DBRS alerta que malparado vai aumentar com retirada de medidas de apoio
Não é certo o impacto da retirada das medidas avançadas devido à pandemia, mas deve levar a um aumento do malparado. A deterioração vai depender da recuperação económica dos países, diz a DBRS.
Os bancos portugueses conseguirar reduzir o crédito não produtivo (em inglês, non-performing loan ou NPL) durante a pandemia, sendo que isto, em conjunto com as provisões feitas, melhorou o rácio de cobertura dos bancos, sinaliza a agência de notação financeira DBRS. Ainda assim, é necessário esperar para ver os efeitos da reversão das medidas de apoio. Além disso, a DBRS nota também que Portugal tem ainda várias moratórias pendentes e é ainda incerto o efeito no crédito.
Os NPL brutos dos bancos portugueses da EBA “diminuíram significativamente entre o quarto trimestre de 2019 e o segundo trimestre de 2021 (-42%), também levando a uma melhoria no rácio de NPL para 4,2% no final do segundo trimestre de 2021 de 6,5% no final do quarto trimestre de 2019″, sinaliza a DBRS, num comentário onde analisou a situação de Itália, Grécia, Espanha, Portugal, Irlanda e Chipre.
Além disso, os bancos portugueses também aumentaram as provisões desde o final do quarto trimestre de 2019, o que, juntamente com a redução do crédito malparado, “resultou na melhoria do rácio de cobertura dos bancos para 58,4% no final do segundo trimestre de 2021, de 50,1% no final do quarto trimestre de 2019”, acrescentam.
A agência de rating nota ainda que, enquanto Espanha, Irlanda, Grécia e Chipre “distribuíram uniformemente os NPLs entre famílias e empresas não financeiras”, nos NPL restantes na Itália e em Portugal as empresas não financeiras têm mais peso. Isto sugere um pipeline inclinado para as pequenas e médias empresas e empréstimos empresariais, em vez dos mutuários individuais, em Itália e Portugal.
Já olhando para as moratórias concedidas, os bancos abrangidos pela EBA em Portugal tinham 73% ainda pendentes no final do segundo trimestre de 2021, seguidos pelos bancos EBA na Itália (23% do total da moratória concedida) e em Espanha (13% do total da moratória concedida) no final do segundo trimestre de 2021.
Para fazer esta análise, a DBRS olhou também para a evolução de métricas chave, prevendo que o desemprego em Portugal tenha uma queda ligeira em 2022. O crescimento da economia portuguesa também será mais elevado no próximo ano, ao contrário dos restantes países analisados. Já nos preços dos imóveis, Portugal encontra-se bastante acima dos restantes países, tendo apresentado uma tendência crescente muito acentuada.
A DBRS conclui assim que a “resposta abrangente dos governos europeus e da CE tem sido até agora eficaz em impedir um aumento nos NPL” nestas jurisdições, no curto prazo. O desemprego e o imobiliário residencial “tiveram um desempenho melhor do que o esperado nestas jurisdições, com aumentos de preços imobiliários portugueses superiores a outras jurisdições”, sublinham.
A agência sublinha ainda que os efeitos da reversão das medidas de alívio ainda terão de ser avaliadas, sendo a expectativa que os NPL aumentem, mas “a deterioração dependerá de vários fatores, incluindo a plena recuperação económica do país”.
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