Despedidos do Santander acampam em Belém e querem ser recebidos por Marcelo
Hoje é o último dia para dezenas de trabalhadores do Santander. Depois do trabalho, farão uma vigília em frente ao Palácio de Belém, onde querem ser recebidos pelo Presidente da República.
Os trabalhadores que foram alvo de despedimento coletivo no Santander Totta vão acampar esta sexta-feira em frente ao Palácio de Belém, em Lisboa, à espera de serem recebidos pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, com o objetivo de impedir que o banco continue a despedir.
“É inadmissível o alheamento do poder político perante este crime social”, diz um panfleto do Movimento de Ação Anti Despedimento distribuído entre os trabalhadores do banco, a que o ECO teve acesso, que começa logo com uma provocação: “Será que o Presidente Marcelo fará uma selfie com os trabalhadores despedidos?”
“Os banqueiros colocaram no desemprego e destruíram vidas a milhares de trabalhadores que ao longo de décadas contribuíram para os lucros milionários da banca em geral. Só o Banco Santander Totta, nos últimos dez anos, entregou cerca de quatro mil milhões para encher os cofres dos banqueiros espanhóis”, acrescenta.
Não é por acaso que a vigília está marcada para esta sexta-feira, sendo que admitem passar a noite em Belém até serem recebidos.
Hoje é o último dia para dezenas de trabalhadores no banco que foram alvo do despedimento coletivo encetado pelo Santander no ano passado. Serão menos de 50 cujo despedimento se efetivará a partir das 16h30, depois de não terem aderido ao plano de rescisões por mútuo acordo e reformas antecipas implementado no início de 2021 e que levou à saída de centenas de funcionários da instituição. Assim que saíram do posto de trabalho vão para Belém. Mais colegas se juntarão à concentração.
“Calculamos que passem lá mais de uma centena de colegas durante a tarde e a noite. Além dos trabalhadores despedidos também se juntarão outros colegas que estiveram no plano de saída em solidariedade. Uns dez ou 15 vão passar lá a noite e vão sendo revezados”, explica ao ECO João Pascoal, ex-trabalhador reformado do banco.
“Não sei se vamos ser recebidos pelo Presidente ou não, mas foi feito este desafio. Queremos chamar a atenção ao poder político que deixaram que em dois grandes bancos [Santander e BCP] se destruíssem mais de dois mil postos no ano passado e são bancos que apresentaram lucros. Não podem continuar a fechar os olhos”, frisou.
Há outra queixa que estes trabalhadores querem entregar a Marcelo: pretendem saber por que razão foi permitido que o banco utilizasse a base militar de Beja para a realização de uma reunião interna, com mais de 100 quadros do banco, “passando a mensagem de força e impunidade com a utilização de um património das Forças Armadas portuguesas, já no decorrer deste processo de despedimento coletivo”.
“O Chefe máximo das Forças Armadas devia explicar como isto aconteceu”, indica o panfleto.
Sobre este encontro, fonte oficial do banco explicou que acordou em 2019 com Comando aéreo uma parceria para o patrocínio de um evento de acrobacia aérea, o qual também prevê a utilização da base aérea para um evento de colaboradores e clientes.
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