Empresas continuam a desvalorizar riscos climáticos, diz estudo da Aon
No entanto, o impacto financeiro que os desastres naturais têm tido em todo o mundo revelam um prejuízo económico de 220 mil milhões de euros em todo o mundo provocado pelas catástrofes naturais.
A preocupação com a desaceleração económica e o risco pandémico tem levado as empresas de todo o mundo a subvalorizarem os riscos associados ao ambiente e a sustentabilidade. As conclusões são do Global Risk Management Survey, um estudo realizado pela Aon, no qual empresas de todo o mundo identificaram os riscos que consideram afetar mais a sua atividade.
De acordo com as conclusões obtidas para Portugal, a desaceleração/recuperação lenta da economia é o risco que mais preocupa as empresas locais, sendo este uma consequência direta do segundo maior risco deste ranking: o risco pandémico.
Já a nível global, destacam-se outros dois riscos: os ataques cibernéticos e a interrupção do negócio. Tal como em Portugal, os principais riscos identificados têm um fator comum: a sua relação com a pandemia.
Esta tendência global para a preocupação com os riscos pandémicos e as suas consequências tem tido, no entanto, um efeito negativo nas organizações, já que, de acordo com a análise, lhes tira o foco de outros riscos também considerados de extrema importância no atual cenário, nomeadamente os riscos associados ao ambiente e à sustentabilidade.
O estudo ressalvou o impacto financeiro que os desastres naturais têm tido em todo o mundo e apresentou os números relativos ao ano passado, divulgados pelo Weather, Climate & Catastrophe Insight: 2020 Anual Report, que revelam um prejuízo económico de 220 mil milhões de euros em todo o mundo provocado pelas catástrofes naturais.
No entanto, mesmo com estes números, as posições dos tópicos relativos ao ambiente continuam a ser de pouco destaque na análise, com o risco ambiental a ocupar a 18ª posição, os desastres naturais na 22ª posição, as alterações climáticas na 23ª e as estratégias do risco de CRS – Corporate Social Responsability / ESG – Environmental, Social and Governance na 31ª posição.
“Há exposições que são relativamente novas para muitas empresas, como o risco de alterações climáticas, o risco da cadeia de abastecimento/distribuição, e o risco CRS e ESG, o que deixa margem para melhorias significativas”, afirmou, em comunicado, Carlos Freire, CEO da Aon Portugal.
A sustentabilidade como pilar estratégico
Apesar dos resultados do Global Risk Management Survey, várias empresas que têm vindo a demonstrar preocupação com as alterações climáticas e chegam mesmo a adotar medidas com vista a atingir metas que diminuam o seu impacto ambiental negativo no planeta.
A Biogen e a Zurich são dois exemplos de empresas que colocaram a sustentabilidade como pilar estratégico das suas organizações e têm vindo a fazer fortes investimentos nesta área com vista a reduzir as suas emissões de CO2, mas não só.
A farmacêutica Biogen já investiu mais de 220 milhões de euros na implementação de medidas de responsabilidade ambiental e de saúde. Entre estas medidas, integradas no programa Healthy Climate, Healthy Lives, está o compromisso de eliminar na totalidade os combustíveis fósseis das suas operações até 2040.
Por sua vez, a Zurich adotou novas medidas que visam reduzir as emissões de CO2 em mais de 40 mil toneladas por ano. Estas ações terão impactos nas operações da empresa a nível global, com uma redução das viagens aéreas em 70%, e noutras medidas relacionadas com a frota automóvel, a alimentação, a utilização de papel e imobiliário.
Mas, além dos investimentos e medidas que estas empresas têm vindo a adotar para serem mais ecológicas, há, ainda, outros projetos que já têm em funcionamento com o objetivo de impactarem mais organizações, além das suas, com a consciência ambiental.
Exemplo disso é o projeto “Aliança por um ar limpo”, desenvolvido pela Biogen juntamente com mais nove empresas e o Fórum Económico Mundial, que prevê que cada empresa-membro meça os seus níveis de emissão de partículas em suspensão e outros contaminantes relevantes.
Já entre os projetos sustentáveis da Zurich destaca-se o facto de 98% da energia consumida pela seguradora ser contratada a fornecedores de energia proveniente de fontes sustentáveis e, ainda, a reabilitação do edifício sede em Lisboa, que cumpre as mesmas medidas de eficiência energética.
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