Galp já está a gerar “valor razoável” com venda de gás no Brasil, diz CEO
Em 2021 a Galp voltou aos lucros e está a investir no crescimento da produção de petróleo no Brasil (mais 25% até 2025) e entrou na venda de gás. O CEO diz que o negócio está a correr bem.
É uma das grandes surpresas do início de 2022: a entrada da Galp na comercialização de gás no mercado brasileiro, tendo em conta a liberalização do setor. “Estamos a comercializar o nosso próprio gás e a comercializar o gás de outras empresas também. Não posso ainda revelar valores, mas estamos a gerar um valor razoável a partir destes contratos de gás no Brasil”, revelou o CEO Andy Brown numa call com analistas, após a comunicação dos resultados de 2021 à CMVM.
Na mesma call, o CEO revelou que optou por não participar em mais leilões petrolíferos no Brasil, tendo em conta a “determinação da empresa em descarbonizar o seu portfólio”. Além da Península Ibérica, onde “abrandou um pouco o ritmo”, a Galp tem na mira o desenvolvimento de cerca de 600 MW de renováveis até 2025 do lado de lá do Atlântico.
“Era muito tentador, eram ativos muitos atrativos e não foi uma decisão fácil. Mas não era o momento de investir mais em petróleo”, disse Andy Brown, garantindo que 2021 foi um ano de “resultados robustos” apesar das “dificuldades operacionais”.
A Galp Energia registou um lucro de 457 milhões de euros em 2021, um regresso aos resultados positivos depois dos prejuízos de 42 milhões de euros registados em 2020. A empresa reviu as perspetivas para este ano e, assim, vai propor um dividendo de 52 cêntimos por ação aos acionistas.
Admitindo que a extração e produção de petróleo “dá dinheiro”, os lucros da Galp no ano passado aumentaram precisamente devido “ao enquadramento favorável em termos de preço do petróleo”. Foi aqui que a empresa mais investiu (66%), com as renováveis a captarem apenas 15% dos investimentos. A tendência deve manter-se até 2025, com cerca de 70% do investimento no setor do petróleo concentrado no crescimento da produção.
O petróleo é ainda um dos principais negócios da Galp no Brasil, estando mesmo previsto um aumento da produção, com novas unidades. “O Brasil é um país enorme em termos de recursos, por isso os nossos investimentos serão no aumento da nossa produção de petróleo”, disse Andy Brown.
Questionado face ao valor do barril do petróleo, que está quase nos 100 dólares, o CEO da Galp respondeu que a única coisa que podem fazer é aumentar a oferta ao mercado, lembrando que ainda têm reservas de petróleo para mais 50 anos.
Além do projeto do campo de petróleo em Bacalhau, que está em construção para avançar em 2025 (1,5 mil milhões de euros), o plano de desenvolvimento da Galp prevê também “novas unidades de produção” no Brasil.
Brown admite que os últimos anos no Brasil foram difíceis e que há que manter o ritmo, para colmatar a queda na produção: os trabalhos de manutenção em todas as unidades petrolíferas afetou a produção; e o campo de Iracema (em produção há 12 anos) teve um declínio de 3%.
“2022 será um ano muito melhor, mas ainda não terá volumes iguais a 2019. Será um ano de recuperação em termos de volumes. Mas até 2025 conseguiremos aumentar em 25% a nossa produção com a entrada em produção do projeto Bacalhau”, disse o CEO.
No ano passado a Galp produziu em média 127 mil barris de petróleo por dia, com uma margem de refinação de 3,3 dólares por barril (em 2022 poderá aumentar para 4 a 5 dólares por barris). Quanto à produção, a empresa prevê que se manterá “estável” até 2024.
Aposta nas renováveis do lado de cá e do lado de lá do Atlântico
Nas renováveis, e sobretudo na energia solar na Península Ibérica, Andy Brown admite um “abrandamento”, com um portfólio de 4,1 GW e mais 4,7 GW de capacidade em pipeline.
Aqui, o CEO sublinhou “a grande dificuldade em “obter licenças de construção e operação, o que leva a um maior atraso nos projetos”. A Galp quer chegar a 2030 com 12 GW de capacidade em operação.
“Temos um portfólio forte, que nos dá dá visibilidade”, disse, acrescentando: “Temos uma estratégia orgânica, mas continuamos a olhar para oportunidades inorgânicas. Galp está determinada a descarbonizar o seu portfólio”.
Para o Brasil, a Galp tem na mira o desenvolvimento de cerca de 600 MW de renováveis até 2025 (para já duas centrais solares fotovoltaicas de larga escala: nos estados da Bahia, com 282 megawatts; e no Rio Grande do Norte, com 312 megawatts), que devem entrar em operação até 2025, outras oportunidades em vários locais do país, soluções híbridas (eólico e solar) e até hidrogénio verde.
“Não temos, hoje, planos firmes nesse sentido, mas é uma área que vamos considerar no seu devido tempo”, sublinhou o CEO da Galp.
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