Desastres naturais custaram 120 mil milhões à indústria de seguros em 2021, diz Munich Re

  • ECO Seguros
  • 10 Janeiro 2022

Face à evidência científica de maior frequência de extremos climáticos é “urgente aumentar a proteção” e melhorar a preparação para mitigar os danos destes riscos, alerta um relatório da Munich Re.

As catástrofes naturais fizeram mais de 10 mil mortos em 2021, ano em que o prejuízo económico global causado pelos desastres de origem natural alcançou 280 mil milhões de dólares. Deste montante, segundo estimativa provisória da Munich Re, as perdas para a indústria seguradora ascenderam a 120 mil milhões de dólares (mais de 106 mil milhões de euros ao câmbio corrente).

Enquanto as perdas globais fizeram de 2021 o quarto ano mais caro de sempre (atrás de 2011 [355 mil milhões), 2005 e 2017, este último com perdas de 146 mil milhões, valor atualizado pela inflação), os danos cobertos pelos seguros superam cifras dos dois anos anteriores (82 mil milhões em 2020 e 57 mil milhões em 2019). Os números divulgados pela resseguradora alemã ultrapassam a estimativa avançada em dezembro passado pela concorrente Swiss Re.

O fosso global de cobertura (insurance gap ou protection gap na gíria do setor) estreitou-se levemente devido a maior proporção de perdas nos EUA, mas ronda ainda 57%, nota a companhia germânica. Imagens de catástrofes naturais ocorridas em 2021 “são perturbadoras”. A investigação científica sobre o Clima “confirma, cada vez mais, que os fenómenos climáticos extremos se tornaram mais frequentes,” afirma Torsten Jeworrek, membro do board da Munich Re.

Tornados ou furacões, tempestades tropicais (com origem no Atlântico) e um inverno extremamente gelado deram aos EUA a maior fatia de danos globais estimados: 145 mil milhões, dos quais 85 mil milhões de dólares correspondem a perdas seguradas.

A segunda região destacada no relatório é a Europa, onde as chuvas torrenciais de julho de 2021 causaram inundações catastróficas na Alemanha e em outros países da Europa central. Destes extremos climáticos resultaram perdas totais estimadas em 46 mil milhões de euros (54 mil milhões de dólares), dos quais 33 mil milhões de euros na Alemanha, significaram prejuízos de 11 mil milhões para o setor segurador, sendo 8,2 mil milhões de euros relativos à Alemanha, um recorde histórico, indica a resseguradora com base em números da associação alemã de seguradoras (GDV).

A “adaptação ao aumento dos riscos devido às alterações climáticas é um desafio,” segundo Ernst Rauch, cientista chefe de Clima e Geo na Munich Re, e responsável da Climate Solutions Unit.

Já a região da Ásia Pacífico, onde as perdas registadas assumiram dimensão mais modesta, o prejuízo económico global é estimado em 50 mil milhões de dólares, dos quais 9 mil milhões de dólares cobertos por seguros, o que representa um insurance gap de 83%. As perdas em toda a região representaram apenas 18% dos danos globais quantificados e 7% dos prejuízos cobertos por seguros. A catástrofe natural mais dispendiosa – as inundações na província de Henan na China central, fizeram transbordar as margens de inúmeros cursos de água, incluindo o Rio Vermelho -, provocaram danos em centenas de milhares de habitações. As perdas globais (na China) ascenderam a cerca de 16,5 mil milhões de dólares, com apenas cerca de 10% das perdas seguradas.

Globalmente, cerca de 57% dos danos resultantes de catástrofes naturais em 2021 não estavam segurados, deixando as pessoas afetadas a suportarem elas próprias as perdas financeiras, ou contar com auxílio. Esta lacuna de seguros diminuiu nas últimas décadas nos países industrializados, enquanto nos países mais pobres se mantém inalterada em mais de 90%, detalha o comunicado da resseguradora germânica.

Muitas destas catástrofes enquadram-se com os efeitos esperados das alterações climáticas, o que torna “urgente aumentar a proteção” (face o risco climático) e melhorar a preparação para mitigação dos danos. Ao mesmo tempo, em 2021, “erupções vulcânicas graves e terramotos mostraram também que não devemos ignorar estas categorias de catástrofes naturais,” nota Jeworreck.

Uma maior densidade de seguros (índice de prémios de seguro por população residente) “pode ajudar as pessoas e os países a lidarem melhor com as consequências financeiras de uma catástrofe e ajudá-los a regressar a uma vida normal”. Desenvolver conceitos em parceria com os governos (parcerias público-privadas) faz certamente sentido”, acrescenta Rauch.

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