Inflação, juros e novas variantes ameaçam correção na bolsa, alerta CMVM
CMVM alertou para eventuais correções no mercado acionista se inflação alta persistir e os bancos centrais forem mais agressivos na subida dos juros. Novas variantes também preocupam regulador.
Alta inflação, aumento rápido dos juros pelos bancos centrais e novas variantes do coronavírus podem provocar correções significativas nos preços das ações, alertou o regulador do mercado esta sexta-feira.
Os preços das ações encontram-se em “níveis historicamente elevados”, e há mesmo “segmentos do mercado com indícios de alguma exuberância”. As cotações beneficiaram das ações dos bancos centrais e governos para travar a pandemia nos últimos dois anos. “Mas são cada vez mais fortes os sinais de inversão da política monetária”, avisa a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) no relatório Risk Outlook para 2022, publicado esta sexta-feira.
“Se as taxas de juro diretoras aumentarem mais cedo e mais do que o previsto, os mercados obrigacionistas tenderão a reagir, com o consequente aumento das yields. A preocupação com o risco de inflação tem crescido nos mercados financeiros”, explica o regulador liderado por Gabriel Bernardino.
O alerta para uma bolha nas bolsas não é novo. Agora o aviso é para os investidores se precaverem face a uma correção num quadro de aceleração dos preços que vai obrigar os bancos centrais a atuarem de forma mais agressiva do que o previsto, como já indiciou a Reserva Federal norte-americana na semana passada, com os mercados a mostrarem-se muito nervosos. Na Zona Euro, com a inflação em máximos de desde a criação da moeda única, nos 4,9%, o Banco Central Europeu (BCE) está sob pressão para começar a apertar a política monetária, apesar de Lagarde insistir que a alta taxa de crescimentos dos preços se baseia em fatores temporários.
Neste quadro, “o eventual aumento da taxa de inflação e das taxas de juro poderá inverter o ritmo de ganhos no mercado acionista” e “essas correções de preços poderão ser exacerbadas devido à excessiva alavancagem de alguns investidores, que poderão ser forçados à alienação de posições”.
Acrescenta ainda o polícia dos mercados que “um aumento abrupto e rápido nas taxas de juros de longo prazo, ou o surgimento de novas variantes do SARS-CoV-2 que sejam resistentes às vacinas existentes, poderão igualmente originar correções nos mercados financeiros”.
O relatório da CMVM adverte ainda para os riscos decorrentes da digitalização, nomeadamente os riscos de “ciberataques, cibercrime e de fraude, e ainda riscos decorrentes da prática de intermediação financeira não autorizada, da oferta de instrumentos a investidores com poucos conhecimentos financeiros e da disseminação de informação inexata”, e ainda relativo ao rápido crescimento de ativos alternativos e digitais, como os criptoativos, “que se encontram, maioritariamente, fora do quadro regulamentar”.
O regulador também salienta os riscos associados às externalidades negativas que a atividade humana tem no ambiente, na sociedade e na governação das empresas (riscos ESG).
(Notícia atualizada às 14h21)
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