Rendeiro detido. “Há condições para extraditar”
Rendeiro foi detido às 07h00 deste sábado ao abrigo de um mandado de detenção internacional na África do Sul, revelou o diretor da PJ. E há condições para a extradição.
João Rendeiro foi detido este sábado na África do Sul. O ex-banqueiro anunciou no dia 28 de setembro que estava fora de Portugal e que não regressaria para cumprir pena de prisão. “Nesta madrugada, início do dia na República da África do Sul, foi detido João Rendeiro no âmbito de mandados da polícia portuguesa”, afirmou Luís Neves, diretor nacional da Polícia Judiciária, em conferência de Imprensa. “Rendeiro será presente a tribunal nas próximas 48 horas”, e o diretor da PJ revela há condições para uma extradição. “Se e quando for extraditado, é para cumprimento de pena”, insistiu.
Luís Neves revelou que João Rendeiro ficou “surpreso” com a detenção, que “não estava à espera“.
“Logo que tivemos notícia em setembro que a fuga estava a ocorrer, foi emitida uma ‘notícia vermelha’ e os mandados internacionais. Detetámos a saída desta pessoa em 14 de setembro do Reino Unido e temos a perceção por onde passou até chegar à África do Sul”, revelou o diretor da PJ. Luís Neves acrescentou ainda: “Na semana de 20 a 24 [de novembro], reunimos com os nossos parceiros e com os mais altos dirigentes policiais da República da África do Sul. Explicamos o quão importante e o quão grave tinham sido os crimes cometidos por esta pessoa“. Rendeiro entrou na África do Sul no dia 18 de setembro, disse Luís Neves, e estaria escondido numa província do interior.
As autoridades portuguesas vão pedir extradição “e tudo faremos para que a justiça seja materializada nesta parte final”, disse Luís Neves, ou seja, o cumprimento da prisão.
João Rendeiro usou todos os meios tecnologicamente mais avançados” para passar sem ser detetado. “É o grande sinal de que João Rendeiro jamais e em tempo algum” queria apresentar-se às autoridades, afirmou Luís Neves. “Não detetámos que tenha tido” ajuda de ninguém para fugir do país, mas Luís Neves adianta que a fuga foi preparada durante muitos meses.
Em entrevista à CNN Portugal no passado dia 22, Rendeiro escusou-se a revelar a sua localização, mas a sua mulher, entretanto constituída arguida e em prisão domiciliária, já tinha dito à justiça que Rendeiro estava na África do Sul, pista que, à data, foi publicamente desvalorizada. Rendeiro afirmou-se injustiçado e comparou a sua situação com a de Ricardo Salgado, que disse ser “protegido pelo sistema”. “Como nunca paguei nada a ninguém e não tenho segredos de Estado, sou um poderoso fraco”.
Nessa entrevista, Rendeiro chegou a afirmar se só regressaria a Portugal em caso de existir um indulto do Presidente da República, possibilidade que Marcelo Rebelo de Sousa descartou.
Já havia pelo menos dois mandados de detenção internacional por João Rendeiro. Primeiro, tinha havido um mandado de detenção europeu e internacional para aplicação da medida de coação de prisão preventiva no âmbito de um outro processo do BPP em que foi condenado a pena de prisão por burla qualificada.
O primeiro mandado de detenção foi emitido após a juíza do Juiz 5 considerar que João Rendeiro não tinha intenção de revelar o seu paradeiro no estrangeiro, tendo contornado “ostensivamente” a obrigação legal de informar sobre o lugar onde poderia ser encontrado.
Depois, no dia 2 de outubro, o Tribunal Criminal de Lisboa emitiu um segundo mandado de detenção europeu e internacional para o antigo presidente do BPP. Segundo despacho judicial, a que a Lusa teve acesso, desta vez o mandado de detenção europeu e internacional destinava-se a garantir o cumprimento da pena única de cinco anos e oito meses de prisão que lhe foi imposta no processo que decorre no juiz 22 do Juízo Central Criminal de Lisboa.
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