Brasil quer 40% de renováveis em 2030 e a Galp está de olho em investimentos no eólico e solar
Além da aposta no petróleo (onde ainda tem reservas para mais 50 anos) e no gás, a Galp quer ganhar mais terreno no gigantesco mercado brasileiro e investir na energia solar e eólica até 2030.
A caminho de Moscovo, onde vai acompanhar o presidente brasileiro Jair Bolsonaro num encontro com o homólogo russo Vladimir Putin já esta terça-feira, o ministro das Minas e Energia do Brasil, Bento Albuquerque, passou por Lisboa para mostrar às gigantes Galp e EDP as oportunidades de investimento no país na próxima década, sobretudo nas renováveis.
As mesmas oportunidades de investimento serão também apresentadas a Putin, no Kremlin. A única diferença é que o pitch em Moscovo será feito em plena ameaça de invasão da Ucrânia pela Rússia, devido à crise energética que se vive na Europa, com os preços do gás a bater os 88 euros por MWh e o barril de petróleo a aproximar-se dos 100 dólares.
“O Brasil é pela solução pacífica de controvérsias. Temos uma relação de muitos anos com a Rússia. Não está na agenda, mas o tema da Ucrânia poderá estar em cima da mesa”, disse Bento Albuquerque em resposta ao ECO/Capital Verde.
Até 2030, o gigante sul-americano quer ter 40% de energia solar e eólica no seu mix energético e promete oportunidades de investimento na energia na ordem dos 620 mil milhões de dólares de investimento direto para as empresas estrangeiras que queiram aproveitar, disse o ministro aos jornalistas numa conferência de imprensa.
Este é o caso da Galp, a terceira maior produtora de petróleo no Brasil, que já está no país há 20 anos, tendo começado agora também a apostar em força no gás natural, desde a liberalização do setor, que deixou de estar fechado apenas à Petrobrás, como aconteceu durante décadas.
Mas o grande interesse da Galp no Brasil, neste momento, é mesmo nas energias renováveis: solar e eólica, confirmou o CEO da petrolífera, na mesma conferência de imprensa. Neste momento, o Brasil conta já com 20% de renováveis no seu mix energético, mas quer duplicar esta percentagem até ao final da década.
“A Galp terá uma grande contribuição nesta evolução. Viemos a Lisboa apresentar o nosso plano energético a 10 e a 30 anos, o que traz uma maior previsibilidade para investimentos diretos de parceiros. Nos últimos três anos já realizámos cerca de 20 leilões de energia elétrica, nos quais a Galp já participou, e já agora a partir de março de 2022 vamos realizar mais 8 leilões de produção e distribuição de energia elétrica. O Brasil possui a matriz mais limpa e renovável”, disse o ministro.
E reforçou que a Galp será ator importante, tal como a EDP, empresa com a qual o enviado de Bolsonaro reunirá na tarde desta segunda-feira, para “tratar dos investimentos no sistema elétrico”.
Andy Brown confirma: “Queremos ter posição no mercado de gás, no solar e no eólico”.
A Galp tem na mira o desenvolvimento de cerca de 600 MW de renováveis até 2025 (para já duas centrais solares fotovoltaicas de larga escala: nos estados da Bahia, com 282 megawatts; e no Rio Grande do Norte, com 312 megawatts), que devem entrar em operação até 2025, outras oportunidades em vários locais do país, soluções híbridas (eólico e solar) e até hidrogénio verde.
“Não temos, hoje, planos firmes nesse sentido, mas é uma área que vamos considerar no seu devido tempo”, sublinhou o CEO da Galp.
Apesar da aposta mais “verde” nas renováveis , o petróleo não fica esquecido e é ainda um dos principais negócios da Galp no Brasil, estando mesmo previsto um aumento da produção, com novas unidades. “O Brasil é um país enorme em termos de recursos, por isso os nossos investimentos serão no aumento da nossa produção de petróleo”, disse Andy Brown.
Questionado face ao valor do barril do petróleo, que está quase nos 100 dólares, o CEO da Galp respondeu que a única coisa que podem fazer é aumentar a oferta ao mercado, lembrando que ainda têm reservas de petróleo para mais 50 anos.
Além do projeto do campo de petróleo em Bacalhau, que está em construção (1,5 mil milhões de euros), o plano de desenvolvimento da Galp prevê também “novas unidades de produção” no Brasil.
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