Atividade económica inverte e volta a terreno positivo
Após ter caído nas últimas semanas, o indicador de atividade económica do Banco de Portugal inverteu a tendência, voltando a terreno positivo. Porém, comparação homóloga é com o confinamento de 2021.
A economia portuguesa terá contraído no final de 2021 e no início de 2022, mas na segunda quinzena de janeiro volta a mostrar crescimentos positivos. É pelo menos isso que sugere o indicador de atividade económica do Banco de Portugal divulgado esta quinta-feira. Porém, é de notar que a comparação homóloga é com o confinamento do início do ano passado quando o sistema de saúde esteve mais pressionado pela pandemia.
“Na semana terminada a 23 de janeiro, o indicador diário de atividade económica (DEI) aponta para uma taxa de variação homóloga da atividade substancialmente superior à observada na semana anterior”, destaca o banco central, notando que “a correspondente taxa de variação bienal também recuperou de forma clara no mesmo período”.
Atividade económica recupera na segunda quinzena de janeiro
Contudo, é o próprio Banco de Portugal a alertar para um fator que influencia significativamente estes números: “A magnitude da evolução homóloga encontra-se influenciada pelo confinamento geral existente em 2021“, alerta. De facto, na segunda quinzena de janeiro e em fevereiro de 2021, o DEI registou variações negativas superiores a 10%.
Na segunda quinzena de dezembro de 2021, e na primeira quinzena de janeiro, o DEI apresentou valores negativos, o que surpreendeu, dado que o nível de restrições era significativamente inferior ao do período homólogo. Em causa estão as semanas de contenção — que levaram ao fecho dos bares e discotecas, as regras mais apertadas para alojamento, restaurantes e festas e o teletrabalho obrigatório –, o que não é comparável com o estado de emergência, teletrabalho obrigatório, restrições na circulação entre concelhos e recolhimento obrigatório que estiveram em vigor no final de 2020 e início de 2021.
Não há uma explicação óbvia para esta dinâmica da economia portuguesa e será preciso esperar por mais dados para saber o que aconteceu. Os economistas com que o ECO falou apontam para a volatilidade e sensibilidade deste indicador, a proibição dos saldos, efeitos da antecipação das medidas de contenção e a temperatura mais quente, com a redução dos consumos de energia (que é um dos dados utilizados pelo BdP neste indicador).
Até a meio do mês de dezembro, o indicador esteve sempre a registar variações homólogas positivas, refletindo a recuperação do PIB no segundo e terceiro trimestre de 2021. Os dados relativos ao quarto trimestre serão divulgados a 31 de janeiro pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e revelarão se o crescimento anual de 4,8% previsto pelo Governo — ou 4,6%, segundo o primeiro-ministro — e Banco de Portugal foi alcançado.
DEI continua a registar quedas face à média dos dois anos anteriores
Apesar de ter recuperado, o DEI continua a registar valores negativos na comparação com a média dos dois anos anteriores. Ou seja, a atividade económica terá continuado abaixo da média de janeiro de 2020 (pré-pandemia) e janeiro de 2021, o que sugere que o PIB continue abaixo do nível pré-Covid. Ainda assim, é de notar que o DEI apenas sobre parcialmente a atividade económica, sendo necessário esperar pelo PIB para tirar conclusões.
Este novo indicador divulgado pelo banco central incorpora diversas séries de informação, como o tráfego de pesados de mercadorias nas autoestradas, o tráfego de correio nos aeroportos nacionais ou as compras efetuadas com cartões bancários. O impacto da pandemia gerou uma maior necessidade de recurso a este tipo de indicadores económicos de divulgação mais frequente, como é o caso do DEI. Isto acontece porque um dos mais relevantes, o Produto Interno Bruto (PIB), é apenas apurado e divulgado trimestralmente. A próxima divulgação do DEI está marcada para 3 de fevereiro.
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