Banco de Portugal mantém 4,8% em 2021 e revê em alta crescimento de 2022
O Banco de Portugal manteve a previsão de crescimento do PIB de 4,8% em 2021 e reviu em alta o crescimento de 2022 de 5,6% para 5,8%. A retoma é a "mais rápida" das últimas crises.
Ao contrário do Banco Central Europeu (BCE) que esta quinta-feira reviu em baixa o crescimento do PIB da Zona Euro em 2021 para 5% (5,1% anteriormente), o Banco de Portugal manteve a previsão para a economia portuguesa nos 4,8%, exatamente igual à do Governo e da OCDE. Para 2022, alinhou com o BCE numa revisão em alta, aumentando o crescimento para 5,8% (5,6% anteriormente), acima dos 4,6% estimados para a Zona Euro.
As previsões foram atualizadas esta sexta-feira no boletim económico de dezembro. “Após uma queda histórica em 2020 (-8,4%), a economia portuguesa deverá registar um crescimento forte em 2021 (4,8%) e 2022 (5,8%)“, afirma o Banco de Portugal em comunicado, antecipando um ritmo de expansão “mais moderado” em 2023 (3,1%) e em 2024 (2%).
Ainda assim, com o PIB a recuperar o valor pré-crise pandémica no próximo ano, esta será a retoma “mais rápida das últimas crises”, assinala o banco central liderado por Mário Centeno, antecipando que a economia recupere totalmente no primeiro semestre de 2022. Olhando para o futuro, “em 2024, a atividade económica situar-se-á cerca de 7% acima de 2019, implicando perdas contidas face à tendência projetada antes da pandemia“, estima.
“A trajetória de crescimento é suportada pela manutenção de condições financeiras favoráveis e pela aplicação de fundos da União Europeia”, descrevem os economistas do banco central, admitindo que “no curto prazo, a atividade é condicionada por uma nova vaga da pandemia na Europa e pelos problemas nas cadeias de fornecimento globais“.
A taxa de inflação também foi revista em alta, mas ficará longe dos valores registados nos outros países europeus, nunca chegando aos 2%. “Projeta-se que a inflação aumente em 2021 e 2022, para 0,9% e 1,8%, respetivamente, fixando-se em 1,1% e 1,3% nos dois anos seguintes, com uma evolução muito influenciada pela componente energética“, nota o Banco de Portugal. O BCE espera uma taxa de inflação de 2,6% em 2021 e de 3,2% em 2022, mas a inflação subjacente fica pelos 1,4% em 2021 e 1,9% em 2022.
No mercado de trabalho, a trajetória também é de melhoria com a taxa de desemprego a ser revista em baixa para 6,6% (6,8% no boletim anterior) em 2021. Nos anos seguintes perspetiva-se uma “redução da taxa de desemprego para níveis melhores que os pré-pandémicos” (era de 6,5% em 2019) face ao crescimento do emprego, com a taxa a situar-se nos 5,6% em 2024.
Exportações de serviços vão dar o maior contributo para PIB de 2022
Após dois anos de grandes dificuldades, as exportações de serviços (principalmente das atividades ligadas ao turismo) vão crescer significativamente, “sendo a componente da despesa com o contributo mais importante para o crescimento do PIB em 2022“. No seu conjunto, as exportações crescem 12,7% em 2022, mais do que os 9,6% de 2021.
“O excedente da balança corrente e de capital aumenta de 0,2% do PIB em 2021, para um valor médio de 2,1% em 2022-24, devido à recuperação do turismo e à maior entrada de fundos europeus”, acrescenta o banco central.
Entre as outras componentes do PIB, o destaque vai para o consumo privado que, após uma expansão de 5%, cresce 4,8% em 2022. “Esta evolução é sustentada pelo crescimento do rendimento disponível real, por condições financeiras favoráveis e pela acumulação de riqueza ao longo da crise“, explica o Banco de Portugal, antecipando que a taxa de poupança baixará depois de atingir os 12,8% em 2020.
O consumo público, que traduz o nível de serviços prestados pelo Estado, deverá crescer 4,8% em 2021, mais do que em 2020, mas irá moderar-se nos anos seguintes.
Quando ao investimento, há uma aceleração de 4,9% em 2021 para 7,2% em 2022, à boleia dos fundos europeus, da retoma económica e das condições favoráveis de financiamento.
Numa mensagem para os responsáveis políticos, o Banco de Portugal afirma que esta “é uma oportunidade única para potenciar o ritmo de crescimento de longo prazo da economia portuguesa” pelo que é preciso uma “execução eficiente” dos projetos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e da implementação das reformas associadas. São “fatores essenciais para esse desígnio [de crescimento sustentado e retoma da convergência com a Europa], pelos efeitos multiplicadores sobre a atividade e pelo impacto sobre o crescimento potencial”, remata.
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