‘Explosão’ de fintech em Londres abre portas a branqueamento de capitais
Londres é um dos principais centros de fintech, mas uma análise a documentos de várias destas empresas mostram ligações dos seus acionistas e executivos a casos de fraude ou branqueamento de capitais.
Desde 2018, os reguladores britânicos já aprovaram mais de 200 fintech, isto é, empresas do setor financeiro com modelos de negócio baseados em tecnologia, que podem ser alternativa aos bancos tradicionais. Só no Reino Unido, estima-se que, todos os dias, circulem cerca de 1,9 mil milhões de dólares através destas empresas, mas vários reguladores licenciados advertem agora que se trata de um sistema que está a abrir a porta a lavagem de capitais.
Uma análise a centenas de registos regulamentares, legais e empresariais, levada a cabo pela Bloomberg (acesso pago, conteúdo em inglês), aponta para lacunas na supervisão de fintech pela Autoridade de Conduta Financeira do Reino Unido (FCA, na sigla em inglês). Entre as empresas aprovadas pela FCA, encontram-se entidades com executivos ou acionistas ligados a casos de branqueamento de capitais no Báltico, alegadas irregularidades financeiras na Rússia e no Quirguistão, fraude no setor da saúde nos EUA e suspeitas de irregularidades no Luxemburgo e na Austrália.
Além disso, um relatório publicado no mês passado pela organização britânica Transparency International, que faz parte do grupo global anti-corrupção, indicava que mais de um terço das fintech licenciadas pela FCA têm bandeiras vermelhas relacionadas com as suas atividades, proprietários ou diretores. “É um Faroeste mesmo sem a complicação adicional daqueles que se mudam para a área com intenção criminosa deliberada”, disse o analista Graham Barrow, citado pela Bloomberg.
A Moorwand é exemplo de uma instituição de dinheiro eletrónico que recebeu “luz verde” da FCA e que não tardou a dar problemas. Um pequeno banco na Dinamarca com o qual a Moorwand havia desenvolvido uma relação estreita terá realizado centenas de transações suspeitas que envolviam a empresa de pagamentos. Em 2018, as autoridades dinamarquesas apreenderam o banco, Kobenhavns Andelskasse, citando violações das leis sobre branqueamento de capitais e remeteram o caso para a polícia. A Moorwand, controlada por um empresário sediado na Moldávia, não foi acusada de delito e ainda está autorizada a movimentar fundos de clientes.
Os reguladores britânicos não comentaram o caso da Moorwand ou de outras empresas, mas os dados da FCA mostram que tomaram algumas medidas. Em 2021, a agência reguladora rejeitou 50 das 89 candidaturas recebidas e, recentemente, realizou oito revisões formais de fintech. Anteriormente, a FCA já havia imposto restrições comerciais a quatro empresas. “Estamos concentrados no combate ao crime financeiro”, respondeu um porta-voz da entidade reguladora, por e-mail, garantindo que continuará a “tomar medidas assertivas nos casos em que as empresas não cumpram as normas”.
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