Portugueses gastaram 7,4 mil milhões em compras online no ano da pandemia

A pandemia acelerou o comércio online em Portugal para um nível sem precedentes. Consumidores gastaram 7,4 mil milhões de euros em compras de produtos e serviços na internet, mais 26% do que em 2019.

Os portugueses gastaram 7,4 mil milhões de euros a adquirir produtos e serviços pela internet no ano da pandemia. Trata-se de um crescimento de 25,5% face a 2019, concluiu um estudo feito para os CTT CTT 0,66% , com 60% desse montante a corresponder aos bens e 40% aos serviços.

Feitas as contas, os portugueses gastaram 4,4 mil milhões de euros a comprar produtos pela internet em 2020. O valor deste mercado também já estava em franco crescimento antes da chegada da Covid-19, mas os confinamentos aceleraram-no em mais de 26 pontos percentuais, para uns notáveis 46%.

Em causa está o relatório anual sobre o e-commerce elaborado para os CTT, que foi apresentado esta terça-feira pela empresa. O grupo centenário vê no segmento de Expresso e Encomendas o seu bilhete para o futuro, perante a queda acentuada do correio tradicional, provocada pela digitalização das comunicações.

“O correio está a cair muito aceleradamente e a pandemia acelerou essa queda. Mas temos uma área de crescimento, do Expresso e Encomendas, esta área de logística de última milha”, indicou João Bento, presidente executivo dos CTT, num evento em Lisboa.

Esta expansão do mercado de e-commerce de produtos para o consumidor final levou a que 4,41 milhões de portugueses adultos tenham feito pelo menos uma compra online durante o ano de 2020. Para este ano de 2021, os CTT estimam que o número aumente para 4,6 milhões de pessoas, perspetivando um crescimento do valor do mercado ainda acima de 20%.

Segundo os dados da empresa, o mercado doméstico relativo aos fluxos dos comerciantes que atuam em Portugal cresceu 70%. Pelo contrário, os fluxos de entrada no país foram impactados pelo estrangulamento das cadeias de abastecimento e dos transportes internacionais, caindo 3%.

Os CTT também dão conta de um aumento no número médio de compras online de 18,3%, para 18,7 compras anuais, tendo o valor médio de cada compra atingido os 53,4 euros e o gasto médio online em compras de produtos alcançado 998 euros. Para este ano, o número de compras anuais deverá aumentar para 20,4, mas o valor médio deverá encolher para 52,7 euros.

Em 2020 e no início de 2021, muitos países, incluindo Portugal, implementaram confinamentos obrigatórios para tentar impedir a propagação da pandemia de Covid-19. Isso ajuda a explicar o crescimento histórico do comércio eletrónico em 2020 no país: sem poderem sair à rua, os portugueses passaram a encomendar de casa. E muitos apanharam-lhe o jeito.

Com efeito, as compras em lojas virtuais portuguesas e espanholas ganharam peso. Pelo contrário, houve recuos mais acentuados nas compras em lojas virtuais do Reino Unido e da China.

Portugal tem vindo a convergir com os países mais desenvolvidos da Europa na adesão às compras online. Com uma tradição de compras no retalho físico (e as grandes superfícies comerciais), os portugueses aderem às compras online, a reboque da aposta das grandes marcas na oferta de uma experiência de compra integrada (canais de venda, comunicação e cadeia de fornecimento)”, lê-se no relatório.

Homens compram mais

O estudo feito para os CTT traça ainda o perfil do português médio que compra através da internet. Maioritariamente são homens, ainda que a percentagem seja bastante equilibrada (51,2%, contra os 48,8% das mulheres). Quanto à idade, têm, principalmente, entre 25 e 54 anos e moram, sobretudo, nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto.

Porque é que os cidadãos optam por adquirir produtos pela internet? Segundo o CTT e-Commerce Report 2021, a maioria aponta para a conveniência de poder comprar a qualquer hora e em qualquer lugar. Mas muitos também apreciam as promoções e os preços mais atrativos.

Roupa e calçado aos pontapés

E o que compram, afinal, os portugueses na internet? Segundo o estudo divulgado pela empresa postal, houve aumentos na generalidade das categorias de produtos, mas o vestuário e calçado continuou a reinar, com a categoria onde se fazem mais compras (68%).

Não foi a que mais cresceu. Esse galardão vai para a categoria de equipamentos eletrónicos e informáticos, com 58,5% dos inquiridos a afirmar encomendar este tipo de produtos. Nota ainda para a eletrónica e computadores (59%), os utensílios para o lar (31%), material desportivo (31%) e telemóveis (29%).

Medo de burlas gera desistência

Por fim, um dado relevante para os players deste mercado é o que leva os consumidores a desistirem da compra no checkout. Ora, numa altura em que todo o cuidado é pouco, 26% justificam a desistência com “desconfiança quanto aos meios de pagamento” ou “problemas técnicos com o site“.

Mas o grande fator que leva os portugueses a não concluírem a transação é, de longe, o preço final mais caro do que o previsto: 61% dos clientes dão essa justificação. Aqui, o “culpado” pode ser o custo da entrega. Algo que, por vezes, não é claramente indicado pelo comerciante ou tido inicialmente em conta pelo consumidor.

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