Têxtil de Leiria angaria sócio brasileiro para comprar a Dielmar
A sociedade-veículo da Outfit 21 para comprar a marca e os ativos da Dielmar é participada pelo grupo Via Veneto, que tem 250 lojas de roupa no Brasil e é cliente de longa data da empresa de Alcains.
A Outfit 21, empresa de confeções de Leiria interessada em ficar com a marca e com o inventário da Dielmar, tem o grupo brasileiro Via Veneto como parceiro na sociedade-veículo que pretende criar para adquirir os ativos da falida empresa de vestuário de Alcains, mantendo o controlo da sociedade.
O proprietário da Outfit 21, Vítor Madeira Fernandes, adiantou ao ECO que o grupo empresarial fundado em 1975 e sediado em São Paulo pertence a Carlos Antunes – um empresário que também tem origens na zona de Leiria – e detém perto de 250 lojas de pronto-a-vestir espalhadas pelo Brasil, com as marcas Via Veneto, Brooksfield, Harrys e Loft. Além disso, “era um importante e antigo cliente da insolvente”.
“Com esta integração de um novo investidor, a nossa proposta ganha ainda maior consistência, tanto pelo reforço de capitais próprios que origina, como porque desta forma fica, desde logo, ainda mais garantida uma importante fatia de encomendas para a nova unidade fabril, pois este investidor mantém-se como um dos maiores retalhistas no Brasil de vestuário de grande qualidade e com origem na União Europeia”, sublinha o gestor, acrescentando que este sócio brasileiro “asseguraria a continuidade de trabalho em Portugal, nomeadamente na região de Castelo Branco”.
Desta forma fica, desde logo, ainda mais garantida uma importante fatia de encomendas para a nova unidade fabril.
Como o ECO noticiou em primeira mão a 11 de novembro, perante o fecho de portas e a venda dos ativos decidida na assembleia de credores realizada na semana passada no Tribunal do Fundão, a empresa que há três semanas tinha retirado a proposta após falhar o empréstimo bancário por faltarem garantias do Estado, apresentou ao administrador de insolvência outra nesta nova fase do processo.
Numa carta endereçada ao administrador de insolvência, João Gonçalves, a comissão diretiva da Outfit 21 considera ilegal a votação parcial da solução da Valérius ocorrida nessa reunião – e que o Governo tinha dado como praticamente fechada –, com o argumento de que não foi dada oportunidade a outros interessados.
“Não entendemos sequer como pode o proprietário do edifício [um fundo estatal] referir um acordo de arrendamento com terceiros sem estar terminado o contrato existente com a Dielmar e sem abrir a oportunidade de contratar a outros interessados, num procedimento que de todo desconhecemos, mas que tem alertas óbvios de ilegalidade”, lê-se nesse documento.
A empresa leiriense, em conjunto com este investidor do Brasil, propõe, assim, um valor global de 295 mil euros para a aquisição dos bens propriedade da massa insolvente a liquidar, a pagar de uma só vez. E diz ainda que “contratará os ex-trabalhadores da Dielmar que entenderem integrar o novo projeto industrial ou outros disponíveis até um total máximo de 215 trabalhadores”.
Por outro lado, a proposta do grupo de Barcelos liderado por José Manuel Vilas Boas Ferreira – comendador minhoto especialista na reestruturação de empresas –, concretizada na sequência de um pedido de última hora do Governo, como apurou o ECO junto de fontes envolvidas no processo negocial, oferece 250 mil euros pela marca, pelas máquinas e pelos inventários, além de assegurar 200 postos de trabalho.
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