Cavaco: Sócrates interveio em negócio da CGD
No livro "Quinta-Feira e Outros Dias", o ex-Presidente da República denuncia um caso em que o ex-primeiro-ministro envolveu-se nas decisões da Caixa Geral de Depósitos.
Entre as várias revelações que se encontram no seu novo livro, Cavaco Silva conta que José Sócrates lhe contou uma situação relacionada com a Caixa Geral de Depósitos: o ex-primeiro-ministro terá pedido ao banco público para dar garantias “de avultado montante” a “uma certa empresa”. A notícia é avançada esta terça-feira pelo Público e contrasta com o testemunho de Santos Ferreira, presidente da CGD na altura, na comissão parlamentar de inquérito.
O ex-Presidente da República não refere nas mais de 500 páginas do seu livro qual foi a empresa em questão, nem os valores envolvidos nesse pedido. Diz apenas que Sócrates lhe contou o pedido que fez à então administração da CGD, liderada por Santos Ferreira, conta o jornal. O ex-presidente da CGD tinha negado, na comissão de inquérito, que o Governo tinha interferido em negócios da Caixa Geral de Depósitos.
“Nunca senti pressão, nunca o senhor ministro das Finanças me transmitiu qualquer caso de crédito que devesse ser concedido“, afirmou Santos Ferreira a 19 de janeiro deste ano, depois de ser questionado pelos deputados da comissão de inquérito à gestão do banco público. O ex-presidente a Caixa Geral de Depósitos acrescenta que “o que o ministro das Finanças [Teixeira dos Santos] disse é que queria que a Caixa incentivasse o crédito às empresas, apoiasse a internacionalização das empresas portuguesas e que isto fosse feito com eficiência”.
Estas declarações contrastam com aquilo que Cavaco Silva escreve no seu livro “Quinta-Feira e Outros Dias”: “Quando, seguidamente, me contou que o Governo tinha pedido à Caixa Geral de Depósitos para que concedesse uma garantia de avultado montante para que uma certa empresa pudesse concorrer à concessão da autoestrada transmontana, percebi que não tinha tido sucesso no meu esforço didático sobre a afetação de recursos em tempo de escassez de crédito”, cita o Público. Ou seja, Sócrates interveio diretamente neste negócio da CGD para entendimento de Cavaco.
Como explica o jornal, em causa está a concessão da autoestrada transmontana à qual concorreram dois consórcios, um liderado pela Soares da Costa e outro pela Somague. A primeira construtora portuguesa, segundo o Público, tinha garantias de outros bancos e acabou por vencer a concessão. Já a segunda construtora portuguesa terá tido as garantias da CGD e perdeu.
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