo a executar.
“Essa estratégia passa por reforçar e diversificar a oferta dos serviços prestados, aumentar o número de profissionais, recrutar e manter talentos, robustecendo as nossas equipas, e criar as condições ideais para acompanharmos os nossos clientes nas próximas décadas, num mundo digital e que a cada dia transforma a forma como a profissão é exercida”, explicou.
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“Os serviços multidisciplinares conferem uma grande vantagem competitiva”, diz Filipe Lobo d‘Ávila
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